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Apagão em São Paulo: a fauna política chafurda no pântano eleitoreiro

Eles não se importam com o que o cidadão passou com o apagão em São Paulo. O que só interessa é saber quantos votos ganharão ou perderão

atualizado

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Divulgação Ricardo Nunes; Leandro Paiva/ @leandropaivac
Ricardo Nunes e Guilherme Boulos -- Metrópoles
1 de 1 Ricardo Nunes e Guilherme Boulos -- Metrópoles - Foto: Divulgação Ricardo Nunes; Leandro Paiva/ @leandropaivac

No pântano da exploração político-eleitoreira do apagão em São Paulo, chafurdam o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o prefeito Ricardo Nunes, que busca a reeleição com apoio do governador Tarcísio de Freitas, e o candidato Guilherme Boulos.

Alexandre Silveira, que estava no convescote de Suas Excelências em Roma para “discutir o Brasil”, não mencionou lá o apagão do ano passado, em relação ao qual não tomou nenhuma providência concreta contra a distribuidora italiana de energia Enel. Mais: tratou como se fosse a coisa mais normal do mundo a renovação do contrato de concessão da empresa, assunto que é da esfera federal.

Só depois do novo apagão, ele voltou a apontar o dedo para a negligência da Enel, ameaçando a distribuidora de energia com a caducidade do contrato, e a culpar a Aneel pela falta de fiscalização, dizendo que a Agência Nacional de Energia Elétrica está nas mãos de gente nomeada pelo governo anterior. Alexandre Silveira fez reunião, deu ultimato, disse que o assunto não vai morrer, não, desta vez, e Lula colocou a CGU no meio para investigar.

O ministro aproveitou para contra-atacar Ricardo Nunes, atribuindo-lhe metade da responsabilidade pelo apagão ainda em curso.

A prefeitura de São Paulo não teria cumprido a sua parte ao descuidar da poda e da retirada de árvores que são um risco para a fiação da cidade — trabalho que não pode ser realizado pela Enel.

“Mais de 50% dos eventos foram causados por árvores caindo. Nós estamos levando esse ponto para uma discussão no governo federal. Municípios que não cumprem com sua responsabilidade têm que dar pelo menos a liberdade ao setor de distribuição para cuidar”, disse Alexandre Silveira, que também afirmou que o prefeito havia aprendido a divulgar fake news com Pablo Marçal.

O contra-ataque foi porque Ricardo Nunes havia postado um vídeo no qual acusava o ministro de já estar negociando a renovação dos contratos da Enel. “O ministro de Minas e Energia quer que a Enel continue em São Paulo. Poucas horas antes de uma forte chuva atingir São Paulo, Alexandre Silveira estava com o presidente da Enel em evento na Itália, ajustando a renovação dos contratos da Enel no Brasil”, diz o vídeo.

Ricardo Nunes tentou, com a ilação, combater o que Guilherme Boulos e os seus acólitos divulgam nas redes sociais: que o apagão em São Paulo é de prefeito, como se Ricardo Nunes fosse o principal culpado pela falta de energia elétrica dos milhões de paulistanos. Já que se abriu uma janela de oportunidades contra o adversário do candidato de Lula, o governo federal resolver empilhar pedidos de explicações a Ricardo Nunes.

Ao fim e ao cabo, o ministro e o prefeito tentaram eximir-se das suas respectivas atribuições, cancelando a parte que lhes cabe no desastre elétrico que deixou São Paulo na escuridão e ressaltando o que o outro não fez para evitá-lo. Naturalmente, Guilherme Boulos fez coro a Alexandre Silveira, enquanto o governador Tarcísio de Freitas se juntou a Ricardo Nunes.

O importante a registrar é que, na realidade, as agruras dos cidadãos com o apagão não despertou a devida indignação nesses benfeitores da humanidade. O que só lhes interessa é saber quantos votos cada lado ganhará ou deixará de perder, seja na eleição que acontecerá daqui a duas semanas, seja na que ocorrerá daqui a dois anos. Tenha presente que somos apenas o alimento da fauna que chafurda no pântano da exploração político-eleitoreira.

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