Mercado de infoprodutos precisa se profissionalizar, diz especialista

Uma das características da pandemia foi o aumento de conteúdo digital. Não só nas redes sociais, mas da oferta de cursos on-line. O crescimento dos chamados produtos digitais ocorreu porque havia demanda. Levantamento do Sebrae aponta que a procura por capacitações virtuais cresceu mais de 200%, nos seis primeiros meses de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019.

Para Ellen Salomão, publicitária, especialista em lançamentos de infoprodutos e fundadora da Agência Vê, esses dados impactam diretamente na ampliação do mercado relacionado ao universo. “Crescemos muito rápido e ainda não temos profissionais para suprir essa demanda em canais tradicionais, como Linkedin e sites de recrutamento. Inclusive, existem cargos que nem são tão conhecidos, como Gestor de Tráfego, Copywriter”, diz ela. A especialista revela que a falta de faculdades específicas para formar profissionais de infoprodutos contribui para o gargalo no mercado.

Naturalmente, a transformação digital, acelerada pela pandemia, provocou mudanças a curto, médio e longo prazo. O relatório “The Future of Jobs 2020”, do Fórum Econômico Mundial, sinaliza que 50% das habilidades profissionais devem mudar nos próximos cinco anos e destaca duas delas: a criatividade e a flexibilidade. As chamadas soft skills ganham cada vez mais importância no mundo.

Com isto, a tendência é de que o mercado fique cada vez mais segmentado. “Isso pode ocorrer tanto da parte dos infoprodutores, que vão conseguir atender melhor a demanda, focando em subnichos, quanto dos profissionais da área. Por muito tempo tivemos profissionais da área de comunicação, publicidade, que sempre fizeram um pouco de tudo. Hoje, para melhorar os serviços prestados, o ideal é o profissional buscar se aprofundar em uma determinada área. Por exemplo, se o foco é ser um redator, é interessante ele pesquisar cursos de copywriting, de storytelling, são cursos que se conectam dentro do mercado de redação”, explica Ellen.

Hoje, há muito conteúdo gratuito para quem deseja começar a navegar neste universo. Ellen dá dicas. “Buscar grandes nomes do mercado, acompanhar o conteúdo que eles geram nas redes sociais, blogs, são todos riquíssimos para gerar conhecimento! Minha sugestão para quem quer começar é buscar essas informações gratuitas à princípio, e, depois, entender qual é a área que realmente quer atuar e se aprofundar. Além de buscar sempre o aprendizado na prática! Só assim, irá aliar o conhecimento técnico à mão na massa do dia a dia”, afirma.

Atuante no segmento, ela assegura que as agências têm papel fundamental na ampliação desse mercado, pois podem colaborar em etapas mais técnicas, enquanto o especialista, produtor do conteúdo digital, foca no desenvolvimento do conteúdo. “Nesses casos, os clientes das agências estão cada dia mais exigentes com relação aos serviços oferecidos. E o nosso papel como agência é solidificar esse aperfeiçoamento da área”, conclui.