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Bolsonaro assusta o PT, que já começa a falar em abuso de poder

Se o presidente vencer, deverá ser acusado de cometer a mesma ilegalidade de Dilma, cuja chapa não foi cassada por excesso de provas

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A pesquisa Datafolha divulgada ontem dá que a vantagem de Lula sobre Jair Bolsonaro nas intenções de voto seria de apenas quatro pontos. Em relação à última pesquisa da empresa, o petista oscilou dentro da margem de erro para baixo e o atual presidente, para cima. Como a empresa Datafolha, da mesma forma que concorrentes no seu ramo de negócios, errou retumbantemente no primeiro turno em relação a Jair Bolsonaro, é possível que o inquilino do Palácio do Planalto esteja até na frente. De qualquer forma, a disputa, como era previsível para quem ainda tem princípio de realidade, será apertada.

A máquina de comprar votos com dinheiro público, sempre utilizada por quem está no poder e lá quer permanecer por um mandato seguido, nunca esteve tão azeitada. Não deixa de ser cômico que os petistas estejam denunciando o uso eleitoral do Auxílio Brasil, de recursos do orçamento secreto e da decisão do governo de permitir que cidadãos que vivem do assistencialismo possam endividar-se via crédito consignado. Jair Bolsonaro e o seu Centrão elevaram ao estado de arte o que Lula e o seu Centrão já praticavam de maneira despudorada.

A compra de votos é um fator de atração de votos para Jair Bolsonaro, mas há outros que contribuem para que o atual presidente assuste o PT. O candidato à reeleição continua a avançar entre os evangélicos, o Sudeste permanece um bastião do bolsonarismo, com Romeu Zema atuando fortemente em Minas Gerais e, por último, mas talvez não menos importante, a censura do TSE a veículos de comunicação pode estar impelindo eleitores indecisos a votar em Jair Bolsonaro. Na sua refrega com ministros de tribunais superiores, o inquilino do Palácio do Planalto sempre ganhou pontos de popularidade ao defender a liberdade de expressão — e os perdeu ao sugerir o fechamento do STF, um evidente golpe contra a democracia.

Depois de censurar veículos de comunicação, acusados de fazer propaganda em favor de Jair Bolsonaro contra Lula, o TSE  concedeu uma quantidade de direitos de resposta ao petista que deve fazer com que o seu oponente perca quase metade das inserções de propaganda eleitoral a que tem direito, faltando pouco mais de uma semana para a realização do segundo turno. O tribunal entendeu que Lula não pode ser chamado de “ladrão” e “corrupto”, porque isso feriria a sua presunção de inocência. Sem entrar no mérito da decisão, que será objeto de recurso, o fato é que ela pode ajudar o petista de um lado, com mais exposição, e atrapalhar de outro, porque tende a fortalecer a percepção de que o TSE estaria sendo parcial. Também não ajuda o fato de a Corte ter-se arrogado poderes extraordinários para retirar do ar tudo o que julgar ser fake news.

Enganam-se aqueles que acham que, passado o segundo turno, a paz política voltará a reinar no Brasil. Não haverá golpe como imaginam, com militares colocando tanques nas ruas para anular o resultado se Lula for eleito, mas não vai pintar um clima bom, para usar a expressão em voga. Os bolsonaristas, caso percam, usarão das decisões do TSE contra a campanha do seu ídolo, para afirmar desvairadamente que as eleições não foram limpas,  já visando a 2026. Os petistas também não devem facilitar. Neste momento, diante da possibilidade de perder, eles já começam a circular que, se Jair Bolsonaro, vencer, será acusado de abuso de poder político e econômico. Depois que a chapa Dilma/Temer não foi cassada por excesso de provas da mesma ilegalidade, naquele famoso julgamento de 2017, é de se perguntar se o TSE comandado por Alexandre de Moraes, nêmesis de quem os bolsonaristas querem o impeachment, o faria em relação à chapa Bolsonaro/Braga Netto. Creio que se evitará esse passo. Aí, sim, as consequências seriam imprevisíveis.

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