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A fraude na Americanas já tem culpados. Mas permanece espantosa

Custa a acreditar que essa fraude monumental na Americanas tenha passado invisível aos olhos de quem estava acima do CEO e da direção

atualizado

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Montagem sobre fotos de Vinicius Loures / Câmara dos Deputados e Reprodução
Ex-executivos da Americanas Anna Christina Ramos e Miguel Gutierrez -- Metrópoles
1 de 1 Ex-executivos da Americanas Anna Christina Ramos e Miguel Gutierrez -- Metrópoles - Foto: Montagem sobre fotos de Vinicius Loures / Câmara dos Deputados e Reprodução

A fraude contábil de mais de R$ 25 bilhões da Americanas, a maior da história do mercado financeiro nacional, finalmente tem culpados. O ex-CEO Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Christiana Ramos Saicali tiveram a prisão preventiva decretada e, como estão no exterior, passaram a ser considerados foragidos.

Em janeiro do ano passado, quando o panorama ainda estava muito enevoado e parecia se desenhar que teríamos mais um crime sem culpados no Brasil, escrevi que “os envolvidos dizem que não se deram conta dessa cratera lunar — nem os antigos diretores da Americanas, nem os sócios bilionários, nem a auditoria externa que controlava as contas da empresa. É possível? A piada que corre no mercado é que a coisa ‘tem focinho de fraude, orelha de fraude e, se você gritar fraude, ela abana o rabo e vem correndo’”.

Desde então, houve uma CPI, os bancos credores enganados fizeram um acordo com o trio de acionistas de refência, Jorge Paulo Lemman, Beto Sicupira e Marcel Telles — e, agora, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal pegaram os antigos diretores da empresa.

Custa a acreditar, no entanto, que essa fraude monumental tenha passado invisível aos olhos de quem estava acima dos diretores. Veja bem, não estou acusando ninguém, só afirmando o quão extraordinário é que os três homens mais ricos do Brasil, verdadeiros tubarões das finanças e do empreendedorismo, tenham deixado a Americanas à mercê de vigaristas que perpetraram uma fraude gigantesca de mais de R$ 25 bilhões.

Quando o rolo estourou, o BTG Pactual, um dos bancos ludibriados pelo esquema dentro da empresa, encaminhou uma petição furibunda à Justiça por causa de uma liminar concedida a Jorge Paulo Lemman, Beto Sicupira e Marcel Telles.

Na petição, o BTG Pactual afirmou: 

“Os três homens mais ricos do Brasil, ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial ‘do bem’, são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio. (…) A decisão absolve liminarmente os acionistas controladores – literalmente os três homens mais ricos do Brasil, com patrimônio conjunto avaliado em mais de R$ 180 bilhões (!!) -, livrando-os de pagar a conta de sua própria pirotecnia e colocando todo o fardo da sua lambança contábil nos ombros dos credores. (…) São estes, pois, os responsáveis por controlar, há 40 anos (atualmente acionistas de referência), a companhia que simplesmente não percebeu um rombo contábil de R$ 20 bilhões. (…) É o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude. (…) A situação nasce de uma fraude premeditada, que vem sendo cultivada durante anos e que só foi divulgada após a blindagem do patrimônio dos responsáveis pela falcatrua.” 

Já se tem culpados pela fraude na Americanas, felizmente, mas a história continua a ser inacreditável, extraordinária, um verdadeiro espanto. Como é que pode? Como é que pôde?

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