Este robô vai tomar o seu emprego – e talvez você o agradeça por isso
Tarefas repetitivas e trabalhos sujos ficarão com androides, enquanto humanos seguirão nas áreas de criatividade, promete o Web Summit
atualizado
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Imagine a ingrata tarefa de entrar em um galinheiro, desviar da sujeira, abaixar-se e pegar os ovos que caíram no chão. E são muitos: entre 500 e 600 por dia em uma fazenda de tamanho médio – cerca de 8% do total produzido. Não parece um trabalho muito desejado, não é mesmo? E, de fato, ninguém deve estar muito interessado nesse tipo de emprego: os donos de aviário têm tido dificuldades de encontrar candidatos para a vaga.
A solução? Um robô. Esse é o resumo da irlandesa Izario Poultry Robotics, uma das inúmeras startups que participam do Web Summit com soluções em robótica. “Nossa máquina funciona como um fazendeiro dentro do galinheiro, 24 horas por dia. Ajuda a reduzir os custos e o desperdício, colocando mais ovos nas prateleiras”, contou o fundador Raymond Heneghan.
Claro que nem todos os serviços substituídos por robôs são tão difíceis assim. Ao perambular pelos estandes e pavilhões do Parque das Nações, em Lisboa, o participante pode interagir, tocar, brincar e até dançar com humanoides.
Um dos mais assediados é o simpático CRUZR, da Ubtech. Ele está em Portugal graças à Beltrão Coelho, uma tradicional empresa lusitana do setor de impressão que decidiu desbravar o mundo da robótica.
“Somos um negócio de sete décadas e, há mais ou menos três anos, criamos um grupo de trabalho com o objetivo de pensar: ‘e se o papel acabar, o que acontecerá com a gente?’”, conta o head do departamento de robótica da companhia, Bruno Coelho. Foi quando eles começaram a trazer para o país diversas máquinas especializadas em serviços.
Tecnologia mais rápida do que a cultura
O CRUZR é personalizável e pode ter quatro funções: guia de museu, recepcionista de hotel, atendente de lojas e suporte em eventos. No primeiro caso, por exemplo, ele dá as boas-vindas aos visitantes, faz um tour guiado em várias línguas, recebe feedbacks e apresenta obras de arte. Tudo cloud-based, com proatividade.
No entanto, não se decepcione ao visitar o Oceanário de Lisboa ou o Museu Nacional do Azulejo: você possivelmente não encontrará o CRUZR. O robô ainda está em fase de testes de prova de conceito, conforme Coelho. “É coisa relativamente recente.”
Parte disso, segundo o head, tem a ver com a mentalidade europeia, mais tradicional e pouco afeita a novidades como a robótica. “Esse é um setor que está muito mais avançado no Brasil, por exemplo”, conta. “Aqui, a tecnologia está avançando mais rapidamente do que a cultura”, resume.
Mas não por muito tempo. Ele prevê que daqui a três anos esse tipo de tecnologia será muito mais comum. “Teremos de nos adaptar a essa nova realidade. É uma questão de tempo. As pessoas vão conviver bem com as máquinas.” E os empregos serão mantidos? “Vamos retirar das pessoas as tarefas rotineiras, chatas de fazer. Ainda precisaremos da parte criativa e sentimental. Nenhum robô aprendeu a ter afeto como o ser humano.” E, definitivamente, não é preciso desse atributo para juntar ovos do chão de um galinheiro.
O portal Metrópoles está presente no Web Summit 2021, em Portugal. A curadoria da cobertura tem a assinatura da Brivia, com geração de conteúdo da Critério — Resultado em Opinião Pública.