A transformação que já bate à sua porta
Rastreabilidade e confiança são palavras comuns quando se fala de redes descentralizadas, avalia Felipe Seibert, da Brivia
atualizado
Compartilhar notícia
Estamos fechando o primeiro semestre de 2022, e muitas frentes de inovação e afirmações são percebidas. Artigos, eventos, cursos, redes sociais… na batida percebida em tudo que é lido, pessoas invariavelmente sempre estão no centro de tudo, assim como as experiências que as mesmas enfrentam com as marcas. Blockchain continua sendo pauta como tendência de transformação digital, assim como todo ecossistema de tokens, governança e sua inegável qualidade de tornar acessíveis e descentralizadas as informações.
Blockchain como meio para democratizar serviços
Rastreabilidade e confiança. Singularidade e escassez. Palavras como essas serão cada vez mais comuns quando falarmos de redes descentralizadas, uso de contratos inteligentes e toda liberdade (e transparência) que as Blockchains começam a oferecer.
Falando um pouco sobre o conceito e o momento que estamos vivendo, poderíamos dividir a internet em três grandes fases:
-
Web 1.0: internet do conteúdo estático. Pouca interatividade dos usuários.
-
Web 2.0: web como plataforma. A revolução dos blogs e chats, das mídias sociais colaborativas, das redes sociais. As grandes empresas (como Facebook e Google) monetizaram a informação.
-
Web 3.0: descentralização da informação e o usuário como proprietário dos seus dados e ativos digitais. É uma internet mais estruturada semanticamente. É a informação de forma organizada para que não somente os humanos possam entender, mas também as máquinas — colaborando no processo de pesquisas e perguntas com uma solução concreta e personalizada. Aproximação com a inteligência artificial. Experiência personalizada e publicidade baseada nas pesquisas e no comportamento de cada indivíduo.
Estamos vivendo um momento brutal de novidades tecnológicas, e é natural que as pessoas estejam com dúvidas e sintam aquele desconforto sobre não conseguir acompanhar o fluxo. É preciso respirar, estudar e aos poucos experimentar. Mas, antes de mais nada, conscientizar-se de que a mudança está na nossa frente e disponível. Pelo menos para quem está próximo do assunto, sabe o quão transformador pode ser toda a cadeia da Web 3.0.
Quando surgiram as primeiras criptomoedas, gerou-se (ainda gera) uma grande dúvida de uso e compreensão do conceito de oferta e demanda. Quando apareceram as primeiras citações de Blockchain, surgiram os questionamentos naturais de aplicabilidade. E agora estamos ouvindo pela mídia muito sobre NFTs. À medida que as pessoas começarem a perceber valor nas aplicações (e a clareza sobre propriedade, confiabilidade, segurança e consenso), diversos projetos estarão surgindo, com novas iniciativas de contratos inteligentes e amarrações de negócio reais.
Mas vamos à alguns exemplos de uso de Blockchain:
- Criptomoedas: a primeira e principal aplicação da tecnologia Blockchain é no mercado das moedas digitais.
- Sistema de pagamento.
- Rede de dados armazenada em nuvem, de forma descentralizada, no mundo todo (sem vínculo com grandes players de hospedagem).
- Smart contracts (contratos inteligentes) e sua aplicabilidade infinita.
- Tokenização de ativos.
Além das criptos como uso de dinheiro real e uma forma alternativa de troca de valor, podemos dizer, e sem medo de errar, que os contratos inteligentes (redes que trabalham com smart contracts) serão o grande boom dos próximos anos. O mercado financeiro será altamente impactado. Uso de Blockchain para captação de investimento, criação de stock options na forma de tokens não fungíveis, empréstimos, plataformas de liquidez, renda passiva em staking… os cenários não terminam. E aqui, novos termos e jargões começam a fazer parte do nosso vocabulário.
Tokens não fungíveis (um tipo de token que roda na rede Ethereum no formato ERC 721) abriram possibilidade para os NFTs. É um conceito da singularidade e escassez citado no início. O mercado de arte e da música foram os primeiros a amarrar a revolução sobre propriedade e como gerar receita sem depender de terceiros.
Criadores de conteúdo sempre dependeram das plataformas para recebimento de receita. Já existem processos de tokenização e antecipação de royalties direto para carteiras dos geradores de conteúdo, assim como alternativas de navegadores. Um deles é o Brave, que atualmente é o único que adota o modelo de negócio pay-to-surf, bloqueando anúncios e rastreadores de sites — e recompensa os usuários com seu próprio token “BAT”. Cada token é um ativo digital, passível de negociação e transferência. Muitos deles oferecem a possibilidade de migração para moeda fiduciária local (como nosso Real).
No mercado agro, há processos que facilitam a exportação de produtos, conectando o negócio do produtor local. Geram, assim, a garantia para o comprador internacional sobre a procedência do produto, expondo em Blockchain a cadeia toda de construção, segurança e manejo.
Aliás, Blockchain irá revolucionar a forma como realizamos negócios, como realizamos troca e como nos aproximamos uns aos outros na base da geração de confiança. E tudo isso sem a necessidade de terceiros no processo — e, sim, contratos inteligentes. São os famosos smart contracts, já citados das redes descentralizadas.
