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Afinal, o Metaverso é modismo ou uma realidade?

Apesar de estar em evidência, o conceito ainda precisa de tempo para ganhar espaço entre pessoas e empresas, afirmam especialistas

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Afinal, o Metaverso é modismo ou uma realidade?
1 de 1 Afinal, o Metaverso é modismo ou uma realidade? - Foto: XR Expo/Unsplash

Nos últimos anos o termo metaverso tem sido mencionado com frequência e seu desenvolvimento abraçado por grandes empresas. Contudo, pouco se fala sobre o que é efetivamente e quais suas implicações práticas em nossas vidas.

Em essência, diz respeito a tecnologias que tentam replicar a realidade ou criar uma realidade alternativa por meio do uso de dispositivos e ambientes digitais, esses podendo ter diversas formas, desde jogos a salas de reuniões interativas. Dito isso, o termo não se refere a uma única tecnologia ou uma única empresa, e sim a ambientes virtuais que dispõem de um grau de imersão tão alto que conseguem replicar em parte, ou em sua totalidade (e além), as interações possíveis no mundo real.

Pode-se dizer que, com a junção dos jogos eletrônicos e a internet, temos o surgimento de milhares de metaversos, onde há a possibilidade de pessoas interagirem em uma realidade alternativa. Em 2003, foi lançado o Second Life, primeiro nessa linha, jogo em que a proposta era ser uma realidade alternativa onde era possível ter muitos dos recursos e interações do mundo real em um ambiente virtual, inclusive ter um emprego e comprar imóveis. Porém, sem as limitações do mundo real. Foi o primeiro grande case, tendo inclusive moeda própria.

Nesse cenário, muitas empresas investiram fortunas para manter espaços onde pudessem vender versões virtuais de seus produtos (Nike, Adidas, Amazon, Rebook, IBM) e durante alguns meses o Second Life obteve sucesso com a sua proposta. Porém, após a adesão massiva inicial houve desinteresse por grande parte de seus usuários devido a uma série de problemas, como erotização, preço dos itens e custo das customizações, visto que tudo era monetizado.

Quais são as implicações das implicações nos negócios e na vida das pessoas?

Antes de pensarmos nas implicações e as suas próprias implicações que essa tecnologia trará no futuro, é importante entender que o metaverso é uma tecnologia disruptiva, ou seja, ela pode vir a alterar e impactar toda a nossa sociedade, assim como a internet o fez anos atrás.

Segundo Peter Diamandis e seu framework The 6D’s of Disruption, em que se pode identificar em que ponto da disrupção o metaverso está, podemos analisar que claramente essa tecnologia está na fase de Deceptive. Ou seja, estamos em uma fase em que as pessoas vão se frustrar, se decepcionar, pois é uma tecnologia que está evoluindo para se tornar exponencial e atingir seu ápice (Critical point). Ressaltamos que muitas expectativas estão sendo geradas, com grandes players inovadores entrando no jogo aumentando ainda mais o “hype” em torno da tecnologia. Mesmo ainda estando em fase de experimentação, sendo aprimorada e buscando evoluir conforme os mais “Ds” da disrupção.

Por outro lado, o que podemos prever mediante observações e análises é que a nossa sociedade mudará de forma drástica como um todo em vários setores diferentes. Tanto no aspecto social, evoluindo a relação humana e digital que serão integradas e escaladas em um novo contexto, assim como no meio corporativo, o qual impactará, mudará a forma de trabalhar e de gerar negócios. Ou seja, um novo jogo no mundo dos negócios.

Para o metaverso não existirá limites de atuação e a criatividade será exponencial. Setores de serviços e entretenimento, como viagens, festas, shows, moda, marketing digital e outros, serão reinventados e escalados para além de fronteiras, com a entrega de uma experiência totalmente inovadora e jamais vista.

