Quando o atacante Neymar comprou duas artes da coleção Bored Ape Yacht Club — um dos mais populares NFTs (sigla para “token não fungível”, na tradução literal) —, muita gente não fazia ideia do que se tratava. A imagem de um macaco mascando chiclete e usando chapéu de festa infantil foi direto para o avatar do jogador em suas redes sociais.

O tempo passou, a foto de perfil já mudou, mas uma coisa segue a mesma: ainda é difícil explicar o que é — e para que serve — um NFT para o grande público.

Até mesmo em um evento repleto de especialistas, técnicos e executivos, essa questão não é 100% fechada. O evento convidou a CEO do Yuga Labs, Nicole Muniz, para detalhar esse ponto. Foi justamente a empresa que criou a coleção dos símios entediados e atraiu, além do craque brasileiro, compradores como Justin Bieber e Madonna.

Em seu painel no terceiro dia do evento, a primeira pergunta já foi direto ao ponto: afinal, qual a diferença entre um NFT e um superfaturado JPG, o formato de arquivo mais popular para imagens?

A principal diferença, segundo a executiva, está no direito à posse. “Tudo o que fazemos é baseado em propriedade. Se você possui algo, como uma camiseta, pode fazer o que quiser com ela. Temos uma visão de futuro em que pessoas vão ter esses ativos para utilizar da forma como bem entenderem, principalmente monetizando-os”, pontuou a CEO.

Período de maturação

Mas, exatamente quando isso vai acontecer? Para muitos, o universo das NFTs ainda é etéreo, aparentemente sem grande aplicação prática. Na avaliação da Head of Strategy and Growth da Brivia, Paola Müller, profissionais e empresas precisam estar atentos justamente nesse período de maturação — fundamental para a apropriação do assunto.

 

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“Há discussões que apontam que os NFTs começarão a ser mainstream em oito a dez anos. Essa é uma jornada longa, mas já vemos aqui no Web Summit muitas discussões descentralizadas tendo Web3, Metaverso e NFTs no centro da conversa. Isso é um indicativo importante”, ressalta.

Por maior que seja o ceticismo sobre o tema, uma coisa é certa: ainda falaremos muito sobre o macaco fumante. Ele pode ser tão banal quanto um simples JPG — ou, ainda, representar o futuro.

*O portal Metrópoles está presente na Web Summit 2022, em Portugal. A curadoria da cobertura tem a assinatura da Brivia, com geração de conteúdo da Critério — Resultado em Opinião Pública.