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Chega de sofrer, criativo: aprenda a domar suas ideias

Especialista em criatividade, Thais Boulanger mostra os caminhos para controlar a ansiedade e transformar insights em realidade

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Chega de sofrer, criativo aprenda a domar suas ideias – Metrópoles
1 de 1 Chega de sofrer, criativo aprenda a domar suas ideias – Metrópoles - Foto: avgust01/Getty Images

Há quem imagine a ideia como uma santa, uma amiga, um ser de luz com dois filamentos, uma lâmpada bonitinha que paira sobre cabeças iluminadas, conectadas, despertas. Mas, sabemos que não é bem isso.

A ideia pode ser uma coisa muito ruim em si mesma, ou seja, uma má ideia, ou ruim no tempo, ou seja, uma má hora. Ter uma ideia não é exatamente uma coisa boa, não necessariamente. Ela pode ou não ser oportuna.

Por isso, precisamos tratar as ideias como pessoas que passam em nossa vida. Nossa função é estabelecer um campo de diálogo, um ambiente com espaço para que ela se manifeste.

Caso você decida permanecer com suas ideias encostadas, tome cuidado. A ideia é uma coisa viva, de certa forma, e atua como um monstrinho em sua mente se deixada presa por tempo demais.

É trocando ideias e permitindo que os debates aconteçam que se descobre se elas são más ou boas. De qualquer forma, compartilhadas elas se encontram livres, prontas para serem desmembradas em diversos pedaços que podem construir algo maior do que a soma de suas partes ou para se consolidarem em si mesmas, tornando-se conceitos e firmando-se em valores.

Isso lembra também que, como a ideia é cheia de personalidade, não cai bem dar a ela um propósito frouxo, vil ou fraco. Quando seu propósito é mais fraco, a ideia fica sem combustível para seguir. Você é apenas mais um em sua equação. Há o valor, o momento, os recursos, e você.

Quando falamos de Platão, em geral, não costumamos considerá-lo como pessoa, queremos tratar apenas de suas ideias. Ideias fortes, muitas vezes, tomam o nome e a vida de seu operário.

As ideias platônicas só foram possíveis porque ele se despiu em algum momento de si mesmo para dar seu nome a elas. Ao saber emprestar-se e ao mesmo tempo controlá-la, foi mestre e serviçal, um ser total.

Fácil não é, mas é possível. Alguns já provaram, deixando rastros, indícios, fórmulas e métodos.

Mas por que é tão difícil?

Porque somos feitos para permanecer. Porque é fácil ter vontades, mas difícil lidar com ideias. Ideia requer gestação, empenho e educação; é de uma rebeldia fora do comum. Mas o fator principal que quero tratar aqui é que a ideia nos transforma, e isso é muito mais difícil de aceitar.

Por isso, a disciplina é importante. Tanto para lidar com a ideia, aprender como trabalhá-la e quando soltá-la de seus cuidados para que seja vista pelo resto do mundo quanto para se tornar capaz de lutar contra a vontade de tomá-la de volta para si.

Não fiquemos melindrados; somos passageiros; as ideias, não. Elas se materializam e transmutam através dos tempos. São “maravilhosidades” que nos usam para existir. E é um dever ficar feliz com isso.

Quando temos uma ideia de fazer algo, ela vai necessariamente nos transformar. Uma vontade vai apenas corroborar aquilo que já somos. Uma ideia fará algo conosco, mudará o sentido da ação não mais para atendermos a uma demanda, para permanecermos seguros.

Uma ideia transformará a nossa vida em uma outra coisa, tirará de nós alguma certeza, roubará de nossa existência aquela vida circunscrita às nossas características mais comuns.

A ideia não quer ficar parada, ela exige movimento e, tal como um animal, quando preso, pode tornar-se feroz e atacar seu dono. Há duas opções: domesticar ou soltar, caso não queira sair ferido dessa relação.

Sendo um criativo, já inventou algum outro caminho para lidar com a besta ideia em sua mente. Vá fundo! Coloque em prática e me conte no que deu! Ou melhor, deixe que ela conte ao mundo.

Thais Boulanger é professora e mestra em artes, diretora de projetos da Hanoi Editora, coordenadora de cursos e mentora do “Morada das Palavras”. 

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