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Cadê a prova de que a turba de 8 de Janeiro obedecia a um comando?

Prenderam mais bolsonaristas, as circunstâncias que deram em 8 de janeiro são graves, mas falta a prova de que a turba obedecia a ordens

atualizado

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Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, condecorado -- Metrópoles
1 de 1 Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, condecorado -- Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

Prenderam hoje outros bolsonaristas, houve mais mandados de busca e apreensão e confiscaram o passaporte de Jair Bolsonaro. Mas cadê a prova de que houve ligação direta entre o 8 de Janeiro e a tal minuta de golpe, que ficou por isso mesmo e rendeu uma ameaça de voz de prisão ao então presidente?

Não estou menosprezando a minuta, apresentada a Jair Bolsonaro pelo então assessor da Presidência Filipe Martins, figura nefasta presa hoje. É um episódio grave em si mesmo (o dado curioso é que Jair Bolsonaro queria prender Alexandre de Moraes, mas não Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco, como estava previsto na minuta original).

Estou falando da ordem expressa para a turba invadir a Praça dos Três Poderes, seguida pela consecução do plano para que o dispositivo militar entrasse em ação e prendesse Lula, ministros do STF e chefes do Legislativo e pela formação de um governo provisório após a derruba do governo legítimo — todos esses elementos que fazem parte necessariamente de um golpe de Estado.

O que há são circunstâncias, como as contínuas manifestações de descrédito no processo eleitoral, que levaram um bando de aloprados a vandalizar as sedes vazias dos Poderes da República, com o propósito terrorista de intimidar autoridades constituídas e, na sua cabeça doentia, estimular militares a tentar um golpe. Mas essas circunstâncias, por mais escandalosas que sejam,  não são suficientes para atestar que havia um putsch em andamento.

Até onde foi nos dado ver, a delação de Mauro Cid não trouxe prova de que a turba do 8 de Janeiro obedecia a um comando direto de gente que liderava um golpe de Estado. Trouxe mais circunstâncias — sérias, mas circunstâncias. O que fica ainda mais claro é que as Forças Armadas nunca aderiram à tramoia, e sem Forças Armadas não existe golpe. Se a prova não apareceu até agora, ela surgirá algum dia? Vamos esperar.

O STF não parece muito interessado nesse aspecto que deveria ser central no devido processo legal. Nem os demais poderes, nem a imprensa. Os fatos, ora os fatos. O que são eles quando comparados a circunstâncias? Eu e as minhas minúcias.

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