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Boulos e a contrafação paraguaia do Hino Nacional: assim não dá, PSol

Tudo fica mais difícil para o candidato Guilherme Boulos, porque o PSol insiste em ser sincero e coerente em campanha eleitoral

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Imagem colorida de Guilherme Boulos, homem branco, de cabelo e barba aparada castanha, gesticulando com as mãos - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Guilherme Boulos, homem branco, de cabelo e barba aparada castanha, gesticulando com as mãos - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

É duro ser Guilherme Boulos: mais do que os outros candidatos a prefeito de São Paulo, que têm de fingir apenas que são honestos e competentes, ele tem de esconder que não é da esquerda radical, que não é tão adepto assim das pautas identitárias e que se preocupa com as dificuldades da classe média, aquela que ostenta demais, segundo o padrinho de Guilherme Boulos, o presidente Lula.

Tudo fica mais difícil porque o partido do candidato, o aguerrido PSol, cuja bancada federal se especializou em recorrer ao STF para reverter votações desfavoráveis no tapetão, insiste em ser sincero e coerente com a sua ideologia, qualidades exteriores a suas necessidades eleitorais.

Veja-se o caso do Hino Nacional tocado em um comício de Guilherme Boulos, com a presença de Lula, no sábado passado. A música foi executada convencionalmente e a letra, trucidada na cantoria da intérprete Yurunguai. 

A artista usou a linguagem neutra, essa minhoca saída da cachola woke, para mudar a letra do hino, o que teoricamente é proibido por lei. Na última estrofe, ela cantou “des filhes deste solo és mãe gentil” e “verás que um filhe teu não foge à luta”. Quando ouço “filhe”, eu sempre me pergunto como essa gente usa o xingamento.

A coisa ia passando despercebida, mas existem redes sociais para fazer o trabalho da imprensa e a contrafação  paraguaia de Yurunguai virou escândalo, com os adversários vituperando contra a vogal “o” banida consoante o novo desacordo linguístico.

Diante da gritaria, a campanha de Guilherme Boulos apagou o vídeo da internet e divulgou uma nota em que diz que o candidato não teve nada a ver com o hino geneticamente modificado.

“A produtora, organizadora do evento, foi responsável pela contratação de todos os profissionais que trabalharam para a realização da atividade, incluindo a seleção e o convite à intérprete que cantou o Hino Nacional”, afirmou o pessoal de Guilherme Boulos, apontado o dedo para quem recebeu a bufunfa do fundo eleitoral.

Hum. É de se duvidar que ninguém na campanha do candidato tivesse conhecimento da versão paraguaia de Yurunguai. Afinal de contas, ela se casa na sua imperfeição com a cartilha desmiolada dos militantes do PSol.

Eles precisam entender que uma das diferenças entre a esquerda e a direita é que, em campanha eleitoral, a primeira sempre tenta dissimular o que realmente pensa e a segunda nunca procura camuflar as suas crenças ideológicas. O sucesso de cada uma depende dos humores dos cidadãos em relação ao seu contexto.

O hino geneticamente modificado me espanta menos pelo sacrilégio institucional — há outros piores em curso, garanto — do que pelo amadorismo em abrir um flanco como este ao seus adversários. Assim não dá, como é possível acreditar em um candidato que falha ao esconder, fingir e mentir com profissionalismo? Guilherme Boulos precisa dar uma chamada no Psol.

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