Criatividade, convergência tecnológica e estratégia na ponta dos dados
“O mercado publicitário tem lançado mão da tecnologia para se reposicionar e manter seu protagonismo criativo”, acredita Duda Brígido
atualizado
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Aquele modelo clássico de agência de publicidade bem-sucedida, recentemente retratada em séries, onde a sacada criativa aliada a uma assertiva estratégia de mídia de sua equipe era receita quase certa para o sucesso de uma campanha, ficou para história.
Não é de hoje que nós, empreendedores do mercado publicitário, somos desafiados a enfrentar e superar as mudanças dos tempos no nosso negócio. Lembrando somente dos anos 1980 para cá, são incontáveis os processos tecnológicos que fizeram e fazem a publicidade evoluir.
Aparelhos de telex, fax, composição, computadores, câmeras digitais e impressoras a laser são exemplos de hardwares que agilizaram em muito o processo de trabalho de desenvolvimento, atendimento, planejamento e criação. Mas foi a partir da segunda metade dos anos 1990 que a informática chegou de vez no nosso mercado. Com isso, as agências mudaram muito ao longo dos anos, sempre tendo a tecnologia como grande aliada estratégica e operacional. Tanto, que assistimos, no início dos anos 2010, ao surgimento das chamadas agências digitais, que especializaram seus trabalhos no “novo” universo da comunicação que se apresentava.
Porém, se no início de todo este processo de evolução tínhamos os hardwares como protagonistas, hoje, por outro lado, são os softwares que se destacam na ponta da tecnologia embarcada das agências.
Entregas multicanais, algoritmos, BI, inteligência artificial, realidade aumentada e a chegada do 5G são apenas alguns exemplos do que temos vivido no desenvolvimento dos trabalhos das agências. Mas se dispomos de tanta tecnologia em nossas mãos como nunca dantes, como entregar para nossos clientes, e seus respectivos públicos-alvo, uma comunicação humanizada, sensível e emocionante, ao ponto de se destacar frente à enxurrada de mensagens que as pessoas recebem diariamente?
Vamos aos dados. Entre 2013 e 2023, a quantidade de usuários de internet no Brasil aumentou 78%, passando de 102 para 181 milhões, de acordo com informação da revista Piauí. O acesso à internet nas áreas rurais do Brasil registrou um aumento de 20 pontos percentuais entre 2019 e 2021: (53% x 73%, respectivamente).
Conforme o site Globo.com, 8 em cada 10 jovens da Geração Z têm como principal preocupação da vida a estabilidade financeira – neste ano, 66% destes pretende usar as redes sociais para gerar renda. Em 2021, pela primeira vez, mais da metade das pessoas com 60 anos ou mais acessaram a internet, chegando a 57,5%.
Estes números reforçam o impacto do novo comportamento de consumo de mídia do brasileiro no meio digital. Em 2022, o brasileiro passou 9 horas e 32 minutos por dia, em média, navegando na internet. Como comparação, na Inglaterra, o tempo médio gasto na internet é de 5 horas e 47 minutos, de acordo com publicação da Piauí.
No primeiro semestre de 2023, o vídeo consolidou seu alcance massivo. De acordo com estudo do Kantar Ibope Media, em seis das maiores capitais do Brasil, o consumo de vídeo digital foi acima de 95%. Curitiba e Rio de Janeiro lideram com 99,6%; Brasília aparece com 95,6%. Ainda de acordo com este instituto, 68% de todo investimento publicitário feito em 2022 foi em formato de vídeo, e a TV/CTV é, disparado, o device mais utilizado (90,4%), seguido do smartphone (7,6%), ficando os desktops e tablets com menos de 2% de participação.
Frente a tantos números e dados, com pessoas cada vez mais conectadas e consumindo informações e entretenimento cada vez mais customizados e individualizados, em paralelo, vemos o comportamento da sociedade ditando novos caminhos e exigindo que empresas e instituições estejam cada vez mais alinhadas com as práticas ESG.
Após o período pandêmico, também assistimos às pessoas valorizarem mais a convivência física, quer seja nas relações profissionais, quer seja em suas relações sociais e familiares. Ou seja, não são poucos os desafios de quem faz comunicação na era pós-digital.
Como bem afirmou o pai do marketing, Philip Kotler, em sua obra Marketing 4.0, a convergência tecnológica acabará levando a convergência entre o marketing digital e o marketing tradicional, pois, em um mundo altamente tecnológico, as pessoas anseiam por um envolvimento profundo (nem que seja por alguns segundos – observação minha).Quanto mais sociais somos, mais queremos coisas feitas sob medida para nós.
Já faz algum tempo que trabalhamos nossas estratégias de comunicação, aqui na EBM Quintto, com a convergência entre os universos digital e físico. Não tem mais como separar um do outro. Melhor dizendo, somente trabalhando com esta convergência é que somos capazes de entregar a melhor solução em comunicação estratégica para nossos clientes nestes novos tempos.
Duda Brígido é publicitário e administrador. Pós-graduado em marketing, ele é sócio-diretor da EBM Quintto Comunicação.