Aprendizados que a pandemia ensinou aos empreendedores
Para Natasha de Caiado Castro, fundadora e CEO da Wish International, é preciso resgatar o engajamento oferecendo experiências bacanas
atualizado
Compartilhar notícia
Há quase dois anos fomos surpreendidos com a notícia da pandemia da Covid-19 e a chegada do isolamento social. O mundo como conhecíamos foi transformado do dia para a noite. E se antes falávamos em “voltar ao normal”, hoje fica claro que não é mais possível voltar à rotina de antes. Isso porque as transformações foram tão profundas que nós tivemos que aprender a conviver e nos adaptar, tendo uma nova concepção de normalidade.
O desgaste que a quarentena causou no público interno fez com que ficassem mais individualizados. Isso impactou drasticamente as trocas de experiências e comunicação entre a equipe, atrapalhando a criatividade e as atividades que precisam de trocas, como o brainstorming, essenciais dentro das empresas.
Sem o contato humano, a criatividade diminuiu muito. As campanhas perderam o brilho, pois a cocriação – que vem da conversa com o colega ao lado – inexistiu por todo esse período de home office.
Com isso, a diversidade de pensamentos também teve grande queda. O mundo ficou chato e monocromático. O isolamento limitou a expansão da diversidade, que é vital para descobertas de problemas, que precisam ser vistos de diversos ângulos.
Com a pandemia, a segurança em todas as dimensões – pessoais e profissionais – virou prioridade. A pirâmide de necessidades de Maslow nunca foi tão atual. O ser humano teve sua segurança física, mental, moral e emocional abaladas e ‘gato escaldado tem medo de água fria’, não é? Isso criou um universo bem mais individualista e com falta de interação social.
Pesquisas de um dos thinkers da Wish International, professor Ming Hsu, neurocientista da universidade da Califórnia em Berkeley que estuda o comportamento do cérebro em diversas situações, tem analisado a “ausência” da experiência no dia a dia das pessoas. Segundo os estudos, buscamos a adrenalina o tempo todo e tivemos este instinto básico frustrado por muito tempo.
Outro thinker, o professor de antropologia da Sorbonne de Paris, Perig Pitrou, tem estudado Antropologia da Vida e como essas mudanças de hábito tem modificado a sociedade, principalmente a falta de autonomia econômica e de bens que a pandemia e os lockdowns trouxeram à tona. Todas as nações acabaram dependentes das outras, o que muda o cenário político. A hiperconexão global mostrou fragilidades nos sistemas, que antes não tinham holofote.
O que é possível fazer?
É preciso resgatar o engajamento do público interno e a melhor solução é oferecer experiências bacanas, como workshops e confraternizações híbridas.
Ter empatia com o colaborador é essencial. Isso porque os valores mudaram, as pessoas estão questionando o sentido de tudo. Segundo levantamento de brand builders e criadores de experiências, 41% da força de trabalho está pronta para fazer mudanças radicais de carreira.
As pessoas estão com mais tempo para parar e pensar o porquê de fazerem o que fazem, agirem como agem e questionarem se precisam e o quanto precisam de tudo que antes era parte do dia a dia. Assim, as marcas precisam entender o novo consumidor e fazer o mesmo processo de interiorização, entender o seu DNA e expor de forma clara a que veio e, certamente, será julgada pelo consumidor muito mais consciente agora.
Natasha de Caiado Castro é fundadora e CEO da Wish International, especialista em inteligência de mercado, Content Wizard e Investor. É também Board Member da United Nations e do Woman Silicon Valley Chapter.