Conteúdos curtos e mais próximos da realidade darão as cartas em 2023
Especialistas acreditam que influenciadores e creators se aproximarão mais do público e aproveitarão melhor a economia criativa ano que vem
atualizado
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Que o número de influenciadores digitais cresce a cada dia nas plataformas, disso ninguém duvida. Inclusive, segundo o relatório de Mídias Sociais 360° (#MS360FAAP) – produzido em parceria entre o Núcleo de Inovação em Mídia Digital (NiMD), o Centro Universitário FAAP e a Emplifi, empresa de monitoramento de redes -, as interações do público com influencers nas redes sociais são muito maiores do que com perfis de marcas.
Por isso, é interessante para as empresas contarem com influenciadores produzindo conteúdos alinhados aos propósitos da marca, pois isso abre um leque de chances de fazer com que ela conquiste resultados eficazes em termos de conversão, por exemplo.
Mas por que esse interesse tão grande da audiência pelos influencers? De acordo com Pedro Gazzola, CEO da Roda Digital, que trabalha com Marketing de Influência e gerenciamento de carreiras, uma das razões é que boa parte dos influenciadores mostra a rotina sem filtro e sem tentar “glamourizar” a realidade.
“Influencers da ‘vida real’ vêm ganhando destaque com conteúdos que possuem menos filtro e que passam verdade. O público, em geral, tem se mostrado mais preocupado com isso. Também acho que conteúdos que refletem a diversidade da sociedade que vivemos e que vem crescendo ano após ano terão grande espaço nas redes. E, por fim, o humor, que nunca perde espaço, ainda mais quando se trata do dia a dia, do cotidiano das pessoas”, explica.
Para 2023, o executivo acredita que conteúdos sucintos e com qualidade, bem como vídeos curtos, se consolidarão ainda mais nas redes sociais.
Já Bruno Érnica, diretor de criação da Ampfy, aponta que os influenciadores e creators se aproximarão mais do público e aproveitarão melhor a economia criativa.
“Veremos os influenciadores de nicho sendo apoiados financeiramente por seus fãs em troca de alguma experiência. Por exemplo, é possível que sejam criados pequenos clubes, onde por meio de grupos no Telegram ou WhatsApp, os fãs terão conteúdos exclusivos, conversas e novidades em primeira mão”, pontua.
Como os influencers devem se posicionar em 2023
Manterem-se fiéis e com conteúdos que tragam sempre a personalidade pode ser um ponto de partida para o posicionamento no próximo ano. O público vem amadurecendo ano após ano quando se trata de consumo de conteúdo digital e situações que antes passavam despercebidas hoje não passam mais.
“O que exige cada vez mais uma profissionalização do mercado e a incorporação da responsabilidade que a profissão exige”, estrutura Pedro Gazzola.
Bruno Érnica concorda. Segundo ele, será preciso trazer mais realidade e menos plasticidade. Os nomes que são omissos a assuntos polêmicos, por exemplo, serão ainda mais cobrados.
“Isso porque o público espera que seu ídolo também questione o que está acontecendo no mundo. Os famosos ‘isentões’ podem até ganhar entre marcas que não compram brigas, mas perderão muito do ponto de vista do público”, garante Érnica.
Mercado aquecido
Aos 24 anos de idade, o influencer Enaldinho (foto principal) acumula mais de 4 milhões de seguidores no Instagram. O mineiro de Belo Horizonte começou a criar conteúdo praticamente do zero e hoje chega a marca de mais de 24 milhões de inscritos no YouTube, além de mais de 7 bilhões de visualizações na plataforma.
Ao Metrópoles, Enaldinho conta que está se planejando para continuar produzindo bastante conteúdo, principalmente no YouTube, mas também quer dar atenção a outros meios como Instagram, TikTok e Twitch.
“Pretendo ainda voltar com os shows em vários lugares do Brasil para lançar mais produtos licenciados. Tem muita coisa boa vindo por aí. O 5G já está sendo implementado no Brasil e estou de olho nas oportunidades que essa tecnologia trará para o mercado, pelo fato de querer sempre entregar o melhor para o meu público”, conta, afirmando que o papel de um influenciador perante a sociedade, acima de tudo, é entreter e passar alegria para todos de forma responsável.
Para ele, se comparado os anos de 2021 e 2022, o mercado de influencers ficou ainda mais aquecido após a pandemia com a possibilidade de atuação em vários âmbitos. “Teve muita gente enxergando oportunidades de trabalho, não somente como criador de conteúdo, mas também como empreendedor, sócio ou embaixador de grandes marcas.”
Microinfluenciadores
É fato que existem lugares para todos nas redes sociais e os microinfluenciadores vêm conquistando um espaço no mercado. Além disso, é possível perceber um público fidedigno e muito próximo deles.
“Muitas marcas têm investido em promover ações com microinfluenciadores. Acredito que a tendência nos próximos anos é que eles estejam cada vez mais presentes nas campanhas”, reflete Gazzola.
“O awareness é importante, mas dentro de uma estratégia torna-se relevante olhar para quem conversa com aquele público, de forma próxima e engajadora. Os microinfluenciadores têm um papel crucial, pois eles são capazes de criar conexões ainda mais reais, já que possuem menos pessoas para interagir e esse contato acaba sendo correspondido. Os micro também funcionam muito bem em nichos e no demográfico, tornando as estratégias mais assertivas e menos genéricas”, complementa Érnica.
Futuro
Assim como o público vem amadurecendo, os criadores de conteúdo também. Estão cada vez mais presentes em grandes campanhas, em filmes e em novelas, conquistando espaço não só no meio artístico e on-line como também tornando-se sócios de grandes empresas e transformando a influência em grandes negócios.
“Como o mercado ainda é muito novo e como tudo que é novo gera muita insegurança, a sensação é de ser algo passageiro. Percebo, porém, que estamos entrando numa nova era em que vários nomes se consolidarão no mercado mostrando tanto o seu potencial como mídia quanto marca”, afirma o CEO da Roda Digital.
“Com plataformas como TikTok e o algoritmo que traz assuntos pertinentes aos usuários, veremos cada vez mais pessoas comuns como influenciadoras, produtoras de conteúdo e que podem hitar a qualquer momento com um vídeo sobre um assunto que gosta. Ao invés de termos alguns nomes como referência, passaremos a olhar os conteúdos, independente do @. Todos seremos creators e influenciadores, ainda que apenas sobre um assunto ou em um micromomento”, ressalta Érnica.
Segundo o executivo, mais do que nomes ou números, a produção do conteúdo, a qualidade e o empenho das entregas ficarão ainda mais evidentes. E, quem era influenciador, passará a olhar para os publis como entregas maiores do que apenas um combo de post e três stories.
Entretanto, o mercado de influencer ainda tem um longo caminho pela frente no Brasil. “Quando se trata de investimentos, se comparado a outros países, estamos engatinhando. Também acho que, com a chegada do 5G, um novo leque de possibilidades se abrirá. Iremos ver se tendências como o Metaverso, por exemplo, se consolidarão ou não”, prevê Gazzola.