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A nota do governo Lula sobre o ataque do Irã a Israel é pusilânime

A nota do governo Lula não condena o regime iraniano. É como se Israel tivesse comprado pela Amazon o lançamento de drones e mísseis

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Presidente Lula e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais Celso Amorim -- Metrópoles
1 de 1 Presidente Lula e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais Celso Amorim -- Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A nota do governo brasileiro — do governo Lula — sobre o ataque do Irã a Israel seria de uma pusilanimidade histórica, tivesse o Brasil um papel relevante na história. Como não tem, sobra apenas o aspecto pusilânime. Explico o contexto.

Desde a instalação do regime teocrático dos aiatolás, em 1979, o Irã tornou-se um estado terrorista, cujo objetivo declarado é destruir Israel — e, depois, estender os seus tentáculos sobre a Arábia Saudita, que abriga os lugares mais santos do islamismo e é aliada militar dos Estados Unidos, o “Grande Satã”. 

Para concretizar o seu projeto criminoso, Teerã move há décadas uma guerra por procuração contra Israel, via o Hezbollah libanês, o Hamas palestino e, mais recentemente, os Houthis iemenitas.

A estratégia do regime iraniano é financiar, armar e treinar os facínoras das três organizações. Eles se prestam a tudo. Um exemplo ululante é o ataque de caráter genocida perpetrado pelo Hamas contra Israel, em 7 de outubro do ano passado.

Para além da ferocidade antissemita, ele teve um alvo político: a interrupção das negociações entre israelenses e sauditas para o restabelecimento de relações diplomáticas.

Como era previsível, a reação de Israel em Gaza, com a inevitável morte de milhares de civis usados como escudos humanos pelo Hamas, constrangeu Riad a continuar as conversações com Tel Aviv.

Tal é a moldura dentro da qual se deve entender o bombardeio à embaixada do Irã na Síria, atribuído a Israel, que matou um dos chefões da Guarda Revolucionária, Mohamed Reza Zahadi. É por meio desse braço armado ideológico que o regime iraniano dá assistência aos terroristas que lhe prestam serviços.

Desmoralizado externa e internamente pelo bombardeio atribuído a Israel, o Irã se viu obrigado a sair do armário da guerra por procuração e atacar diretamente o inimigo pela primeira vez, lançando centenas de drones e mísseis contra o seu território. A farsa do regime terrorista se desfez.

Ignore-se a cortina de fumaça da propaganda iraniana, que conta com ativos colaboradores na imprensa internacional e nativa, e se afirme: o que era para ser uma demonstração de força foi uma manifestação de fraqueza.

Quase a totalidade dos projéteis disparados foram destruídos por Israel e os seus aliados americanos, britânicos e franceses. A Jordânia, que teve o seu espaço aéreo invadido pelos drones e mísseis iranianos, também se encarregou de interceptar um bom número deles.

Para neutralizar o inimigo, a Força Aérea israelense usou os seus  F-35, entre outros recursos de defesa antiaérea. Em minha visita a Israel, tive a oportunidade de ser apresentado a um desses caças que pouquíssimos países do mundo têm no seu arsenal. Foi na base aérea de Nahal Oz, no deserto de Neguev. Senhoras e senhores, garanto a vocês que os drones do Irã são brinquedos comprados em camelô perto de um F-35.

Diante da superioridade bélica do inimigo, o Irã agora reza para que não haja uma reação israelense. É bom mesmo pedir a intercessão de Alá. Israel tem a capacidade de reduzir Teerã a escombros, sem que precise lançar mão das suas ogivas nucleares.

Volto à nota pusilânime do governo brasileiro — do governo Lula — sobre o ataque do Irã a território israelense. Ao contrário do que fizeram as grandes democracias ocidentais, não houve condenação ao regime iraniano.

Na verdade, não houve nem mesmo o lançamento de drones e mísseis contra civis. Houve “relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel”. É como se os israelenses tivessem comprado pela Amazon a expedição de armas mortíferas pelo Irã contra os seus próprios cidadãos.

A pusilanimidade (e o seu irmão dileto, o cinismo) não acaba por aí. Para o governo brasileiro — o governo Lula — , toda essa história que contei acima não existe. A responsabilidade toda é de Israel, visto que, como diz a nota, “desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã”.

A nota está bem de acordo com o pensamento (ou a falta dele) de Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais de Lula. Entrevistado por um portal de notícias, ele afirmou que o Irã “queria fazer um gesto” depois do bombardeio da sua embaixada na Síria. Quando o ataque é a civis israelenses, a barbaridade vira “gesto”.

No início do mês, o governo Lula se absteve de votar nas resoluções da ONU que estendem os prazos de investigação sobre crimes de guerra perpetrados pela Rússia na Ucrânia e sobre as violações dos direitos de mulheres, crianças e outras minorias no Irã. Este abril já é o mais pusilânime e cínico dos meses da política externa do governo Lula.

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