Influenciadores: a nova voz de autoridade na era da Geração Z
Como influenciadores digitais estão moldando opiniões e redefinindo o papel do jornalismo tradicional na era das redes sociais
atualizado
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Nos últimos anos, vem acontecendo uma transformação radical na forma como a sociedade consome informações e forma opiniões. A Geração Z, conhecida pelo consumo digital e cronicamente on-line nas redes sociais, tornou-se o epicentro de uma revolução em que os influenciadores surgem como novas vozes de autoridade, muitas vezes tão ou mais poderosas do que o jornalismo tradicional. Essa mudança não é apenas significativa, ela redefine completamente o conceito de liderança de opinião.
A tradição do jornalismo tem raízes profundas na verificação de fatos, na ética e na busca pela verdade. No entanto, com o advento das redes sociais e o surgimento de plataformas como YouTube, Instagram e TikTok, a dinâmica mudou.
Os influenciadores, que começaram como criadores de conteúdo em nichos específicos, ganharam uma audiência massiva. Hoje, a capacidade de impactar decisões e percepções de milhões de seguidores os coloca em uma posição de poder comparável ao dos jornalistas.
Um exemplo claro dessa mudança é a influenciadora digital Kim Kardashian que, com mais de 350 milhões de seguidores no Instagram, não só dita tendências de moda e beleza, mas também aborda questões sociais e políticas. Para muitos, a palavra de Kim é mais influente do que a de grandes veículos de comunicação.
Outro exemplo é o youtuber e empresário brasileiro Felipe Neto, que começou como criador de conteúdo e hoje é uma voz ativa em debates políticos e sociais, influenciando a opinião de milhões de jovens.
Essa transição de poder midiático não passou despercebida pelas marcas. Empresas globais perceberam que, para se conectar com o público da Geração Z, não basta investir em publicidade tradicional: é preciso estar onde esse público está e falar a língua que ele entende.
Marcas como Nike e Coca-Cola investem pesadamente em parcerias com influenciadores, não apenas para promover produtos, mas para se posicionarem como partes integrantes de uma cultura mais ampla.
A Nike, por exemplo, tem colaborado com influenciadores fitness para promover o conceito de “esporte para todos” enquanto a Coca-Cola utiliza influenciadores para se manter relevante entre os jovens, vinculando-se a temas de sustentabilidade e inclusão.
Apesar disso, essa nova realidade traz desafios. A influência dos criadores de conteúdo não está isenta de controvérsias. A falta de regulamentação e o questionamento sobre a credibilidade são tópicos que merecem atenção.
Diferente dos jornalistas, os influenciadores muitas vezes não têm o mesmo compromisso com a imparcialidade, o que pode distorcer informações e gerar desinformação. Por isso, é vital que, ao utilizarmos esses canais para comunicação, mantenhamos a ética como ponto de partida.
Vendo esse novo cenário, é nítida a importância de acompanhar essas mudanças e adaptar nossas estratégias. Os influenciadores são parte fundamental da nova cadeia de comunicação, mas o discernimento é essencial.
Assim como valorizamos o jornalismo de qualidade, devemos apoiar influenciadores que se comprometem com a verdade e a responsabilidade social.
Estamos em uma era onde a informação é descentralizada e democratizada. Aproveitar as oportunidades que os influenciadores oferecem não é uma escolha, mas uma necessidade para qualquer marca que deseja se manter relevante.
A chave é alinhar nossa mensagem aos valores que compartilhamos com nossos consumidores, garantindo que o impacto seja positivo e construtivo.
No fim das contas, seja por meio de um influenciador ou de um jornalista, o que realmente importa é a capacidade de comunicar de forma autêntica e eficaz, estabelecendo conexões genuínas que vão além da superfície. A influência, seja ela de quem for, deve sempre caminhar lado a lado com a responsabilidade.
Camilla Covello é CEO da C2L | Communication to Lead.