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O dilema ESG para atrair clientes e investidores

Paulo Emediato, CMO da Oxygea, elenca desafios para articular o ecossistema entre ganhos a curto prazo x estratégia de longo prazo

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1 de 1 o dilema do ESG para atrair clientes e investidores – Metrópoles - Foto: Tom Werner/Getty Images

Vá ao mercado e conte quantos produtos contém afirmações sobre responsabilidade ambiental em suas embalagens ou, então, entre nas redes sociais das suas empresas favoritas e veja quantas fazem publicações que refletem uma preocupação social. Veja, também, quantas apontam preocupação com temas como diversidade e inclusão em seus times.

Essas demonstrações públicas são um reflexo da principal discussão do mercado na última década: a agenda ESG — que vem influenciando os critérios de consumo e também de investimentos em praticamente todos os setores.

Um estudo da consultoria KPMG comprova esta tendência ao verificar que 76% das empresas brasileiras já incluem as práticas ESG em seu modelo de negócio e que esta estratégia é fundamental para conquistar a preferência do consumidor. Já uma pesquisa do OpinionBox aponta que 67% dos consumidores chegam a procurar sobre as práticas ESG de uma empresa antes de fazer uma compra e outros 57% afirmam que deixam de adquirir um produto quando verificam que a empresa não se enquadra nestes requisitos.

No lado dos investimentos, a pesquisa da EY, a “Global Reporting and Institutional Investor Survey” aponta que 99% dos investidores afirmam utilizar as divulgações sobre ESG das empresas como parte das suas decisões de investimento, sendo que 78% deles acredita que as empresas devem fazer investimentos nesta agenda mesmo que diminuam seus lucros no curto prazo.

A mesma pesquisa da EY aponta ainda um dilema complicado para grandes corporações: 53% delas apontam que seus investidores fazem pressão para que seus investimentos em ESG para longo prazo não prejudiquem os ganhos do negócio no curto prazo. Por outro lado, 80% dos investidores que responderam à pesquisa dizem que muitas empresas tem sua avaliação depreciada por não conseguirem elaborar uma estratégia adequada para investimentos em sustentabilidade a longo prazo.

Adequar a estratégia e os planos também pode ser importante para PMEs. Embora estas empresas não consigam gerar um impacto tão grande em suas ações como as grandes corporações, alinhar objetivos com a agenda ESG têm se mostrado algo essencial para garantir a força do negócio e são determinantes na avaliação do potencial de crescimento, por parte do investidor e na aceitação do produto, por parte do consumidor.

Em uma pesquisa da McKinsey, mais de 60% dos entrevistados afirmaram que pagariam mais por um produto com embalagem sustentável. Refletindo essa tendência, os produtos que possuem informações sobre ESG em suas embalagens tiveram uma média de crescimento cumulativo de 28% nos últimos anos, enquanto produtos sem essas informações cresceram, em média, apenas 20%.

Com a alta competitividade gerada pela demanda por uma agenda ESG, popularizou-se o “Greenwashing”, uma falsa gestão ESG que se aproveita do ‘gap’ entre o que de fato gera impacto e o que parece sustentável. Isso acontece por que muitas vezes as empresas tem pouca clareza de como podem impactar seu entorno e acabam tentando seguir o discurso de promessas de responsabilidade ambiental, social e corporativa. No entanto, para consumidores, há um exercício básico de verificação que consiste em avaliar, por exemplo, se a empresa já mapeou seus impactos e possui um relatório detalhado de como pretende contornar esses números nos próximos anos.

Por outro lado, o grande desafio para investidores no Brasil é encontrar soluções que apontem para a transformação na indústria e impactos relevantes no médio e longo prazo, mas que justifiquem investimentos em suas fases iniciais. O futuro é promissor e o Brasil pode ser um protagonista na inovação sustentável, impulsionando uma transformação que é cada vez mais exigida pela indústria. Os negócios que realmente podem mudar o jogo ao pensar em sustentabilidade estão no laboratório e levam mais tempo, consomem mais recursos e demandam um comprometimento mais profundo de seus stakeholders.

Por meio do fortalecimento dos elos com o ecossistema, valorizando o empreendedorismo científico e superando desafios de relacionamento, o Brasil pode contribuir significativamente para um futuro mais sustentável na indústria.

Paulo Emediato é CMO da Oxygea.

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