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Ao mercado, com afeto: esqueçam a autonomia do Banco Central

Depois da saída de Campos Neto, não existirá Banco Central autônomo, assim como não existe mais Petrobras imune a decisões políticas

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles; IGO ESTRELA/METRÓPOLES
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Lula, em fotomontagem -- Metrópoles
1 de 1 O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Lula, em fotomontagem -- Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles; IGO ESTRELA/METRÓPOLES

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, protocolou uma ação popular na Justiça do Distrito Federal contra Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

Na ação, Gleisi Hoffmann pede que Roberto Campos Neto “se abstenha de fazer novos pronunciamentos de natureza político-partidárias”, e que se obrigue à “total abstenção de realização de pronunciamentos que denotem possível interferência na independência e imparcialidade impostas ao presidente do Banco Central”.

Ela também deverá fazer uma live hoje, depois da divulgação da decisão do Copom, com o presidente do IBGE, Marcio Pochmann. 

“Ele está politizando demais o Banco Central. Nós vamos para cima”, disse Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do partido aos jornalistas Eduardo Gayer e Augusto Tenório.

Com a ajuda da imprensa amiga, que ajudou a lançar uma cortina de suspeição sobre Roberto Campos Neto, apenas porque ele aceitou participar de um jantar oferecido pelo governador Tarcísio de Freitas em sua homenagem, o PT faz pressão para criar um clima insuportável para o presidente do Banco Central e, assim, antecipar a sua saída do cargo, prevista para ocorrer em dezembro.

Para quê? Para Lula colocar no lugar dele um pau mandado que vai baixar a taxa de juros na marra. “Na hora que eu tiver que escolher o presidente do Banco Central, vai ser uma pessoa madura, calejada, responsável, alguém que tenha respeito pelo cargo que exerce e alguém que não se submeta a pressões de mercado, e que faça aquilo que for de interesse de 213 milhões de brasileiros”, disse o presidente da República.

Como essa é a descrição de Roberto Campos Neto, não se deve tomar a fala de Lula pelo valor de face, mas pelo seu contrário. Ou seja, quem vai politizar o Banco Central é o presidente da República.

Ao mercado, com afeto: a politização do Banco Central, eufemismo para uma intervenção branca, será um dado de realidade com a qual os investidores terão de conviver, não se sabe a que preço. Quando Roberto Campos Neto sair, seja agora ou no prazo certo, a verdadeira autoridade monetária estará instalada no Palácio do Planalto.

Na prática, não existirá Banco Central autônomo, assim como não existe mais Petrobras imune a decisões políticas. Onde houver a mão peluda do governo, Lula dará as cartas, obedecendo apenas às suas próprias conveniências políticas.

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