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A reação de Israel foi inaceitável? Só para quem desconhece Newton

Ao criticar o que Israel fez com o embaixador brasileiro, jornalistas ignoram que a terceira lei de Newton vale também para a diplomacia

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Imagem colorida mostra trecho de vídeo divulgado pelo Hamas da libertação de reféns do Hamas - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra trecho de vídeo divulgado pelo Hamas da libertação de reféns do Hamas - Metrópoles - Foto: Reprodução

O presidente do Brasil, em entrevista coletiva que contou com a presença da imprensa internacional, comparou Israel a Hitler — Hitler! — e acusou, falsamente, os israelenses de cometerem o mesmo tipo de genocídio do qual os seus antepassados foram vítimas, uma das mais manjadas e cabais demonstrações de antissemitismo, porque banaliza o horror dos campos de extermínio nazistas e iguala os judeus a seus carrascos.

Israel reage e convoca o embaixador do Brasil para uma repreensão diplomática. A escolha do local, o Museu do Holocausto, em Jerusalém, e da resposta, com a comunicação pública de que Lula é persona non grata em solo israelense, foi inusual,  à altura da agressão inusual sofrida por Israel, pelos cidadãos israelenses, inclusive os árabes israelenses, e por todos os judeus do mundo. Genocídio é crime contra a humanidade da qual eles fazem parte, acreditem, antissemitas. Mas jornalistas brasileiros dizem que “o constrangimento ao que embaixador brasileiro foi submetido em Israel é inaceitável”.

A gradação nacional do que é ou não inaceitável não tem a menor lógica. Explico: a terceira lei de Newton, segundo a qual a toda ação corresponde uma reação na mesma intensidade, em sentido oposto, vale também na diplomacia entre países.

Os jornalistas brasileiros, com as exceções de praxe, como Lourival Sant’Anna, não fazem a menor ideia do que sejam relações internacionais e contexto mundial. Natural: o Brasil não está no planeta Terra, embora contribua para destruí-lo, desmatando a Amazônia.

Uma jornalista que criticou a reação de Israel escreveu a seguinte barbaridade: “O Brasil errou ao falar o que falou na Etiópia. Principalmente porque uma fala assim (“ isso aconteceu quando Hitler decidiu matar os judeus”) só pode ser dita se o Brasil soubesse o que fazer em seguida. Improvisada como foi, e tocando de maneira descuidada em tema sensível, o governo brasileiro passou a gastar tempo para tentar explicar a fala de Lula.”

Veja, você, não foi Lula que falou, foi o “Brasil”. Uma ova. E ela não acha a comparação de Lula absurda em si. A comparação “improvisada, tocando de maneira descuidada em tema sensível” — sim, ela escreveu assim! — poderia ser feita, segundo a brava jornalista (se é que ela conseguiu mesmo expressar o que pensa por meio da linguagem escrita), desde que o Brasil soubesse o que fazer depois. Francamente.

Após uma frase dessas, a única coisa a fazer seria enviar tropas para combater ao lado do Hamas,  bombardear Tel Aviv, derrotar o inimigo, ocupar o seu território, revelar os fornos crematórios onde os corpos de milhões de palestinos foram queimados, promover, quem sabe, um programa de “desjuificação” de Israel, antes de desocupá-lo, e montar um tribunal em Jerusalém para julgar integrantes do governo israelense por crimes de guerra.

O Brasil é um país localizado no mundo ao inverso, no qual a história é contada ao contrário, com dados de baixas fornecidos pelo Hamas, que não contabiliza nenhum combatente entre os mortos pelo exército israelense, esse incompetente, e onde as leis de Newton não valem. Aliás, lei nenhuma vale realmente por aqui. Só para os adversários, um clássico tropical.

PS: Lula, agora, diz que a sua comparação entre Israel e Hitler foi de caso pensado, não um improviso, para aumentar a pressão internacional sobre Israel para que aceite um cessar-fogo. É o oposto do que dizem os seus defensores, o que torna tudo ainda mais ridículo. Lula é um pândego.

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