Quando o Marcio Santoro e o Sergio Gordilho me chamaram para vir transformar e liderar a mídia e o BI da agência Africa, logo pensei que era um desafio daqueles que eu curto. Isso por conta do porte da agência, da impressionante lista de clientes, da longevidade dos relacionamentos com eles, pela fama de agressividade e foco nos negócios, mas, principalmente, pela imagem masculina que a mídia da Africa sempre carregou. Vocês podem imaginar o medo que eu tive dessa decisão e de suas consequências para minha carreira.

Foi quando o Marcio me prometeu carta branca para as mudanças e falou que juntos escreveremos uma história no mercado publicitário do Brasil. Foi aí que eu soube que precisava aceitar e me deixar ser levada por esse medo, na época ainda desconhecido. Foi aquele medo e o sentimento de borboletas no estômago que me fez dizer sim.

Cheguei na agência após algumas semanas e logo percebi que o buraco era ainda mais embaixo. Com um time totalmente desfalcado, depois da saída da última liderança, sabia que precisava explodir logo tudo e começar a criar ordem e organização novas. Porém, antes disso, eu precisava achar aliados no meu time que me ajudassem nessa transformação, pois sozinho a gente não faz nada.

Rapidamente me uni com a Luciana Prado – umas das diretoras gerais de mídia da agência, na época recém-voltada da licença maternidade. Com mentes parecidas, logo concordamos em um compromisso: cuidar dos talentos, pois as pessoas são a única diferença verdadeira entre uma agência e outra. E se são as pessoas que fazem a diferença e o maior desafio do mercado é a rotatividade de gente, a fórmula de sucesso está no jeito de satisfazer o apetite profissional delas. A questão é saber o que faz com que elas se sintam realizadas no trabalho hoje em dia. Isso eu ainda estou estudando. Mas, certamente, sei que não é mais dinheiro. O quebra-cabeças se tornou ainda mais complexo.

Hoje, um ano depois, ainda estou em busca dessa resposta e já com três maravilhosas e poderosas mulheres no comando junto comigo: a Lu, a Helô e a Dani. Nós 4, unidas pelos mesmos objetivos: cuidar e desenvolver nossos talentos e ser a melhor mídia do Brasil!

Montamos um programa de capacitação do departamento, nos reunimos com o time com certa frequência, mesmo que remotamente, para contar as novidades, apresentar gente nova, se conhecer, trocar experiências e, ainda mais importante que tudo isso, para estar junto com os colaboradores, dizendo bom dia e deixando claro que estamos aqui para o que for. Pode parecer pouco, mas importa muito, pois é da natureza humana procurar aquele carinho no outro.

Eu sou uma mulher ambiciosa, prática e até diria fria. Não tenho filhos humanos por escolha, mas sou mãe de pets caninos e equinos que me ensinam a ser mais carinhosa. Acho que a Helô e a Lu também têm uma grande responsabilidade nisso, por serem mães recentes, que abrem muito meu coração e mente para o lado humano, tão importante e tão pouco presente no dia a dia corporativo.

Além de abrir minha mente, as duas mostram para o mercado o quanto conseguimos mudar a Africa em tão pouco tempo. Transformando a imagem que a agência tinha para a de um lugar onde há uma liderança feminina forte, que tem filhos e consegue tanto criá-los como também criar um lugar humano para se trabalhar e ainda assim continuar sendo bem sucedida.

Aga Porada é VP de Mídia da agência Africa.