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Bloqueio do Twitter: o nacionalismo da esquerda é o último refúgio

O bloqueio do Twitter fez a esquerda vibrar, dizendo que o Brasil não é “terra sem lei”. Ela homenageia mais uma vez Samuel Johnson

atualizado

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Símbolo do Twitter com celular em primeiro plano, mostrando o perfil de Elon Musk -- Metrópoles
1 de 1 Símbolo do Twitter com celular em primeiro plano, mostrando o perfil de Elon Musk -- Metrópoles - Foto: Yui Mok/PA Images via Getty Images

O Twitter continua bloqueado pela Justiça brasileira, e ao que tudo indica permanecerá fora do ar até depois das eleições municipais, pelo menos, mesmo que Elon Musk beije os pés de Alexandre de Moraes. É para, você sabe, defender a democracia.

Os apoiadores do bloqueio, todos da esquerda que ama a humanidade desde que a humanidade seja composta por ovelhinhas, enchem a boca para dizer que foi um “ato de soberania” da Justiça brasileira frente ao dono do Twitter, o americano Elon Musk, que achava que o Brasil era “a casa da Mãe Joana”, uma “terra sem lei”. Quando os ouço ou os leio, um sorriso de candura se abre no meu rosto, porque imagino essa gente usando VPN para acessar o Twitter escondido.

Seja à esquerda ou à direita, o Brasil sempre homenageia o ensaísta inglês Samuel Johnson, autor da frase que volta e meia utilizam como muleta: “O patriotismo é o último refúgio do canalha”.

Não é que Samuel Johnson achasse que o patriotismo era uma estupidez em si. Com a frase famosa, ele quis mostrar como demonstrações de amor à pátria, de nacionalismo, podem ser falsas como exorcismo de pastor evangélico. Um forma de manipular um sentimento nobre para encobrir interesses ignóbeis.

Muito bem, agora o mundo inteiro sabe que o Brasil não é uma “terra sem lei”. Sabe também que o Brasil é uma terra sem a liberdade de expressão que está prevista na sua própria Constituição. Ah, mas a imprensa internacional apoiou. Senhores, o que esqueceram de lhes dizer é que a imprensa internacional que apoiou é toda de esquerda e nutre por Elon Musk o mesmo amor que ele nutre por ela.

Ao impedir 22 milhões de brasileiros de entrar no Twitter, inclusive com a proibição de lançar mão de VPN, a Justiça brasileira, ou mais precisamente o STF, ganhou a fama planetária de liberticida entre a imensa massa que não lê jornais de esquerda e acompanha a história pelo próprio X e outras redes sociais. Sei que os ministros estão pouco se lixando para o que pensam deles no exterior ou até em território nacional, mas as consequências para o país não são boas.

Um país em que uma rede social como o Twitter pode ser tirada do ar com uma canetada desproporcional, punindo milhões de cidadãos inocentes com uma mordaça, não pode ser considerado um país muito afeito à democracia. 

Um país no qual a mesma caneta pode bloquear as contas bancárias da Starlink, desconsiderando as pessoas jurídicas diferentes com a mesma facilidade com que se maneja controle remoto, é um país pouco confiável para investimentos. 

O americano Brendan Carr, que integra a Federal Communications Commission (FCC) dos Estados Unidos e é reconhecidamente um grande defensor da liberdade de expressão, criticou a decisão de suspender o Twitter.

Depois de ler a decisão publicada na sexta-feira, ele disse que “Moraes deixa claro que está tentando desferir um golpe mais amplo contra a liberdade de expressão e em favor de controles autoritários” e que a “censura tem natureza política e ideológica e está expressamente proibida pela Constituição brasileira”. 

Brendan Carr disse também que, ao contrário do que pensa o ministro, “liberdade de expressão é o controle da democracia no excesso de controle governamental. Censura é o sonho dos autoritários”. Afirma ainda que , no Brasil, segue-se “o roteiro requentado de rotular discurso político que vai contra sua própria ortodoxia de desinformação”.

O que esse outro gringo está pensando? Que o Brasil é a casa da Mãe Joana? Que é um terra sem lei?

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