Um outro conceito mais futurista, mas que aos poucos também começa a materializar-se pelo uso de Blockchain e seus contratos inteligentes, são as DAOs. A principal ideia por trás de uma DAO (ou uma Organização Autônoma Descentralizada) é estabelecer uma empresa ou organização que possa funcionar sem gerenciamento hierárquico.
Para entrar nesse mundo, começamos a falar na existência de tokens de governança e que, aos poucos, mudarão totalmente a percepção de modelo democrático. A compra de cotas, direito a votos, organização de todas regras de negócio, entre diversas combinações sobre o controle e decisões da empresa, serão alguns cenários que as DAOs começam a fornecer como opções — e quem sabe para um futuro bem próximo.
Fora a visão de aplicações, temos um outro ponto que é a segurança. É um assunto sensível no meio digital. A usabilidade precisa evoluir para deixar amigável tanto carteiras como sites de marketplace. Muitos casos de fraude, sites fakes, phishing estão presentes. Lembre-se que você é o proprietário e dono da informação. Não existe um 0800 ou SAC para ligar se você perder suas criptos, equivocar-se na compra de um NFT ou assinar algum contrato e perder acesso. Sua carteira é a sua base de amarração da informação.
Aliás, o assunto “carteira ou simplesmente wallet se tornará” tão usual quanto citar “agência e conta corrente” dentro de um banco. Usar uma carteira da Metamask hoje em dia (só para pegar um exemplo famoso em Blockchain do momento) é o mesmo cenário dos anos 90, quando enviávamos um e-mail e depois ligávamos para ver se a pessoa recebeu de fato a mensagem. Existe insegurança no processo. Tem uma bela estrada de construção e confiança pela frente.
Interessante as pessoas começarem a acostumar-se (e quem sabe gerar o desejo de estudo) sobre redes que, aos poucos, começam a aparecer aos nossos ouvidos: Ethereum é a mais famosa e com maior volume de aplicações. Mas Solana começa a despontar com o vínculo de criação de NFTs e jogos play to earn (jogue para ganhar $). As taxas de transferência são mais baixas que as do Ethereum, gerando o desejo de desenvolvimento pelos times técnicos.
Transformador. Todos nós estamos com aquela ansiedade natural sobre o novo. Seja para transformar seu negócio, seja para gerar serviços atualizados para os nossos clientes. E, claro, nós como cidadãos que serão impactados no dia a dia. O processo é divertido. Baixe uma carteira, compre sua primeira cripto, estude sobre NFT e surfe essa onda que já possui muito conteúdo disponível.
Pessoas como centro, dados públicos e construção sustentável
Existem diversos assuntos e cases de sucesso quando falamos de big data ou cuidados com meio ambiente. E, no fim das contas, sempre existe um foco importante na facilitação do usuário. O ser humano, o cliente, o indivíduo como foco para agradar, conquistar e transformar.
Os times de bancos digitais falam muito sobre o cuidado das experiências geradas e como cada etapa da jornada de uso de um app, por exemplo, conta para conquistar ou perder um cliente. Tudo é relação com a marca, e as empresas precisam cuidar e pensar muito sobre o que sacrificar no processo de desenvolvimento de seus canais. Retirar uma funcionalidade para vencer um prazo pode custar caro no futuro. Muitas vezes, lançar um produto um pouco depois e, assim, manter a integridade de soluções planejadas é melhor que lançar logo e não atender a demanda desejada de interação.
O meio digital trabalha com pessoas. São serviços que dependem de mentes humanas, e o cuidado sobre como tratar os funcionários (pessoas) é pauta recorrente também. Mantenha a pessoa feliz, oferecendo opções de cargas horárias, trabalho remoto e tudo que possa atrair talentos. Time é o melhor ativo que uma empresa pode ter. Básico, porém sempre importante.
Vale a citação aqui, também, sobre os dados populacionais que começam a tornar-se públicos dentro do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. As frentes de tecnologia do Estado, lideradas pela PROCERGS, trabalharam em diversos indicadores públicos e datalakes que geram informação agrupada e real sobre acidentes, chamados policiais, população, trabalho e outras frentes de KPI. Desde que não ultrapassem informações privadas, evidentemente, tornam-se acessíveis para empresas de tecnologia e análise de dados usufruírem. E, com isso, as tomadas de decisão embasadas em dados começam, cada vez mais, a ser a regra e não a exceção.
Um outro olhar, que foge um pouco do cenário digital, mas que traz o debate sobre sustentabilidade, tecnologia e design em construção, é o posicionamento da Plant Prefab, cujo CEO é o Steve Glenn. Uma empresa que trabalha com pré-fabricação para a construção. Mas detalhe: com altíssima qualidade de design e cuidados com o meio ambiente. Não estamos falando apenas de peças pré-moldadas com cara do jogo LEGO e, sim, peças pré-moldadas com uma diversidade de criação muito grande, cuidado sobre usabilidade, transporte, escalabilidade e reaproveitamento. Um formato de construção preocupado com meio ambiente e que gera a facilidade de construção em um tempo muito curto.
São todos elementos que comprovam: a transformação já bate à sua porta.
Felipe Seibert Cezar é Head of Project Management da Brivia.