André Janones: o janonismo cultural é de rachar
André Janones, que usou o método bolsonarista para eleger Lula, tinha a mesma prática bolsonarista de desviar dinheiro público
atualizado
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O deputado mineiro André Janones, do Avante, adepto da prática de rachadinha, como revelado pelo jornalista Paulo Cappelli, foi abraçado pelo PT desde que desistiu da sua pré-candidatura à presidência da República, em 2022, para aderir à campanha de Lula.
Imbuído da missão eleitoral, o deputado empunhou a mesma arma dos adversários bolsonaristas: a difusão de porcarias e fake news nas redes sociais. Para espalhá-las, usou as suas próprias contas, que têm vários milhões de seguidores.
Os petistas deliraram com as postagens contra Jair Bolsonaro feitas por André Janones. Justificaram dizendo que veneno se combate com veneno, o que mostra mais uma vez que o metro moral do partido serve apenas para medir os oponentes. O deputado mineiro ganhou até o apelido carinhoso de “Carluxo do Lula”.
Campanha vitoriosa, André Janones participou da equipe de transição do presidente eleito no grupo encarregado de formular a política de Comunicação Social do novo governo. Não ganhou cargo, mas disse que iria pleitear junto a Lula mais espaço na Câmara. Queria presidir a Comissão de Constituição e Justiça, veja só.
Há poucos dias, o deputado mineiro lançou o livro Janonismo Cultural: O uso das redes sociais e a batalha pela democracia no Brasil”, elevando muito modestamente o seu método de comunicação social ao nível de tendência, de escola, de movimento quem sabe até artístico.
No livro, André Janones não tem vergonha de relatar os seus métodos. Pensando bem, por que teria? A vergonha, que já estava em falta fazia tempo no país, foi abolida por completo do Brasil, ao lado do seu gêmeo, o conceito de escândalo.
A rachadinha de André Janones recuperará, ainda que fugazmente, o conceito de escândalo no país? Se depender de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, não. Ela foi ao ex-Twitter para afirmar que a rachadinha do deputado federal — documentada em áudio — é coisa da “extrema direita”, que “não perdoa André Janones por sua atuação política”. Gleisi Hoffmann também externou “solidariedade” ao “companheiro”. A lealdade é, sem dúvida, o maior atributo da presidente do PT.
Há uma ironia no enredo. André Janones, que usou o método bolsonarista para eleger Lula, tinha a mesma prática bolsonarista de desviar dinheiro público. É ironia, mas não é coincidência. O janonismo cultural é de rachar.