No mercado publicitário, existe um mito persistente: processos sufocam a criatividade. Já eu acredito que a verdadeira inovação surge justamente do equilíbrio entre liberdade criativa e organização estratégica.

Um planejamento bem feito pode não apenas otimizar a produtividade, mas também criar um ambiente no qual as ideias mais brilhantes ganham vida.

Equilibrar a necessidade de inovação com processos estruturados apresenta diversos desafios. Os profissionais criativos, especialmente os mais “artistíssimos”, precisam de tempo e espaço para criar e desenvolver suas referências. No entanto, essa liberdade não deve ser confundida com desorganização.

Um processo bem delineado oferece a estrutura necessária para que esses profissionais possam florescer.

Organizar tarefas e definir prazos claros garante que eles tenham o tempo e o espaço para criar enquanto mantemos a visibilidade para líderes e clientes, evitando interrupções desnecessárias que apenas prejudicam o fluxo criativo.

Para que isso funcione, é fundamental dividir o processo criativo em etapas claras: pesquisa, concepção, desenvolvimento e aprovação. Entregar tudo de uma vez após semanas de trabalho raramente funciona.

Incluir o cliente em pequenas entregas diárias, permitindo que veja a evolução e participe ativamente do processo, aumenta significativamente as chances de aprovação final.

Isso cria um sentimento de coautoria, em que a ideia é moldada em conjunto, resultando em um produto muito mais satisfatório.

Adotar metodologias ágeis como o Scrum na gestão de equipes criativas tem sido um divisor de águas. Elas nos permitem organizar tarefas de maneira que o tempo de cada profissional seja respeitado e otimizado.

Com entregas diárias e feedback constante, mantemos o cliente sempre atualizado e envolvido. Isso reduz a resistência às mudanças e aumenta a aceitação dos processos, já que todos entendem os benefícios tangíveis.

Quando os profissionais criativos veem os resultados positivos e a eficiência que esses métodos trazem, a resistência inicial rapidamente se dissipa.

A tecnologia também desempenha um papel crucial na otimização dos processos criativos. Ferramentas como o Adobe Photoshop e, mais recentemente, a inteligência artificial não substituem o talento humano, mas o potencializam.

A IA, por exemplo, pode automatizar tarefas repetitivas e fornecer insights valiosos, permitindo que os criativos se concentrem no que fazem de melhor: criar. Com essas ferramentas, eliminamos o trabalho braçal e damos mais tempo para a parte pensante do processo.

Gerenciar equipes criativas em operações in-house apresenta desafios específicos, principalmente quanto à necessidade de justificar e mostrar o valor de cada minuto gasto em pesquisa e desenvolvimento para o cliente.

Isso requer transparência e comunicação constante, garantindo que o cliente entenda e valorize cada etapa do processo criativo. Assim mostramos que a estrutura não é um obstáculo, mas um facilitador desse processo.

Como agência, nossa cultura é intrinsicamente criativa, e isso se reflete em todas as nossas ações e estratégias.

Promovemos a experimentação e o pensamento fora da caixa, incentivando nossos colaboradores a sempre buscar novas referências e se manter atualizados com as tendências do mercado.

Além disso, mostramos que processos definidos não são obstáculos, mas aliados da criatividade.

Na All Set, demonstramos que é possível ser organizado e inovador ao mesmo tempo. A chave está em adaptar os processos às necessidades dos profissionais e projetos, garantindo sempre a visibilidade e a participação ativa de todos os envolvidos.

Dessa forma, criamos um ambiente propício para que criatividade e resultados excepcionais floresçam juntos.

Yaskara Kawasaki é sócia e diretora de operações na All Set.