O que considerar ao criar uma estratégia de comunicação integrada
Julyana Castro, sócia da NR7 Full Cycle Agency, fala sobre a importância da visão de negócio para o sucesso da construção de uma marca
atualizado
Compartilhar notícia
Será que de treinador de futebol e RP todo mundo tem um pouco? É o que parece quando todas as áreas querem dar seus pitacos na estratégia de comunicação, assim como em um jogo de futebol. Mas, infelizmente, não é tão simples.
Trabalhar com comunicação corporativa exige um olhar estratégico que precisa contemplar passado, presente e futuro. Será que a sua empresa tem pensado dessa forma? Será que estão contando com os profissionais certos, usando as ferramentas adequadas e contando histórias que estão amarradas a uma estratégia maior de negócio?
Trabalhar com comunicação integrada vai muito além de releases, criar canais nas redes sociais ou disparar e-mail marketing. É pensar em estratégias de construção de marca a curto, médio e longo prazo. É olhar para o passado e construir o presente, sempre visando o futuro, mesmo que aconteçam adaptações pelo caminho. Hoje, você está construindo a reputação de um aplicativo de delivery quando esse ainda nem é o comportamento usual do consumidor.
Amanhã, essa empresa é a mais reconhecida no setor e, para os atentos aos detalhes, é fácil perceber estratégias envolvidas em todas as frentes de comunicação para tornar essas empresas conhecidas. Para ilustrar um pouco deste cenário, separei alguns pontos importantes a se pensar quando se fala em comunicação integrada.
Consistência: Passado, presente e futuro precisam conversar e todos os canais de comunicação da empresa também. Isso inclui as redes sociais, o relacionamento com a imprensa, a participação em eventos do setor, as ativações da marca, a participação em premiações, os canais sociais dos fundadores e porta-vozes, as comunicações com clientes, parceiros e fornecedores, o relacionamento com investidores.
É fundamental que a história a ser contada esteja 100% alinhada e que em qualquer ponto de contato, o público enxergue coerência entre as mensagens. Claro que a linguagem pode mudar em uma ou outra frente, mas assim como uma pessoa, as empresas têm uma personalidade e é isso que vai cativar o cliente e demais públicos. Não dá para ser um personagem em cada lugar, pois, dessa forma, o consumidor fica confuso e não se sente conectado com a empresa.
Recorrência: Uma marca não é construída de um dia para o outro. Uma agência de marketing ou de relações públicas adoraria ter a receita pronta para o sucesso da empresa, mas não tem. Se alguém te vender essa receita, fuja! Construção de marca é recorrência, é começar pequeno, ter resiliência, entender que toda empresa começou pouco relevante, foi encontrando seus caminhos, encontrou sua personalidade, martelou suas mensagens, criou relacionamento com seus públicos de interesse, até que se criou uma marca.
E não pense que essa atividade tem fim. Mesmo as grandes empresas precisam trabalhar sua comunicação constantemente. A máxima do “quem não é visto não é lembrado” faz total sentido com o trabalho de comunicação. É preciso se mostrar relevante, se manter presente e continuar criando conexões para permanecer na vida do consumidor, seja B2B ou B2C.
Relevância: Recorrência e consistência não são suficientes se a marca não for relevante. E o que a torna relevante? Um produto ou serviço que realmente resolve uma dor do mercado, diferenciais reais, ativações que entreguem valor e engajem o público.
Iniciativas genuínas para a sociedade e interesse verdadeiro pelo problema que a empresa ajuda a resolver. Uma marca preocupada em solucionar uma lacuna do mercado ou entregar uma ótima experiência em um setor burocrático, com um diálogo próximo e humanizado, com porta-vozes que são pessoas de verdade. Os bancos digitais nos mostraram como transformar uma experiência chata em algo mais prático e de repente nem sabemos mais como viver sem eles, não é mesmo? Isso é se mostrar relevante na vida do consumidor.
Estratégia de longo prazo: E para uma comunicação integrada ser bem-sucedida é preciso ter memória. Lembrar que hoje nada passa batido e a internet é um grande banco de dados com todas as histórias que foram contadas na imprensa, todos os posts que foram feitos, todas as ações criadas pela empresa, etc. Então, além de ter consistência, recorrência e relevância, é preciso ter visão de negócio e olhar para o longo prazo. Para isso, o alinhamento de mensagens-chave, objetivos e posicionamento são essenciais para se construir uma estratégia coerente e que será o norte da construção de marca. É sempre se questionar: o que estou fazendo agora é importante para a grande história que queremos contar?
As frentes consideradas podem ser desde histórias bem contadas na imprensa, ações de marketing de influência, canais nas redes sociais que realmente tenham sinergia com os objetivos da empresa, um trabalho bem direcionado de conteúdo, a criação de reputação e autoridade dos porta-vozes como referência em seus setores de atuação, entre outros caminhos.
Podemos pensar em comunicação como um grande quebra-cabeça em que cada canal, história, porta-voz, ação e mensagem representa uma peça. A sua empresa tem montado a mesma imagem ou cada área está com o seu próprio desafio e totalmente desalinhado com a estratégia maior do negócio? Será que este caminho está uniforme ou lá na frente será necessário desfazer tudo e começar de novo? Sempre é tempo de corrigir a rota e repensar os caminhos. Faça as perguntas certas, pense em comunicação a longo prazo e olhe para essa estratégia como uma aliada fundamental para o negócio.
Julyana Castro, sócia e COO da NR7 Full Cycle Agency.