A Vai-Vai deveria contextualizar o PCC no desfile do ano que vem
A Vai-Vai disse que a intenção da ala dos policiais demônios era contextualizar a atuação policial nos anos 1990. Que faça o mesmo com o PCC
atualizado
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A escola de samba paulistana Vai-Vai é suspeita de ter elo com o PCC. Um ex-presidente da agremiação, conhecido como Beto da Bela Vista, é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por lavagem de dinheiro para a facção criminosa.
A polícia também afirma que o ex-presidente da Vai-Vai expulsou integrantes da escola de samba pelo fato de eles serem policiais. Beto da Bela Vista, segundo os investigadores, teria ligação com André do Rap, o criminoso que está foragido depois de ter obtido habeas corpus do então ministro Marco Aurélio Mello.
A notícia de dezembro passado voltou a circular depois do desfile da Vai-Vai deste ano. A pretexto de homenagear os 40 anos do hip-hop no Brasil, tema do enredo, a escola desfilou com uma ala intitulada “Sobrevivendo no Inferno”. O nome é o mesmo do disco de um grupo chamado Racionais MC, muito famoso entre adeptos do gênero musical.
Os integrantes da ala estavam fantasiados de demônios com capacetes nos quais estava escrita a palavra “Choque”, uma referência à Tropa de Choque da Polícia Militar.
Os delegados de polícia e deputados do PL ficaram enfurecidos com a ala e expressaram publicamente a sua indignação com a demonização (literal, eu diria) das forças de seguranças. Os parlamentares querem que a prefeitura de São Paulo pare de financiar a Vai-Vai e apontaram a sua possível ligação com o PCC.
A Vai-Vai respondeu que a intenção não era ofender, mas apenas lembrar o contexto da população de periferia em relação à segurança pública e à atuação policial durante os anos 1990.
Eu não sei se a Vai-Vai tem elo com o PCC e, por isso, aproveitou a oportunidade para escarnecer a polícia. Se tiver, não será a primeira escola de samba a ter conexões com o crime. Nem a última. Na geléia geral brasileira, está dado que a bandidagem comanda o espetáculo de brilhos, bundas e crítica social.
O que eu sei é que tomar a parte podre da polícia, e a Tropa de Choque não é podre, pelo todo da corporação é outra desonestidade ideológica da esquerda muito do agrado dos criminosos. O que eu sei é que a maior parte dos policiais é proveniente das classes econômicas mais baixas, ganha mal e vive sob constante ameaça.
Para dirimir dúvidas e reencontrar o equilíbrio, proponho que, no desfile do ano que vem, a Vai-Vai saia com um enredo que coloque no Sambódromo uma ala que contextualize os crimes cometidos pelo PCC, neste século, contra pobres, pretos e policiais. A esquerda vai aplaudir, tenho certeza.