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A imprensa chora a destruição da Lava Jato, mas lavou produto de roubo

A imprensa se deu conta, finalmente, do mal ao país causado pela destruição do legado da Lava Jato. E, agora, reage com editoriais. É pouco

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Deltan Dallagnol na Câmara dos Deputados -- Metrópoles
1 de 1 Deltan Dallagnol na Câmara dos Deputados -- Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A imprensa se deu conta, finalmente, do grande mal ao país causado pela destruição do legado da Lava Jato. E, agora, reage com editoriais críticos a quem vem destruindo. É pouco.

Sentenças de condenação de corruptos anuladas, multas bilionárias de acordos de leniência suspensas, empreiteiras sujas de volta a obras públicas, Lei das Estatais praticamente revogada, foro privilegiado estendido, ex-juiz e procuradores da operação perseguidos politicamente — tudo isso parece ter pegado de surpresa os jornais tradicionais.

Não dá para entender esse espanto com o cardápio previsível como bife com fritas em boteco de esquina. O establishment político, jurídico e empresarial sempre esteve pronto a reagir com força à ameaça representada pela Lava Jato. Ele só precisava de uma brecha.

A brecha foram as mensagens roubadas do celular de Deltan Dallagnol e alegremente divulgadas pelos mesmos jornais que hoje se indignam com o desmantelamento da operação que se propunha a limpar o Brasil. Mensagens que, embora produto de gatunagem digital, acabaram usadas como provas em processos.

A imprensa lavou o produto de roubo, e lavou com exclamações de ultraje. Como se houvesse alguém na face da Terra que pudesse resistir a grampos ou roubos de mensagens privadas. Ninguém resiste, senhores, e é por isso que existe sigilo telefônico e de correspondência. O sigilo é uma homenagem que a lei presta à fraqueza da alma humana.

A verdade crua e cozida é que, a despeito dos diálogos de Deltan Dallagnol e demais integrantes da Lava Jato, todas as culpas foram provadas e corretamente atribuídas tanto no Brasil como no exterior. Ninguém teve negado o direito à defesa e os processos passaram pelas instâncias devidas, inclusive o próprio STF.

A imprensa deixou-se levar pela excitação de divulgar conversas privadas e, no embalo, promoveu uma caça às bruxas escandalosa, como se os criminosos fossem o juiz e os procuradores, não os ladrões que dilapidaram a Petrobras e arredores.

Os editoriais críticos de hoje lamentam o que vem ocorrendo com a herança da Lava Jato, mas ainda abrem apostos para dizer que a operação errou. Deveriam é dar o braço a torcer e reconhecer que fizeram o jogo dos corruptos e corruptores que haviam sido punidos exemplarmente, bem como dos que ainda poderiam sê-lo.

PS: vou tirar alguns dias de folga. Volto na segunda-feira.

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