Por que as marcas não devem estar em todos os canais o tempo inteiro?
As marcas devem estar presentes quando fizer sentido para o seu consumidor
atualizado
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Velejar, mergulhar, dar longas caminhadas em meio ao verde, ouvir um concerto de música clássica. O que essas atividades têm em comum? Para o autor Randall Stutman, duas coisas. Consultor de alguns dos principais executivos e CEOs de Wall Street, ele percebeu que essas eram as ocupações preferidas dos líderes em seu tempo de descanso. E a segunda coincidência: todas elas promovem um momento de foco e ausência de ruídos humanos.
Em resumo, esses são refúgios das múltiplas conexões e dos multicanais aos quais todos somos expostos diariamente. Essa era omnichannel, segundo muitas das discussões da Web Summit 2022, não desaparecerá — mas tende a mudar. Sairão na frente as marcas que conseguirem ser mais assertivas e estratégicas, entregando o que realmente interessa a cada um de seus públicos, de forma customizada em seus pontos de contato.
Um bom exemplo vem do mercado financeiro. O setor possui inúmeras instituições centenárias, com uma reputação de solidez construída de geração a geração. O que leva uma fintech novata a receber a confiança de pessoas que, até há pouco, jamais haviam ouvido falar em seu nome? CEO e fundador da Jeeves, Dileep Thazhmon responde: levar adiante uma mensagem clara.
A provocação já estava no título da palestra: “como ganhar os corações e mentes dos consumidores antes de ganhar suas carteiras”. Dileep lidera um dos unicórnios mais relevantes da nova geração de startups. Lançada oficialmente em março de 2021, a Jeeves foi avaliada em US$ 2,1 bilhões exatamente um ano depois. Com foco em empresas, ela é uma plataforma de gestão de despesas para transações internacionais.
Para o empreendedor, o segredo do sucesso está em deixar muito transparente ao cliente o que ele está levando de bom — e o que a companhia ganha em cima disso. É uma relação de troca, que precisa estar sustentada na verdade. Vale para fintechs, mas vale também para instituições de ensino que precisam chegar a novos alunos, escritórios de advocacia em busca de prospecções e hospitais disputando espaço com concorrentes.
E isso será mais fácil se a mensagem estiver dita da forma certa e no meio correto, moldada ao público que se quer atingir.
Marcas não devem estar em todos os canais o tempo inteiro: precisam, isto sim, estar lá quando fizer sentido para o seu consumidor. Tudo a partir de um discurso concreto, relevante e, em meio a tanto ruído, com muita clareza.
Tomás Adam é sócio-diretor da Critério – Resultado em Opinião Pública