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A nota que critica a Venezuela é exemplo do se colar, colou de Lula

A brecha para a nota do Itamaraty não surgiu de convicções democráticas subitamente adquiridas por Lula e pelo PT. As pesquisas explicam

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Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula e Nicolás Maduro, ditador da Venezuela -- Metrópoles
1 de 1 Presidente Lula e Nicolás Maduro, ditador da Venezuela -- Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governo Lula é o governo do se colar, colou. Veja-se a nota do Itamaraty, divulgada ontem, que critica a proibição do registro da candidatura de Corina Yoris, de oposição, na eleição presidencial venezuelana — essa farsa montada para o ditador Nicolás Maduro permanecer no poder com uma aura de legitimidade.

Corina Yoris havia sido escolhida por seu partido, Plataforma Unitária, para substituir María Corina Machado, também considerada inelegível pela Justiça Eleitoral de Nicolás Maduro. Seria um nome capaz de fazer sombra à vitória anunciada do ditador. Mas, como ele só quer concorrer contra fantoches ou gente eleitoralmente fraquinha, a ordem foi para que a segunda Corina também não pudesse se candidatar.

Diante das arbitrariedades que vêm sendo cometidas por Nicolás Maduro, a nota do Itamaraty é bronca de psicóloga construtivista a delinquente juvenil. Diz a nota:

“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país.

Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.

Onze candidatos ligados a correntes de oposição lograram o registro. Entre eles, inclui-se o atual governador de Zulia, também integrante da Plataforma Unitária.

O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil.

O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo.”

É vergonhoso: dos cinco parágrafos do texto do Itamaraty, três são para legitimar o regime ditatorial da Venezuela e a fraude que será perpetrada em 28 de julho.

Compreende-se até certo ponto. Foi a nota possível para mostrar que nem todos os diplomatas do Itamaraty são coniventes com o apoio de Lula e do PT a ditaduras. Que ainda se respira por aparelhos sob o tacão de Celso Amorim e companhia.

A brecha para a nota do Itamaraty não surgiu de convicções democráticas subitamente adquiridas pelo governo petista. Surgiu por causa das pesquisas que mostram que o presidente perdeu popularidade também em razão da sua política exterior. 

Senadores e deputados estão igualmente insatisfeitos com o papelão que Lula vem fazendo internacionalmente. De acordo com a CNN Brasil, em relação ao conflito em Gaza envolvendo Israel, por exemplo, 76% dos senadores e 69% dos deputados federais avaliam como ruim ou péssima as posições adotadas pelo governo.

Um crítica ao regime venezuelano, mas no mucho, veio a calhar, assim como a resposta do vizinho, que afirmou que a nota parece ter sido “ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”, mas que elogia Lula por condenar o bloqueio criminal e as sanções que foram impostas pelos EUA”.

O companheiro Maduro deve ter entendido as dificuldades internas do aliado Lula e topado levar a bronca de psicóloga construtivista, ajudando até com uma resposta aparentemente zangada. Se colar, colou.

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