Parafraseando um conhecido ditado do mundo materno: nasce uma marca, nasce uma culpa. A expectativa e ansiedade de fazer o negócio, ter sucesso e fazer tudo sem admitir erros, apesar de compreensível, podem ser, muitas vezes, inimigos do processo. Afinal, assim como na maternidade, acreditar no processo, e na rede de apoio, faz toda a diferença.

A construção de uma marca em diferentes canais vai demandar de seus fundadores diversas estratégias que funcionam de forma, completamente, independentes, mas que precisam encontrar na assincronicidade do dia a dia um único propósito final. Se para o time comercial traçar estratégias de presença em eventos, criação e ampliação da carteira de clientes exige rápido conhecimento de mercado e ações ágeis, a construção de uma equipe multidisciplinar compatível com as exigências do negócio, por outro lado, demanda calma e tempo.

Mas, e estar presente na mídia? Quando uma marca está pronta para dar esse passo? Mais do que isso, como entender a construção de conquistar seu espaço nesse canal? Tem, claro, aqueles pré-requisitos, como saber quais os objetivos a serem alcançados e o público-alvo a ser atingido, mas acredito que os primeiros passos estão antes disso.

É fundamental conseguir diagnosticar com clareza o momento da empresa. Ela precisa estar pronta para lidar com questões como o aumento de demanda por seus serviços e/ou produtos. Além disso, a marca tem que estar madura para lidar com mais opiniões, já que quanto mais conhecida, mais diferentes impressões aparecem. Não será possível agradar gregos e troianos.

Não menos importante, também é necessário saber abrir mão do controle. Sim! Quando falamos de construção de uma marca na mídia de forma orgânica, ter ciência de que a narrativa sobre a notícia deixa de ser sua, como acontece na publicidade, e passa a ser de uma terceira pessoa: o jornalista.

Depois de passar por esse processo, a resiliência entra em ação. Buscar um espaço na imprensa, cada vez mais focada no hardnews e com menos mão de obra, é um desafio e tanto. E aqui, entram dois fatores primordiais: relacionamento e a recorrência. O primeiro é fundamental, pois é por meio dele que se torna possível conseguir uma abertura com os jornalistas e é uma excelente oportunidade de mostrar, não só os diferenciais da sua empresa, mas também e, principalmente, um ótimo momento para se mostrar uma fonte confiável e interessante.

Já a recorrência é, na minha opinião, o ponto alto da construção de uma marca na mídia, que é, invariavelmente, um processo de médio a longo prazo. O resultado com a imprensa não vem rápido, pode até vir, mas, raramente, será como o imaginado. Tornar-se fonte daquela matéria de mercado dos sonhos, ver a história da sua empresa contada por um jornalista que você admira demanda um longo caminho, e recorrência. De nada adianta acionar a imprensa apenas quando existe aquela notícia que você quer muito contar, é preciso se fazer presente, se mostrar importante, seja para falar do seu negócio ou do mercado que está inserido.

Nesse contexto, o planejamento estratégico é protagonista. Junto com sua equipe de relações públicas construir um cronograma de pautas interessante pode fazer toda a diferença. Mas, ainda assim é preciso acreditar no processo. Não será a primeira pauta que vai vingar, talvez nem a oitava. Mas, acredite, o jornalista está te vendo, mesmo que naquele momento não te procure. Meses depois, quando ele te procurar no LinkedIn, não se engane, ele não acordou pensando na sua marca, ela virou referência, a partir de todo um trabalho criado meses e meses antes.

É o famoso “quem não é visto, não é lembrado”. Se fazer presente na mídia é uma grande virada de chave para muitas marcas. Mas, é preciso crer e entender como esse mundo funciona para que o resultado chegue como você sonhou para sua empresa. Sem culpa, sabendo que terão rotas a serem recalculadas, mas que os resultados serão recompensadores.

Renata Sanches é gerente de atendimento na NR7 Full Cycle Agency. Tem 13 anos de experiência em agências de PR, sendo os últimos sete dedicados ao atendimento de startups e ecossistema de inovação