Por exemplo, o esporte pode ser democratizado e inclusivo, gerando novas relações e possibilidades. Um outro exemplo bem interessante e impactante em nossa sociedade é o da saúde. Pois com um mix de tecnologias com IA, 5G, IoT e Edge computing, e o MXR, a qual é a realidade médica estendida com as tecnologias de realidade virtual, aumentada e estendida, que proporcionarão avanços no autocuidado e na relação médico e paciente com o apoio da telemedicina aplicada. Tudo isso ajudará no ganho de agilidade e assertividade que salvará vidas e mudará a forma de cuidar da saúde no mundo inteiro.

O que alguns gigantes já estão fazendo?

Alguns gigantes como Facebook/Meta, Microsoft, Nike, Disney e outros já começaram essa jornada investindo bilhões de dólares em software e hardware para essa tecnologia. Eles acreditam que as relações sociais, as reuniões de trabalho, os e-commerces, os marketplaces e a indústria de entretenimento, tudo será diferente. Em um mix contínuo de uma nova realidade, com o digital, o físico e o biológico se tornando um organismo único, integrado, imersivo e totalmente real.

Portanto, isso pode resultar em uma evolução humana e digital, sendo necessário um novo mindset estratégico para as organizações, pois tudo que conhecemos pode mudar, assim como a internet transformou o mundo, conforme citado anteriormente.

No entanto, é importante observar que esses grandes players, além de serem os mais inovadores do planeta, estão experimentando e evoluindo o metaverso, isso nos mostra que ainda existe um longo caminho a percorrer até de fato isso se tornar real. Mas uma coisa é certa, o futuro é construído e preparado agora e isso é que as empresas inovadoras/futuristas fazem e por esse motivo são bilionárias, são as protagonistas dos negócios globais e ditam as novas regras dessa economia exponencial.

A regra de ouro que devemos ter é muita atenção, o que é comum a todos os negócios, pois independente da tecnologia, dos grandes players, da era exponencial e da disrupção, todos têm como oxigênio a inovação.

O que vem além?

Ainda há grandes incertezas com relação ao seu futuro, porém algo é certo, grandes empresas como Facebook/Meta, Microsoft, Google, Nvidia, Intel, Unity Technologies, Epic Games, entre outras, estão investindo para viabilizá-lo com a junção de uma série de outras tecnologias, com destaque para Blockchain, NFTs, Realidade Aumentada, Realidade Virtual e Wearables.

Atualmente, o acesso à internet é um desafio menor do que era há anos, mas novos desafios apareceram. Recentemente, Quartz Raja Koduri, vice-presidente da Intel, citou em um artigo que um metaverso com alto nível de imersão, necessitará de cerca de mil vezes mais capacidade computacional que a atual.

Nesse sentido, é importante citarmos e entendermos duas leis essenciais para o metaverso: a primeira é que, segundo a lei de Amara, nós tendenciamos a superestimar a tecnologia em um curto prazo e subestimar a longo prazo. Ou seja, muitas pessoas e negócios se decepcionarão nesses próximos meses e anos com ele, e, por consequência, ignorarão o mesmo. Contudo, a partir disso, entre 2 e 3 anos, teremos um efeito exponencial, resultando na possibilidade futura dele se tornar uma realidade exponencial.

Isso acontece pois, de acordo com a outra lei, a Lei de Writgh de 1936, o progresso vem a partir da experiência. Isso quer dizer que conforme aprendemos e mais pessoas utilizam uma nova tecnologia ou qualquer coisa, mais se aprende com isso e, assim aperfeiçoando, os custos de produção diminuem e então fica acessível para mais gente, tornando-se um fluxo contínuo.

Sendo assim, o grande recado aqui é que as organizações devem ficar alertas, façam follow up contínuo e experimentem, dediquem um pouco de tempo, se envolvam com o metaverso, sem grandes expectativas a não ser aprendizado nesse momento inicial. E logo mais, quando isso disruptar, esse tipo de organização conseguirá ditar as regras do jogo. Dessa forma, o segredo é que as organizações devem ser ambidestras, executar e, ao mesmo tempo inovar e explorar, para não perderem a sua relevância.

* Este artigo foi escrito em conjunto pelos especialistas Leonardo Souza, gerente de Transformação Digital, e Cristiano Silva, Head de Arquitetura, ambos da AP Interactive.

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