A crença democrática de Lula é profunda como um cooler de cerveja
Quem tem amigos ditadores como Lula pode ser um democrata aqui dentro? Índole autoritária não varia conforme a latitude
atualizado
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Os melhores amigos internacionais de Lula são vencedores em eleições fraudadas. Vladimir Putin projeta ganhar com 80% dos votos, pelo menos, a farsa em curso na Rússia. Os adversários de verdade foram impedidos de concorrer — via assassinato, inclusive, como no caso do mártir Alexei Navalny — e substituídos por nomes de fachada.
O venezuelano Nicolás Maduro também poderá exibir uma porcentagem de votos inexistente em democracias no embuste previsto para ocorrer em 28 de julho — embuste legitimado por Lula, que ainda aproveitou para zombar dos opositores proibidos de concorrer, comparando-os ao mau perdedor Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro espera que eleições sem oposição como as venezuelanas possam ocorrer em Cuba. Compreende-se: é uma forma de conferir falso brilho à ditadura que se eterniza na ilha. Quem sabe até renda um sambinha de Chico Buarque, porque amanhã vai ser o mesmo outro dia para os cubanos.
Outro amigão de Lula, o nicaraguense Daniel Ortega, conquistou o quarto mandato consecutivo como presidente, em 2021, depois de mandar prender sete concorrentes de verdade. Obteve, assim, 75% dos votos.
Quem tem amigos como esses lá fora pode ser um democrata aqui dentro? Índoles autoritárias não variam conforme a latitude, mas a latitude pode domá-las. É o que a democracia brasileira vem fazendo desde sempre com Lula e o PT.
Se Jair Bolsonaro representou uma ameaça com os seus delírios de golpinho, ela não pode ser comparada à sombra permanente do lulopetismo. Para Lula e o seu partido, a democracia não é valor universal, mas estratégico.
Em maio, Lula expôs a sua crença democrática, tão profunda quanto um cooler de cerveja, ao defender a farsa eleitoral venezuelana.
“A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim. Eu gosto de democracia, porque a democracia que me fez chegar à Presidência da República pela terceira vez. Por isso que eu gosto da democracia e a exerço na sua plenitude. Aqui, eu acho que o mundo inteiro sabe que a governança do PT é exemplo de exercício da democracia””, disse o petista, em entrevista a uma rádio.
Traduzindo a relatividade de Lula: democracia plena é apenas a democracia na qual vencemos as eleições. Dessa forma, não há nada demais em tirar do páreo concorrentes que possam atrapalhar o exercício dessa plenitude, como fazem os melhores amigos internacionais do presidente da República.