Onlyfans mostra que não é só um estereótipo
No penúltimo dia de Web Summit Rio, dos painéis mais esperados: como a plataforma de nude é dirigida? Ela operará no Brasil? É segura?
atualizado
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“Onlyfans é apenas uma plataforma de nudes e conteúdo adulto”. Esse é o estereótipo de uma das plataformas mais populares entre influenciadores digitais do momento. Mas, no Web Summit Rio, a CEO e presidente executiva do serviço, Amrapali Gan, mostrou outras “faces” do OF.
Uma plataforma segura, com possibilidade de conectar diretamente com os fãs, aberta também para outros tipos de conteúdo (além do pornô) e ainda avessa à inteligência artificial.
Só tem nudes no Onlyfans?
Sorridente, segura e sempre exaltando os resultados do OF, Gan explicou que sim, o Onlyfans é uma plataforma usada, essencialmente, para conteúdo 18+ (ou seja, nudez e pornografia). Mas explicou que muita gente também está ganhando bastante dinheiro com outros tipos de produções.
“É uma plataforma com oportunidade para criadores se expressarem livremente, usarem a liberdade de expressão. Temos comediantes com piadas com humor mais ácido, chefs de cozinha, por exemplo”, diz Gan, lembrando que atletas de e-sports, influenciadores fitness e músicos, por exemplo, também estão ganhando dinheiro com o Onlyfans.
Dá para ganhar dinheiro com o Onlyfans?
O modelo de negócio da plataforma é um pouco diferente do YouTube, por exemplo. Aqui, o criador é remunerado diretamente pela base de fãs que tem. O OF leva 20%, enquanto o produtor leva 80%. E não há algoritmo, decidindo quem vê o que, tampouco publicidade nativa na plataforma.
“É pagou, levou”
Amrapali Gan, CEO do Onlyfans
“A coisa que se perde nas outras plataformas é a base de fãs, sobretudo em relação a um algoritmo. Com a gente, você pode realmente se conectar com a base, trocar mensagens, sem o ruído das outras plataformas. E para cada dólar que ganhamos, os creators levam 4. Não temos algoritmo, publicidade. É somente engajamento fã-criador. Eles estão lá pelo conteúdo que querem pagar”, explica a CEO.
E os números são sólidos: desde que foi criado, em 2016, o Onlyfans já distribuiu mais de US$ 10 bilhões para os creators, como remuneração direta.
Somente em 2021, a plataforma teve receita que ultrapassou os US$ 930 milhões (algo em torno de R$ 5 bilhões), pagando aos criadores de conteúdo quase US$ 4 bilhões (cerca de R$ 21 bilhões), representando uma alta de 115% em relação ao ano anterior.
O lucro da empresa, por sua vez, teve alta significativa: saltou de US$ 61 milhões (R$ 320 milhões), em 2020, para US$ 433 milhões (mais de R$ 2,2 bilhões), em 2021.
É seguro postar conteúdo no Onlyfans?
Esse foi um ponto que Amrapali Gan repetiu algumas vezes durante sua apresentação – e que sempre gerava comentários na plateia do Web Summit. Afinal, nos últimos meses, vimos vazamentos de dados e conteúdo inadequado sendo veiculado na plataforma.
Para a CEO, esse é um ponto crucial ao Onlyfans.
“Segurança é o coração do nosso negócio. Observamos tudo que acontece na plataforma e sabemos quem é quem. Cerca de 80% dos nossos mais de mil funcionários atuam na moderação. Ela é robusta e tudo é moderado, nós vemos tudo. Por isso, queremos que as pessoas pensem no Onlyfans como um local seguro”, diz Gan.
De fato, todo o processo de registro na plataforma segue um fluxo onde é necessário apresentar documentos e comprovações. E tudo, segundo a CEO, é analisado e revisado por humanos.
Aliás, Amrapali Gan seguiu o caminho contrário da maioria das empresas no Web Summit e se mostrou cética em relação ao uso da inteligência artificial para ajudar a moderar conteúdo na plataforma.
Para ela, a IA atua somente na análise primária do conteúdo, disparando alertas que serão revisados por humanos. Mas todo conteúdo ainda é, essencialmente, analisado por pessoas.
“A inteligência artificial realmente evoluiu muito no mundo, e recebo pitches de IA todos os dias, mas ainda colocamos um foco muito grande na moderação humana. No fim das contas, nada melhor que o olhar humano”
Amrapali Gan, CEO do Onlyfans
Vai ser possível receber em real do Onlyfans?
Gan fala com cautela sobre o crescimento da plataforma. Afinal, como se trata de conteúdo com potencial sensibilidade, o mapa de atuação acaba tendo restrições políticas, econômicas (tudo é feito em dólar) e até religiosas.
Mas a CEO deixa claro que Austrália e América Latina são as prioridades – e aí o Brasil, claro, tem papel de protagonismo. Mesmo assim, Gan não comentou se abrir uma operação por aqui está nos planos.
“Com certeza a América Latina é uma grande região e muito importante para o nosso crescimento nos próximos anos. A Austrália também é, assim como vários países na Europa. É um momento animador para a empresa e a América Latina faz parte desse momento. E o Brasil tem um potencial massivo, tanto em nossos assinantes quanto em exposição de marca “, disse Amrapali Gan.
Metrópoles na Web Summit
A cobertura pode ser acompanhada na M Buzz e também nas redes sociais do portal. A geração dos conteúdos terá a produção do jornalista Fabricio Vitorino.
Entre os nomes de peso confirmados estão:
- David Vélez, fundador e CEO da Nubank;
- Edith Yeung, Early-stage venture investor da Race Capital;
- Luciano Huck, apresentador da Rede Globo;
- Mada Seghete, VP de marketing da Branch;
- Roger Laughlin, fundador & Brazil CEO da Kavak;
- Catherine Powell, Global Head of Hosting do Airbnb;
- KondZilla;
- Ayọ Tometi, cofundador do Black Lives Matter;
- Fernando Machado, CMO da NotCo.
Todos os palestrantes podem ser conferidos neste link.
Quando: segunda-feira (1º/5) à quinta-feira (4/5).