Que o brasileiro é considerado um dos povos mais criativos do mundo, isso muita gente sabe. Por outro lado, em relação a conteúdo, pode-se dizer que a criatividade nunca foi um recurso tão necessário quanto no momento atual.

Até mesmo na internet, ambiente que permite a criadores de conteúdo soltar sua imaginação para abordar os assuntos das mais diversas maneiras, às vezes é possível identificar muitas semelhanças nas abordagens dos temas que são publicados em páginas, canais e outras fontes de informações.

No entanto, em se tratando do mundo digital, há sempre a expectativa de que alguma novidade apareça. Nos últimos anos, um novo formato de conteúdo chegou ao Brasil e trouxe uma grande esperança para os amantes de conteúdo com originalidade e alto volume de informações: o podcast.

Esse formato de programa, que no seu início era reproduzido em episódios serializados apenas em áudio, passou em seguida a ser transmitido em vídeo pelo YouTube, tornando-se multiplataforma, promovendo experiências coletivas e individuais para os usuários e ampliando o alcance da audiência.

Mesmo pelo fato de, em sua programação, ter adaptado a dinâmica das entrevistas que ocorrem nas bancadas da televisão e do rádio, e num momento em que alguns achavam que a saga da produção de conteúdo na internet já tinha atingido seu ápice, o podcast trouxe inovação ao ambiente digital, ao permitir um diálogo mais liberal, sem tantas moderações, como estávamos acostumados nos canais de comunicação mais tradicionais.

A penetração de podcasts entre os brasileiros tem crescido tão rápido que posicionou o Brasil como um dos maiores consumidores desse tipo de mídia no mundo, segundo pesquisa realizada pela Estatista.

A gente há de convir que todo esse cenário se reflete na mudança de comportamento das pessoas: o consumo de músicas, notícias e conteúdos via streaming tem crescido nos últimos anos e, de certa forma, tem ajudado a aprimorar uma habilidade de extrema importância na comunicação: a de saber ouvir.

Pelo que demonstram as pesquisas realizadas pela Emarketer, o consumo da podosfera tende a crescer nos próximos anos. De acordo com o levantamento, a estimativa é de que a audiência desse formato alcance 23,5% da população mundial conectada até 2024.

Porém, em meio a tantas expectativas e a coletânea de programas disponíveis, eis que surge a famosa pergunta: ainda há espaço para novos podcasts, ou o mercado já demonstra sinais de saturação?

Bom… o que podemos notar na exibição desse tipo de conteúdo, principalmente pelo YouTube, é que já existe uma nova tendência no compartilhamento desse tipo de mídia.

Agora, além de acessar os episódios na íntegra, o usuário também tem a oportunidade de assistir aos chamados ‘cortes’, trechos com as melhores partes das entrevistas, que, por terem apenas alguns minutos, podem ser consumidos rapidamente, tendo em vista que os podcasts geralmente têm longa duração.

Atualmente, além de os próprios responsáveis pelas entrevistas distribuírem conteúdos nesse novo formato de cortes, existem outros canais que, de maneira exclusiva, compartilham pequenas falas dos entrevistados em episódios, o que não deixa de ser uma estratégia de distribuição inovadora, criativa e com foco na necessidade daqueles que até gostam do tema, mas não têm disponibilidade para assistir à transmissão inteira.

Pode ser que, num futuro próximo, a novidade não esteja na forma como será produzido o conteúdo, e, sim, na forma como ele será distribuído.

Mas, como o Brasil é um país tropical e criativo por natureza… a gente espera que a criatividade se manifeste nas duas frentes: conteúdo e distribuição.

Por que não?

Alan Costa é publicitário, CEO e fundador da Produzindo Digital.