Faltam sistemas de segurança básicos no Facebook, critica ex-executiva
Pela primeira vez em um evento desde que escândalo veio à tona, Frances Haugen aprofundou denúncias feitas à rede social
atualizado
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A cada nova edição, o Web Summit comprova: o mundo está ficando digital. E, nesse planeta de dados, todos vão deixando pegadas — quer queiram os usuários ou não. A segurança e o uso adequado dessas informações sempre fizeram parte das discussões do evento, que este ano reservou um dos horários mais nobres da noite de abertura para a engenheira de dados Frances Haugen.
Poucos meses atrás, ela era uma ilustre desconhecida. Trabalhou no Facebook até maio e, recentemente, divulgou milhares de documentos internos da companhia à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos e à imprensa. Os materiais denunciavam práticas moralmente questionáveis, como a adoção de ferramentas para ampliar o consumo e aumentar a dependência dos usuários, além de vistas grossas ao crime organizado.
“Se você ler os documentos, fica claro que o Facebook deveria investir e implementar sistemas de segurança muito básicos”, alertou Frances, que falou em um palco pela primeira vez desde que o escândalo veio à tona. As acusações da ex-funcionária agravaram a crise existencial vivida pelo Facebook, que mudou de nome para Meta na última quinta-feira (29/10).
Mais denúncias
A executiva Libby Liu também foi convidada a falar para a audiência do Web Summit. Ela lidera a organização não-governamental Whistleblower Aid, que protege pessoas que fizeram denúncias, como a própria Frances Haugen. “Muitos estão se conscientizando de que não podem tolerar comportamentos errados das empresas em que trabalham. É preciso de muito mais proteção para que mais gente venha a público tentar mudar esse quadro”, pontuou.
Ao comentar o caso, o Facebook argumentou que as denúncias da ex-gerente de produtos “não mostram o quadro completo” e foram “escolhidas a dedo” para comprovar determinada tese. Frances replicou: “Com esse tipo de resposta, a companhia tenta nos dizer que ‘ou se tem transparência ou se tem privacidade’. Mas essa é uma falsa dicotomia”.
Mesmo com as críticas, a ex-funcionária promovida – involuntariamente – a informante revelou que está esperançosa com o futuro. “Tenho curiosidade para saber como será o Facebook daqui a cinco anos.” Para isso, no entanto, ela sugere que o ex-chefe Mark Zuckerberg saia de cena. “É preciso que esse processo seja liderado por alguém que tenha mais compromisso com a segurança dos dados”, concluiu, reforçando uma das expressões mais usadas em um dos maiores eventos de tecnologia do mundo.
O portal Metrópoles está presente no Web Summit 2021, em Portugal. A curadoria da cobertura tem a assinatura da Brivia, com geração de conteúdo da Critério — Resultado em Opinião Pública.