Eventos presenciais e on-line devem andar juntos, diz sócio do øclb
Cerca de 80% dos entrevistados em pesquisa da MindMiners acreditam que o formato virtual continuará crescendo mesmo com o fim da pandemia
atualizado
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Os eventos presenciais estão de volta, visto que a vacinação contra a Covid-19 tem acelerado. No entanto, o modelo on-line também continua a todo vapor. Pelo menos é o que aponta uma pesquisa feita pelo øclb (leia-se O Clube) entre julho e agosto de 2021. A mostra constatou que a aceitação dos eventos virtuais é de 94%. Além disso, 78% dos entrevistados apostam que esse formato continuará mesmo com o fim da pandemia. Feita por meio de um questionário na plataforma de Human Analytics da MindMiners, o levantamento contou com 1.000 respondentes de todo o país.
Não é surpresa que a fórmula dos eventos on-line tenha dado certo de forma tão rápida e intensa, uma vez que o Brasil é o país que mais passa tempo na internet e nas redes sociais. Conforme o estudo, 68% das pessoas afirmaram que a participação em formato virtual já é uma realidade, e 55% participou de um pela primeira vez durante a pandemia.
O øclb surgiu em 2017 quando a antropóloga Carol Soares e o publicitário e empreendedor Franklin Costa decidiram deixar uma vida confortável no Rio de Janeiro para viverem como nômades digitais. O primeiro destino foram os Estados Unidos para a imersão no SXSW, festival que envolve cinema, música e tecnologia, cujo objetivo foi trazer insights para projetos de consultorias e cursos.
Franklin Costa, sócio do øclb, conversou com o Metrópoles sobre a volta dos eventos presenciais e o futuro dos on-line.
O mercado profissional brasileiro está preparado para a retomada dos eventos presenciais?
Sim, mas não todos os tipos de eventos. O que responde se é possível ou não a realização presencial são duas variáveis. A primeira é a sanitária, que compreende a taxa de vacinação de cada lugar, a taxa de transmissão do vírus na região e o número de leitos disponíveis. Eventos ao ar-livre, por exemplo, são muito mais bem-vindos neste momento do que uma balada em um clube fechado e com ar-condicionado. Os corporativos, com baixa circulação de pessoas e sem bebidas alcoólicas, são muito mais controlados do que um festival de música. O problema é que abrange uma variedade muito grande de formatos e a maioria das pessoas, quando pensa em um, já coloca numa caixa de hedonismo e aglomeração. Eventos não são iguais, devem ser tratados caso a caso.
Os eventos on-line perderão a essência ou seguirão como concorrentes do presencial?
Segundo a pesquisa que realizamos em parceria com a MindMiners, 79% dos entrevistados afirmaram que acreditam que os eventos on-line continuarão crescendo, mesmo com o fim da pandemia. Enquanto os presenciais foram suspensos, as experiências virtuais aceleraram 7 anos em 1 nos últimos 18 meses. Dois em cada três brasileiros participaram de um evento on-line nesse período, sendo que 50% participou pela primeira vez. Eventos on-line não são concorrentes dos presenciais. São complementares. Costumo dizer que são como frutas, ambas são experiências. Mas são como bananas e laranjas. O segredo não é escolher entre uma e outra. Faça uma salada de frutas que o resultado será melhor! Eventos on-line entregam uma escala e alcance que nenhum evento presencial consegue entregar. Os presenciais constroem relações de confiança e uma imersão que nenhum evento on-line consegue entregar. Não é uma questão de um ou outro. São ambos entregando uma experiência somada e inesquecível.
O formato híbrido será uma alternativa?
O híbrido é o presente. As realidades virtuais e presenciais estão cada vez mais próximas. Basta considerar o tempo em que vivemos uma realidade mediada por telas em redes sociais, WhatsApp etc. Quanto tempo do nosso dia está dedicado para uma realidade que, por essência, já é 100% digital? Os organizadores de eventos do futuro mais capacitados serão profissionais que conseguirão navegar por essa dualidade, aproveitando o melhor de cada experiência para entregar de forma única, inesquecível e transformadora. As jornadas de experiências do futuro seguirão o modelo OOO: on-line/off-line/on-line. Haverá um diálogo constante entre esses eventos e sua comunidade, ora no on-line, ora no presencial. Não é para todos os tipos de eventos nem para todos os tipos de organizadores. Mas grandes festivais, conferências de inovação, convenções de negócios, até mesmo feiras de exibição podem se beneficiar desse modelo imensamente.