ChatGPT: “IA não cria nada, só combina dados”, diz Paulo Cuenca
CMO da The Brain aponta que em meio a polêmicas relacionadas à inteligência artificial, a habilidade humana seguirá sendo valorizada
atualizado
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O que te garante que este texto realmente foi escrito por um humano? Se você alguma vez subestimou o poder da inteligência artificial, preciso te dizer que chegou o dia em que ela é capaz de combinar ideias e produzir um artigo com começo, meio e fim.
Nos últimos meses, muito se falou sobre o ChatGPT, tecnologia que gera diferentes tipos de texto em segundos. Apesar de facilitar a vida de muita gente, ela também trouxe o questionamento sobre o futuro da comunicação e do mercado de trabalho nesse setor. E, para ser justo, vou deixar a própria ferramenta responder sobre isso:
“A existência de modelos de linguagem como o GPT não vai necessariamente tirar o emprego de quem produz conteúdo, mas pode mudar a forma como o trabalho é feito. Modelos de linguagem como o GPT são excelentes em tarefas repetitivas e automatizadas, como a geração de resumos ou a tradução de textos. Isso pode permitir que os profissionais de conteúdo se concentrem em tarefas mais criativas e estratégicas, ao invés de gastar tempo em tarefas repetitivas. Em vez de ameaçar os empregos, modelos de linguagem como o GPT podem ser usados como ferramentas para complementar e melhorar o trabalho dos profissionais de conteúdo.”
A inteligência artificial não cria nada, ela apenas combina dados para responder perguntas e/ou gerar conteúdo em segundos, conforme a sua orientação.
Então, se você está preocupado com a possibilidade de perder para um robô, lembre-se de que tudo o que a ferramenta gera vem do conhecimento humano. Afinal, quem é que coloca conteúdo de verdade na internet? Pode ser que daqui há algum tempo até este artigo que você está lendo agora seja usado pelo ChatGPT para responder perguntas. Já pensou que loucura?
Por gerar textos em segundos, a IA chamou atenção e “caiu nas graças” das pessoas. Inclusive, tem gente que já está substituindo o Google pela novidade nas buscas. É até interessante fazer isso, mas enquanto o buscador faz uma varredura completa na internet, o ChatGPT dá uma única resposta objetiva e simples, ou seja, ele não serve para questões complexas e pode enviesar ou até mesmo errar as respostas.
E por falar em errar, a tecnologia não é totalmente confiável e, como toda novidade, está sendo testada. Eu mesmo quis ver o ChatGPT em ação com os meus próprios olhos e vou compartilhar com você a experiência.
Primeiro, eu perguntei: “qual é a diferença entre social media e estrategista de conteúdo?”. E eis aqui a minha resposta:
“A principal diferença entre um profissional de social media e um estrategista de conteúdo é a natureza do trabalho. O profissional de social media é responsável por gerenciar a presença de uma empresa nas mídias sociais, incluindo a criação de conteúdo, a interação com seguidores e a monitoração da marca.
Já o estrategista de conteúdo tem a função de planejar, criar e distribuir conteúdo relevante e atraente, a fim de atingir objetivos de marketing e de negócios da empresa, em diversas plataformas, incluindo mídias sociais. Em resumo, o social media é responsável pelo dia a dia da presença da empresa nas mídias sociais, enquanto o estrategista de conteúdo é responsável por planejar a estratégia de conteúdo da empresa como um todo”.
Me surpreendi com a resposta completa e estruturada, apesar de não ter profundidade, não trazer detalhes e repetir muito os mesmos termos.
Depois, eu continuei fazendo perguntas parecidas sobre a profissão de estrategista de conteúdo. As respostas começaram a se repetir, sem nenhuma novidade, deixando claro a limitação da ferramenta.
A habilidade humana de gerar respostas completas, de várias fontes, não está em risco. O estrategista que produz conteúdo de verdade jamais será substituído por uma ferramenta que coleta informações superficiais da internet. Ela pode ser a sua aliada, mas só você sabe falar a língua da sua marca e gerar conexão com o seu público. É impossível reproduzir o seu branding e o seu jeito único de se comunicar com as pessoas.
O ChatGPT não transforma conteúdo em dinheiro, longe disso. Ele é apenas uma tecnologia que pode ser usada, sim, como ferramenta adicional, mas não serve para substituir o estrategista. Os “postadores” vão gostar da novidade e, inclusive, vão ter mais conteúdo produzido. Agora, a autoridade e as vendas, só mesmo um profissional bom é capaz de fazer.
Em resumo, as diversas áreas da comunicação continuarão sendo planejadas estrategicamente por seres humanos, mas o diferencial competitivo será ainda maior e cobrará um conteúdo que leva a sua identidade, o branding da sua marca, com a sua linguagem, ícones, crenças e aquilo que ninguém (nem máquinas, nem pessoas) podem copiar.
Paulo Cuenca é especialista em marketing de conteúdo do Brasil. É também co-founder e CMO da The Brain, da Bee Social e da Holding Supernova.