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Creator Economy reflete preconceitos sociais do Brasil

No último dia de Web Summit Rio, empresária Monique Evelle mostra a importância do recém nicho da nova economia, mas pontua problemas

atualizado

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Fabrício Vitorino/Metrópoles
Foto colorida de Monique Evelle palestrando no Web Summit - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Monique Evelle palestrando no Web Summit - Metrópoles - Foto: Fabrício Vitorino/Metrópoles

A explosão da “creator economy” abriu um universo de possibilidades para os influenciadores digitais, mas acabou refletindo a realidade dura do mercado tradicional cheia de preconceitos sociais com negros, indígenas, pardos e a comunidade LGBTQIA+, que seguem subrepresentados e, pior, ganhando (muito) menos do que brancos.

Em seu painel durante o último dia de Web Summit Rio, a empreendedora e investidora-anjo baiana, Monique Evelle, trouxe importantes provocações sobre como é possível começar a mudar esse cenário.

O cenário, de fato, é extremamente negativo. O comportamento misógino e racista, nas redes sociais, tem impacto gigantesco na “creator economy”.

Evelle traz dados importantes: segundo estudo feito pela Anistia Internacional, a cada 30 segundos uma mulher é agredida no Twitter. E mulheres negras, asiáticas e latinas ou mestiças têm 34% a mais de chances de serem atacadas na rede social. E isso piorou muito após a compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk.

“Enquanto pensamos em usar as redes para monetizar, para ganhar dinheiro além da publicidade, vemos que tudo tem consequências. Inclusive na criação de conteúdo, na relação de creators de grupos subrepresentados com marcas”, explicou Evelle.

E as consequências de um pensamento que exclui negros, mulheres, indígenas, LGBTQIA+ e demais grupos de minorias são evidentes na saúde mental destes profissionais.

Impacto do racismo na economia de creators

“A gente não consegue visualizar o impacto de consumir, diariamente, conteúdos racistas, xenofóbicos, transfóbicos, no nosso dia a dia. Eu, por exemplo, quando houve o assassinato de George Floyd, fiquei um mês sem trabalhar. E as pessoas diziam ‘você é criativa’. Mas eu não conseguia. E as pessoas não conseguem visualizar esse impacto da xenofobia, da transfobia, do racismo, na criatividade, e na produtividade”, completou.

Então, a cadeia proposta pela empresária baiana é lógica: pertencer a um grupo subrepresentado que é alvo de preconceito – e ser vítima de ataques e estar exposto a conteúdos agressivos – tem efeito devastador na saúde mental. E a consequência disso é uma queda na produtividade. Que, por sua vez, tem impacto direto no: lucro!

Evelle lembra que a Creator Economy movimenta R$ 70 bilhões por ano no Brasil, segundo dados da CB Insights, e teve aumento de 171% em novos criadores. Influenciadores que se autodeclaram pretos, pardos e indígenas ganham 29% a menos que os influenciadores brancos (dados da pesquisa Time to Face the Influencer Pay Gap, de 2021).

Verba para diversidade não chega aos grupos subrepresentados

Para resolver o problema da falta de diversidade nas marcas, as empresas encomendam campanhas às agências, destinando verbas milionárias a compromissos de equidade de gênero – ou ao menos para buscar um porcentual maior de grupos subrepresentados.

Esse orçamento milionário, repassado às agências, no entanto, não chega, de forma equilibrada, a creators brancos e negros.

“Em nenhum momento encontrei alguma marca questionando as agências se estão pagando adequadamente os criadores de grupos subrepresentados. Isso não acontece. É uma fatia muito grande do dinheiro que está concentrado nos intermediários, nas agências. Enquanto os clientes não questionarem os intermediários, o mercado vai continuar do mesmo jeito. Provavelmente você está ganhando 29% a menos. E, no Brasil, eu chutaria 70% a menos. E a gente também não fala sobre isso”, disse Evelle.

E, vale lembrar, a população negra é de 55% no Brasil – e 52% de mulheres, sendo que 28% são mulheres negras, segundo o IBGE.

O potencial de consumo estimado da população negra é de R$ 2 trilhões, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, em 2021. E ainda: o potencial de consumo das favelas chega a R$ 167 bilhões em 2022, segundo dados do Outdoor social inteligência, de 2022.

“Tudo o que estou falando aqui é sobre dinheiro. E a gente prefere ser racista do que ganhar dinheiro numa sociedade capitalista. Eu não entendo. Vocês preferem perder dinheiro do que fazer o certo… Há espaço para creators negros e indígenas na nossa sociedade? Se continuar do jeito que estou falando, não há, né?”

Monique Evelle, empresária e investidora-anjo

Fundo para investir em negócios de grupos subrepresentados

Monique Evelle, em parceria com Lucas Santana, aproveitaram o Web Summit Rio para anunciar, oficialmente, a Inventivos Angels, braço de investimento da plataforma para formação de novos empreendedores, que vai focar essencialmente em negócios plurais. Ou “gente como eu”, segundo Monique Evelle

A Inventivos Angels oferece investimentos em startups em estágio pré-seed e seed, em valores que chegam a R$ 500 mil por empresa. O requisito é que ao menos um terço dos C-Level ou de fundadores deva ser formado por pessoas de grupos sub-representados.

Metrópoles na Web Summit

A cobertura pode ser acompanhada na M Buzz e também nas redes sociais do portal. A geração dos conteúdos terá a produção do jornalista Fabrício Vitorino.

Entre os nomes de peso confirmados estão:

  • David Vélez, fundador e CEO da Nubank;
  • Edith Yeung, Early-stage venture investor da Race Capital;
  • Luciano Huck, apresentador da Rede Globo;
  • Mada Seghete, VP de marketing da Branch;
  • Roger Laughlin, fundador & Brazil CEO da Kavak;
  • Catherine Powell, Global Head of Hosting do Airbnb;
  • KondZilla;
  • Ayọ Tometi, cofundador do Black Lives Matter;
  • Fernando Machado, CMO da NotCo.

Todos os palestrantes podem ser conferidos neste link.

Quando: de segunda-feira (1º/5) à quinta-feira (4/5).

Onde: Riocentro – Rio de Janeiro (RJ).

Horário: das 9h às 17h

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