metropoles.com

Marketing de conexão: saiba como criar vínculo entre marcas e pessoas

O diálogo é o caminho certeiro para relações mais genuínas e profundas entre marcas e o público-alvo, diz Renata Gomide, do Grupo Boticário

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Luis Alvarez/Getty Images
marketing de conexão
1 de 1 marketing de conexão - Foto: Luis Alvarez/Getty Images

Observar o relacionamento entre marcas e consumidores é algo que sempre considerei bastante curioso. É uma relação que não apenas está em constante evolução, mas que tem se tornado cada vez mais madura e equivalente. Afinal, não existem mais empresas fazendo campanha de um lado e o público apenas consumindo do outro. Os processos são complexos e a vida dos marketeiros está cada vez mais desafiadora (e animada!), justamente porque as pessoas estão em busca de construir uma nova relação com as marcas e com aquilo que consomem. Querem se identificar. Às empresas, não basta apenas falar; para conectar-se às pessoas, é preciso ouvi-las.

Neste contexto, como em um quebra-cabeça, o consumidor não pode ser apenas encaixado na estratégia de marketing. Ele é quem guia a estratégia e, por isso, precisa ser parte indissociável da visão de futuro. É das marcas a responsabilidade de se manterem atentas às necessidades de seus clientes no presente, sem deixar de acompanhar – e antecipar – tendências e expectativas para o longo prazo. Para mim, o profissional de marketing, assim como as demais disciplinas de comunicação, deve ser visto exatamente assim: como o caçador de tendências e oportunidades. O grande responsável pelo desafio de usar a inovação para criar conexões — o que só é possível, de fato, por meio do diálogo, no sentido literal da palavra.

Marcas obcecadas pelo consumidor e pelo que as pessoas estão falando sobre a empresa, seus produtos e, mais que isso, sobre todos os assuntos que o cercam, são as únicas capazes de construir elos. E, embora não haja nenhuma receita perfeita, desempenhar o papel de ouvinte atento é a maneira mais eficaz que conheço, diante do que aprendi em três décadas de experiência, para se obter insights capazes de proporcionar a profundidade necessária às conversas que, como marcas, queremos criar, participar, sustentar e, principalmente, liderar.

Isso porque, ao se aproximar do público e entender do que ele está falando, é possível criar conteúdos assertivos e que se encaixem aos seus desejos, anseios e necessidades. O uso estratégico de dados, obtidos pelo social listening, momento de escuta ativa em diversas redes que monitora percepções, assuntos e tendências apreciadas pelos consumidores, permite criar oportunidades para alcançar algo tão desejado pelas marcas: o famoso talkability – quando os consumidores falam das marcas de forma espontânea, por se conectarem organicamente com o que ela apresenta e representa.

Ou seja, o monitoramento das conversas e tendências que surgem nas redes sociais, aliado a tecnologias sofisticadas que nos dão cada vez mais precisão e agilidade nas reações, permite às marcas se conectarem com temas relevantes e, ainda, inserindo seus serviços e produtos dentro de um contexto pertinente e que faça sentido para as pessoas que querem atingir. É isso o que gera engajamento orgânico: opiniões, comentários e necessidades reais. Não de forma aleatória, mas trazendo informações pessoais valiosas, que ouso dizer, nenhuma pesquisa é capaz de fornecer.

Ao estabelecer essa relação de escuta com o consumidor, fica claro que não há mais espaço para o planejamento de marketing tradicional, engessado e seguido à risca. Aquele que costumávamos fazer anualmente. A comunicação atual é viva, fluida e as ações também precisam ser assim. Seus rumos mudam de acordo com o que acontece no momento com o consumidor e com a sociedade. E para acompanhar estes movimentos é preciso estar onde as discussões acontecem: nas redes sociais, mesmo naquelas que acabam de nascer, porque a tecnologia é um caminho eficaz para expandir a comunidade da marca e posicioná-la diante dos temas atuais que têm impacto sobre o seu público-alvo.

Não basta mais nos limitarmos ao que já conhecemos. O novo sempre vem, o tempo todo, e quem traz essa demanda é o consumidor. Estamos na era do “tempo real” e o grande desafio, principalmente nos meios digitais, é acompanhar o timing dos acontecimentos para agir no momento certo, usando o canal certo e contando a melhor história da melhor forma. Ano passado, no Dia do Batom, por exemplo, desenvolvemos para Eudora e O Boticário obras de arte digitais, as famosas NFTs, criadas a partir de ilustrações exclusivas das bocas das nossas consumidoras.

E porque fizemos isso? Entrar em um universo que não tem nenhuma relação com o nosso segmento? Obviamente, nosso objetivo não era começar a vender NFT, mas sim mostrar para os nossos consumidores que inovação faz parte do nosso DNA e que estamos sempre buscando ir além para oferecer criatividade na experiência e no contato com a marca. Para nós, é importante estar onde o consumidor está, quebrando barreiras e construindo pontes e se nossos consumidores estão interessados em NFT, é para lá que nós vamos, como uma oportunidade de aprender para, futuramente, fazer parte e liderar.

Portanto, além de olhar com atenção para os temas a que o seu consumidor dedica tempo e interesse, é importante pensar na forma como a marca fala com ele, aproveitar os ganchos e construir uma narrativa que faça sentido, seja legítima e pertinente ao contexto e à história da marca. Estabelecer uma conexão verdadeira passa por “olhar no olho” do outro, escutar em vez de apenas ouvir, enxergar em vez de apenas ver. Chamar alguém pelo nome e responder de forma humana – e não copiando e colando uma resposta padrão – são pequenas mudanças que podem fazer a diferença nessa construção. É o que passa a sensação de estar, de fato, se relacionando.

E é justamente por conta da necessidade de personalização da estratégia que defendo com muita convicção que não é mais possível seguir apenas desdobrando campanhas e ações. Isso não existe mais. A personalização é uma tendência do mercado de consumo que vem ganhando mais e mais força com o passar do tempo. Afinal, cada veículo e audiência tem as suas particularidades e exige um olhar atento e inovador para transmitir a narrativa da marca.

No fim, para quem ama o que faz e se coloca numa posição corajosa de eterno aprendiz, é sempre muito especial acompanhar as repercussões e ver as pessoas se conectando com a mensagem a partir de ações planejadas e executadas com tanto cuidado. Usar da comunicação e da inovação para nutrir relações genuínas e consistentes, em sintonia com as tendências de consumo, é o principal desafio que me proponho alcançar diariamente.

Renata Gomide é vice-presidente de consumer do Grupo Boticário.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?