Brics e Sul Global: o Brasil é só um fantoche da China
O multilateralismo é um eufemismo para antiamericanismo, a causa de inteligentes, como a China, para engabelar bobocas, como o Brasil
atualizado
Compartilhar notícia
Qual é a importância do Brasil na política internacional? A não ser para basbaques da imprensa nativa, nenhuma. Somos um fazendão com proprietários e capatazes muito toscos, dos quais Lula expressa a média geral de ignorância em praticamente tudo, assim como todos os outros que nos governaram, à exceção de FHC. O que esperar de gente que foge de museu, biblioteca e laboratório? Esperteza em alguns negócios, sim; projeto de país moderno e visão internacional clara, zero.
Seria salutar se reconhecêssemos a nossa insignificância e não levássemos a sério essas invenções saídas da cachola de economistas de bancos e de professores universitários. Uma invenção é o Brics; a outra é o Sul Global.
Dos Brics, os únicos países que realmente importam são a China e a Índia. O mesmo ocorre com o Sul Global. Sem as economias e o poderio militar de ambos, só resta a classe média baixa a que o Brasil pertence. A China já uma superpotência; a Índia não demorará a sê-lo. O Brics e o Sul Global são invenções que servem principalmente à China, com a Índia tirando a sua casquinha.
É ótimo para os chineses vender a ideia de que eles fazem parte de um grupo de nações com a aspiração de mudar a correlação de forças — estou soando marxista — em uma realidade que já não comportaria mais a hegemonia dos Estados Unidos, patati, patatá. Parece mais legítimo perseguir o seu objetivo desse modo, com o discurso do multilateralismo.
O multilateralismo é uma balela, um eufemismo para antiamericanismo, a não-causa de que os inteligentes lançam mão para engabelar os bobocas e fazê-los de fantoches. A China só está interessada nela própria, em expandir a sua influência em todos os continentes. Veja-se o encontro entre Xi Jiping e Joe Biden, que ocorreu nesta semana, em São Francisco. Eles decidiram retomar os contatos diretos entre os respectivos comandos militares, interrompidos desde a última crise em torno da independência de Taiwan, e amainar a guerra comercial entre os dois países responsáveis por cerca de 40% do PIB mundial. Estava ruim para ambos, mas em especial para a China.
Enquanto Lula acredita na historieta de que a China está prestes a desbancar o dólar como a moeda dominante nas trocas internacionais e de que os Estados Unidos experimentam declínio irreversível, a China corre atrás de investimentos americanos, que diminuíram drasticamente nos últimos anos. Dólares, portanto.
Xi Jinping precisa de dólares para readquirir o ritmo de crescimento pré-pandemia e, assim, interromper a grave crise no setor imobiliário, fundamental na economia chinesa, bem como gerar empregos para milhões de jovens qualificados que estão desocupados e sem perspectivas. Também precisa que os Estados Unidos voltem a exportar tecnologia de ponta, sem a qual a indústria da China perde competitividade.
As relações entre China e Estados Unidos serão sempre tensas, ora mais, ora menos, como é natural que aconteça entre duas superpotências. Mas, à diferença do que ocorria com os russos, que nunca tiveram uma grande economia, emparedados pelo socialismo e pela sua incompetência atávica, há vários interesses mútuos em jogo nas relações comerciais e financeiras de Pequim e Washington. Quando visitei a China, já faz 15 anos, impressionou-me o grau de interdependência com os Estados Unidos.
De lá para cá, essa interdependência aumentou exponencialmente. Em 2022, o comércio bilateral de chineses e americanos, mesmo abalado pelas relações diplomáticas difíceis e por um contexto pós-Covid complicado, chegou a US$ 760 bilhões de dólares. Para se ter ideia, as exportações e importações entre China e Brasil atingiram US$ 150,5 bilhões no período. E mais: quase 80% do que as empresas americanas instaladas na China produzem é destinado ao mercado interno chinês. Fala-se muito de como o PIB chinês vai superar o americano em breve, mas isso é graças também àquela força bem lucrativa que os Estados Unidos estão dando.
Ninguém em Washington ignora como Pequim utiliza espertamente o Brics e o Sul Global para firmar-se como o outro protagonista em uma ordem bipolar, não multilateral. A frase dita por Xi Jiping a Joe Biden não poderia ser mais reveladora: “O mundo é grande o suficiente para que ambos os nossos países tenham sucesso”. O fazendão de Lula e assemelhados não tem importância na política internacional, e poderia deixar de fazer papel de fantoche de chinês nas relações internacionais.