O óbvio incomoda: dicas de marketing que seguem relevantes em 2023
Thiago Muniz, CEO da Receita Previsível no Brasil, compartilha ideias que usa para pensar a parte prática dos planejamentos de marketing
atualizado
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Falar de dicas de marketing quando o assunto do momento é ChatGPT e como robôs vão roubar nossos lugares é extremamente sedutor. Mesmo que a IA e seus efeitos sejam extremamente relevantes no momento, reconheço que esse texto não irá falar sobre atalhos que robôs irão gerar para marketing e vendas.
A abordagem aqui é outra, e existe uma tremenda realidade que descobri ao longo dos anos: o óbvio simplesmente não agrada e até mesmo incomoda. No mundo do marketing são muitos termos, siglas, ferramentas, tendências e tudo isso, na maioria das vezes, gera certo desserviço quando caem em mãos erradas. A sensação de frescor às vezes confunde e nos faz ficar perdidos entre o que é espuma e o que se tornou realidade. Por isso, listas de dicas anuais de marketing continuam necessárias e relevantes.
Evitando obviedades, sem deixar de olhar para o que há de mais útil e prático, gostaria de compartilhar duas ideias básicas que uso para pensar a parte prática dos planejamentos de marketing e vendas. O mundo se divide em canais que geram tráfego e canais que recebem tráfego, e o que descrevo a seguir são formas de sobreviver e crescer em 2023:
Tráfego em geral significa que você irá atrair pessoas interessadas para o seu negócio. Quando falamos do digital, texto, vídeo e som são as ferramentas que podemos utilizar com mais frequência. YouTube e TikTok representam ainda fontes de tráfego orgânico (sem investimentos) relevantes. Mesmo que em outros canais ainda seja possível alcançar algum público sem investimentos, uso como recorte os canais que ainda vejo mais possibilidades de iniciar um trabalho. O Pinterest é, adicionalmente, um exemplo de canal para marcas que querem sair do padrão óbvio das redes sociais e podem trabalhar uma jornada mais visual.
Em vídeo, comunicamos muito mais informações do que em texto. Por isso, uma ideia simples aqui é testar em vídeo, nos canais escolhidos, validando a mensagem ideal da sua marca, ou quais categorias de produtos e serviços trabalhar e até mesmo o público-alvo.
Posso dizer que mais útil do que dicas de hashtags ou horários do dia para se publicar é planejar seu conteúdo atento de verdade a um funil de marketing. Algo que conceitualmente é lindo, mas na prática, muito confuso. Uma dica simples de estrutura de vídeo: pense em usar os primeiros 10 a 20 segundos para uma apresentação, 30 segundos para explicar o problema que resolve e com os últimos 20 segundos, foque em como ajudar seu cliente a resolver esses problemas com um chamado para a ação final: clique, cadastro, pedido de orçamento. No início será desafiador e com o tempo se tornará tão fácil quanto respirar.
Existem muitos conteúdos por aí e, às vezes, não dá para entender bem qual público se quer atingir. Faça benchmarking e espione marcas que inspiram seu negócio. Basta acessar este link, colocar o user name do Instagram de uma marca à sua escolha e verificar quais anúncios ela fez recentemente.
Se o seu negócio é B2B, acessando a company page do LinkedIn de qualquer negócio, vá em publicações e você verá uma área chamada “anúncios”. No Google também é possível acessar os anúncios de qualquer marca, mesmo sem um acesso administrativo à uma conta de anúncios.
Como resultado, os posts em vídeo gerados pelo seu negócio podem te ajudar a entender melhor quais discursos se “conectam” com seu público-alvo. Se você ainda não utiliza os melhores conteúdos como combustível para criar audiências, comece a fazer isso urgente.
Aprender a comprar tráfego pago é desafiador mesmo que você tenha um fornecedor, saiba o funcionamento e ignore métricas irrelevantes para suas decisões ou para seu entendimento técnico. Seja simples. Se estamos falando de vídeos, quais foram os conteúdos desse formato que tiveram mais visualizações, salvamentos, compartilhamentos ou comentários no topo do funil? Se estamos falando de fundo de funil, posso também usar um vídeo, mas ele tem que gerar um cadastro ou venda no meu site. Quando nenhuma métrica dessa crescer, fazendo você identificar um padrão, repita tudo novamente de um jeito diferente. A taxa de retenção de atenção é uma métrica pouco explorada por aí.
A grande maioria das ferramentas permite orçamentos diários entre R$ 5 e R$ 25 para ativar anúncios. Gosto de fazer testes no momento com, pasmem, R$ 25 por dia, durante sete dias. Existem diversos fatores para influenciar na escolha do seu orçamento diário e isso muda com o tempo. Uma dica é jogar um valor bem baixo no orçamento diário da plataforma, esperar ela apitar o mínimo possível para veicular naquele dia e ir dosando seu apetite. Em 7 dias, avalie se conseguiu os resultados que esperava e siga em frente ou mate a hipótese e comece tudo de novo.
Like e seguidores não pagam boleto na maioria dos casos. O foco deve ser nos conteúdos que geraram mais métricas de retenção e não likes, seguidores ou outras métricas de vaidade. Com base nos melhores resultados desses conteúdos, você pode pensar em ações mais complexas de conteúdo como textos ou ações como lives, por exemplo.
Ainda existe muita gente que “escaneia” conteúdo e não quer assistir vídeos. Tenha também conteúdo estático e escrito, é claro, focando naqueles tópicos que mais geraram resultados. Os vídeos podem ser o ponto de partida para ter ideias de materiais escritos.
Mesmo que seu site não seja tão profissional e atualizado, usar uma página de destino específica para um objetivo (landing page) ou direcionar clientes para o WhatsApp funcionará melhor quando você antecipa a jornada do cliente. Explique o que irá acontecer em seguida, “você irá falar com um vendedor”, “faça um orçamento sem compromisso”, “faça uma demonstração”. As pessoas perdem o interesse fácil, então evite um erro fatal de estratégias de geração de demanda: pense em compromissos proporcionais à sua oferta.
Normalmente quando temos um mercado com muita demanda desqualificada inserimos muitas perguntas no processo de compra em formulários ou robôs de WhatsApp. Isso reduz o número de curiosos e garante maior atratividade. Descubra com as perguntas quais critérios ajudam a localizar os melhores clientes e use essa informação em toda a sua estratégia. Se a sua marca quase nunca recebe contatos, coloque um clique no botão do WhatsApp e, se possível, ligue para o cliente (caso ele permita). Diminua as informações pedidas e simplifique o processo de contato.
A clareza é a chave do negócio e a verdade é que se uma pessoa chegou no seu site ou WhatsApp, ela estava pesquisando por algo.
Thiago Muniz é CEO da Receita Previsível no Brasil. É pós-graduado em Gestão de Negócios e Inteligência Competitiva.