A importância dos colaboradores no processo de inovação da companhia
Em artigo exclusivo, Alfonso Argudín, presidente da Bimbo Brasil, fala sobre como o ato de inovar vai muito além do uso de tecnologias
atualizado
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Quando abordamos o tema inovação, automaticamente pensamos em novas tecnologias, produtos, entre outras novidades palpáveis, porém, sabemos que inovar vai muito além. O processo de inovação se inicia por meio de ideias e colaboração de profissionais. Para se obter sucesso, é preciso gerenciar todas as etapas de forma organizada e oferecer a abertura necessária para que os colaboradores possam criar e compartilhar suas ideias, o que envolve a cultura e liderança da companhia, além de motivação. Em uma pesquisa da Right Management, com 30 mil pessoas de 15 países – sendo 10 mil delas brasileiras – foi concluído que os profissionais motivados são 50% mais produtivos.
Quando cheguei na Bimbo Brasil, um dos meus desafios foi remodelar a forma como trabalhávamos inovação por meio dos pilares de cultura e liderança, o que já nos trouxe resultados positivos e foi peça-chave para conseguirmos nos adaptar no último ano com a mudança de cenário por conta da COVID-19. Por exemplo, por meio das nossas novas estratégias conseguimos levar a padaria para a casa do consumidor com o Artesano Pão na Chapa, quando as pessoas não podiam sair de casa para consumi-lo.
Tivemos que readaptar nossas linhas de acordo com os novos hábitos de consumo e compra, com pessoas buscando mais agilidade e praticidade e demorando menos tempo nas gôndolas, por exemplo, o mini bolo Pullman foi a solução para snack no meio do dia. Resgatamos os sabores de infância e momentos em família com o lançamento dos bolos redondos de Artesano. O objetivo foi reavaliar as demandas e entregar o que era mais importante para os consumidores em um momento atípico.
Para isso, observamos que ao estimular a participação dos colaboradores como agentes de mudança e reforçar o intraempreendedorismo na empresa, podemos trazer um resultado muito melhor e mais ágil. Segundo pesquisa da empresa de inovação Ace Innovation Survey Report 2019, os trabalhadores são fonte de inovação para 21,7% das empresas, seguidos pelos clientes, com 20,8%.
Portanto, foram desenvolvidas iniciativas para auxiliar na mudança de mentalidade, incentivando participação ativa dos colaboradores como “donos” de projetos no processo de transformação da companhia, por exemplo, promovemos grupos e treinamentos com equipes diversas e desenvolvemos a liderança em todos os níveis hierárquicos como fator-chave para o crescimento da empresa. Descobrimos também que focar nos pontos positivos de cada um e estimular a troca de experiências aumenta a contribuição e o desenvolvimento de novas ideias, muitas delas resultaram em lançamentos, em novos processos ou novas oportunidades de negócios. Mas é preciso ter uma agenda clara com foco nos objetivos e onde a empresa almeja chegar.
É vital que neste processo as equipes estejam próximas e mais colaborativas, com canal aberto aos seus gestores, para nós, toda ideia é válida, independentemente de tempo de casa ou função. Concluímos que os grupos de reunião com equipes diversas enriquecem as etapas de um processo: pessoas com ideias distintas conseguem trazer tanto o que pode dar certo como as oportunidades que devem ser exploradas.
A troca de experiências foi fundamental para ajudar a chegar nos resultados e podemos destacar três pontos base que permeiam em todas as nossas reuniões: reconhecer pontos fracos, diversidade das ideias e engajamento de todos.
Um dos principais grupos de discussão que implementamos tem como premissa ter um colaborador palestrante diferente em cada reunião, trazendo um case de sucesso e, a partir daí, traçar uma estratégia para chegar ao objetivo daquela conversa. É importante também permitir a troca de experiências no âmbito pessoal e profissional, assim aprendemos muito com nossos colaboradores, que também são consumidores dos nossos produtos. Surgem temas que não imaginávamos levantar em reuniões realizadas em outros cenários.
Em 2020, tivemos mais de 200 colaboradores de áreas diversas envolvidos nos processos de transformação, contribuindo ativamente com as inovações. Isso foi fundamental para ajudar a disseminar a cultura, os valores e a nova mentalidade de dono que vai muito além da área que exclusivamente recebe o título de inovação.
Ao longo de 2021, iremos concentrar os esforços em projetos de alto potencial para otimizar os nossos recursos e maximizar os resultados, sempre buscando acompanhar as tendências, capturar as oportunidades e construir o futuro, impulsionando o negócio e gerando vantagem competitiva para a Bimbo Brasil. Além disso, temos trocado muito com outros mercados, principalmente com outros países que o Grupo Bimbo opera como México, Espanha, Estados Unidos e Canadá, para entender se há algo que está sendo feito fora e possa ser trazido para o Brasil e vice-versa. Ainda temos muitos desafios pela frente, mas demos alguns passos importantes para avançarmos nessa nova cultura, estratégia e visão da inovação colocando nossos colaboradores como parte fundamental desse processo. O plano agora é seguir adiante com muita energia e vontade de fazer acontecer para trazer foco e agilidade e conseguir respostas cada vez mais rápidas diante de um mercado altamente competitivo.Alfonso Argudín é presidente da Bimbo Brasil. Em 2001, ele começou sua carreira na AC Nielsen, iniciando sua primeira trajetória no Grupo Bimbo como Brand Manager, em 2003. Em 2006, teve uma rápida passagem pela Nestlé e depois trabalhou na Colgate-Palmolive. Alfonso retornou para a Bimbo em 2009 como gerente de marketing no México, consolidando-se como um dos destaques da companhia no mundo.