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Marcas devem ficar distantes de questões políticas?

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles apontam como as empresas devem se comportar durante o período eleitoral

atualizado

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Testes das urnas eletrônicas no TSE
1 de 1 Testes das urnas eletrônicas no TSE - Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles

Com as eleições cada vez mais próximas, é chegada a hora de as marcas pensarem em como devem se comportar frente ao período, marcado por polêmicas e inúmeras cobranças de posicionamento, principalmente nas redes sociais.

Dessa forma, especialistas ouvidos pelo Metrópoles explicam como as empresas devem se portar a fim de evitar engajar-se em comentários desnecessários, fator que pode ser determinante para manchar a imagem da instituição.

De acordo com Flávio Resende, especialista em Construção de Imagem Pessoal e Organizacional, as marcas, em tese, precisam estar mais distantes de questões de ordem política. O ideal é apenas monitorar temas sensíveis para a empresa, de modo a ficar em alerta para casos que possam, direta ou indiretamente, envolver a companhia em si. 

A polarização é o pior dos mundos quando falamos em cenário político. A tendência do ‘cancelamento’, portanto, pode atrapalhar as empresas, mesmo quando o cliente gosta do serviço ou do produto oferecido. Há exemplos como a Havan, cujo empresário sofreu negativamente os reflexos de seus posicionamentos políticos e ideológicos, que registraram quedas expressivas no faturamento, resultante do vínculo da marca com o presidente Bolsonaro, por exemplo. E, provavelmente, ficará manchada por muito tempo, em decorrência dessas declarações de ordem política”, garante o diretor da Proativa Comunicação.

Já Mari Cavalcante, especialista em Comunicação e Marketing de Influência, explica que não há uma regra para o posicionamento das marcas neste período. “É importante ressaltar que, nas eleições de 2018, houve dois cenários em que marcas claramente se posicionaram e, outras, preferiram a isenção, fator que deve ser alinhado internamente”.

“No Brasil, as posições políticas de esquerda e direita sempre foram bem definidas. O eleitor, muitas vezes, defende vorazmente seu partido político e também o candidato escolhido. Isso pode afetar ou não as marcas de acordo com a postura que adotarem, seja de posicionamento ou de isenção”, certifica. “Hoje, se posicionar não é apenas em relação à política, mas também a causas sociais. Às vezes, as empresas gostam de ter uma representatividade social, representando, por exemplo, a questão dos LGBTQIA+, ou seja, vai além do teor político”, afirma.

A especialista frisa que é importante construir uma narrativa que exalte a escolha democrática do voto e da importância que o cidadão possui em exercer o direito de escolha, respeitando partidos e candidatos.

É indiscutível que a pressão nas redes sociais é uma realidade. E a tendência é isso ser cada vez mais potencializado. Entretanto, pessoas ou marcas não são obrigadas a posicionar-se, mas devem ficar atentas ao que está sendo falado.

“Principalmente quando o que se espera da organização é um discurso politicamente correto, mas longe de ser genuíno e perceptível no dia a dia daquele negócio. Diante disso, orientamos nossos clientes a acompanharem a sociedade, usarem a seu favor oportunidades (desde que sejam legítimas) e buscarem entender o que público pensa e sente. Ignorar esta bússola, que é a percepção do cliente, pode ser um erro fatal”, garante Flávio Resende.

Segundo Daiane Sgrancio, especialista em relacionamento e networking, a internet é uma cúpula em que pessoas que têm visões distintas e posicionamentos totalmente alelos estão nesse mesmo meio expondo opiniões o tempo inteiro. Segundo ela, marcas, empresas, pessoas politicamente expostas e influenciadores devem estar atentos a isso para que não se envolvam diretamente nessa disputa de espaço político partidário na mídia.

Professor de Relações Institucionais do Ibmec Brasília, Eduardo Galvão assegura que, para as marcas, embarcar em temas polarizados pode fortalecer o vínculo com o nicho delas ou pode ser uma cilada e levar a empresa para dentro do olho do furacão.

 “Deve-se evitar crises desnecessárias para proteger uma marca. E, em um momento sensível como está sendo o das eleições deste ano, é importante que as empresas façam uma matriz de risco político e reputacional e que seus conteúdos de ativismo e de posicionamento estejam verdadeiramente ligados com a sua identidade”, ressalta.

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