Caiado inelegível: o PL de Bolsonaro parece empenhado em reeleger Lula
Além de Caiado, veja-se o caso de Sergio Moro. O mesmo PL queria cassar o senador do Paraná. A ideia é manter Bolsonaro sem rivais à direita
atualizado
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A inelegibilidade de Ronaldo Caiado, que não esconde a intenção de ser candidato a presidente da República em 2026, nasceu de uma ação movida pelo candidato do PL que perdeu para o candidato do governador de Goiás, da União Brasil, na eleição para prefeito da capital do estado.
O motivo da decisão drástica de uma juíza do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás é que Ronaldo Caiado teria usado o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual, para promover eventos de campanha do seu candidato a prefeito. O seu crime seria de abuso de poder político. Curiosamente, ninguém pensou em tornar Lula inelegível por fazer propagada campanha antecipada para Guilherme Boulos, em São Paulo, na festa de 1º de maio.
A desproporcionalidade da condenação diz muito sobre os diferentes pesos e medidas dos quais a Justiça brasileira anda lançando mão para julgar políticos de direita e de esquerda. Dois erros não fazem um acerto, ninguém há de discordar, mas um acerto também está longe de compensar um erro.
A questão que mais chama a atenção, contudo, é o papel do PL nessa história. O partido de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro parece gostar de um tapetão para derrubar candidatos de direita que possam fazer algum tipo de sombra ao ex-presidente.
Além de Ronaldo Caiado, veja-se o caso de Sergio Moro. Aliado ao PT, o mesmo PL queria cassar o mandato do senador do Paraná por supostas fraudes na prestação das suas contas de campanha e por uso indevido de meios de comunicação. Para se livrar da acusação, Sergio Moro teve de percorrer o calvário judicial que agora se apresenta a Ronaldo Caiado.
Todo partido pode recorrer à Justiça para questionar resultados eleitorais, mas a impressão é que o PL faz uso político desse direito. Qual é a ideia? Reeleger Lula e manter o ex-presidente sem rivais à direita até que ele possa disputar uma eleição? Vamos lembrar, ainda, que Tarcísio de Freitas já foi escanteado no gogó.
PS: O médico Roberto Kalil, sempre muito pressuroso, simplesmente queria esconder que Lula passaria por novo procedimento cirúrgico na cabeça, não fosse o próprio Lula dizer que isso estava errado e mandar avisar a imprensa. O problema não é tanto o médico, mas é o presidente da República não ter uma Secom minimamente presente e competente para fazer o certo.