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A diplomacia brasileira trabalha para manter Maduro no poder

O objetivo da diplomacia brasileira seria evitar que Maduro se radicalize ainda mais e dê um autogolpe. Celso Amorim está aí para desmentir

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Celso Amorim com Nicolás Maduro, em Caracas -- Metrópoles
1 de 1 Celso Amorim com Nicolás Maduro, em Caracas -- Metrópoles - Foto: Reprodução

Depois da nota do PT que reconheceu como legítima a vitória de Nicolás Maduro, os jornalistas simpáticos a Lula tentaram distanciar o presidente da República do partido que ele comanda. 

Como Lula disse que “não há nada de grave” ocorrendo na Venezuela, os jornalistas simpáticos a Lula agora tentam transmitir a ideia de que, apesar do apoio do PT e das declarações do presidente da República, sim, muito inapropriadas, a diplomacia brasileira não quer destruir pontes com o regime de Nicolás Maduro.

O objetivo da diplomacia brasileira seria evitar que o ditador se radicalize ainda mais e dê um autogolpe. Aliás, veja só que coisa boa: o Brasil aceitou o pedido da Argentina para assumir a custódia da embaixada do país vizinho em Caracas, depois que Nicolás Maduro expulsou os diplomatas argentinos de lá.

Não misturemos as coisas. No caso da embaixada argentina, não foi bondade brasileira. Foi obrigação. Não se recusa um pedido desses de um país amigo como a Argentina, mesmo que o presidente do país amigo seja adversário ideológico do presidente do Brasil. Os presidentes passam (nas democracias), os países ficam.

Você pode ser simpático a Lula, mas há limites para enganar o indistinto público. O objetivo da diplomacia brasileira é manter Nicolás Maduro no poder. O ditador já radicalizou: disse ter prendido 1.200 opositores e se fala em 20 mortes em protestos contra ele. Ao não admitir a derrota eleitoral, o que está longe de ser um surpresa, o autogolpe já foi dado.

O Brasil votou contra a resolução da OEA que pedia transparência na eleição venezuelana. Foi o voto que derrubou a aprovação da resolução. Uma vergonha.

Diante da repercussão ruim, a desculpa foi a de que o Brasil teria votado a favor se a OEA tivesse retirado o seguinte trecho: “Conforme solicitado pelos atores políticos venezuelanos relevantes, que uma verificação abrangente dos resultados seja realizada na presença de organizações de observação independentes para garantir a transparência, credibilidade e legitimidade dos resultados eleitorais”. 

De acordo com a diplomacia brasileira, esse trecho tornaria inviável a interlocução com Nicolás Maduro. Só que, sem esse trecho, a resolução perderia o sentido de ser.

O que fez a diplomacia brasileira, então? Juntou-se às de Colômbia e México, países que também estão fazendo o jogo do ditador venezuelano, e divulgou uma nota conjunta para dizer que “acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”.

É uma piada sem graça. As “autoridades eleitorais da Venezuela” são da corja de Nicolás Maduro. Se aparecerem com quaisquer dados, eles serão falsos. Se aparecerem, porque o ditador avisou que isso não tem data para acontecer.

Os Estados Unidos perderam a paciência com Nicolás Maduro. Diante das verificações já feitas por organizações independentes respeitáveis, aquelas que “inviabilizam a interlocução” com Nicolás Maduro, Washington reconheceu que o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, é o verdadeiro vencedor da eleição presidencial. Venceu, e com margem ampla de votos.

O Brasil está assassinando a democracia na Venezuela ao trabalhar para manter Nicolás Maduro no poder, como se não tivesse ocorrido uma fraude monstruosa na eleição presidencial venezuelana. Celso Amorim está aí para desmentir as boas intenções brasileiras, e ele nem cora de vergonha: em uma entrevista a um jornalista amigo, afirmou que “a oposição consegue colocar dúvidas” sobre a vitória de Nicolás Maduro, mas “não prova o contrário”. Francamente.

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