metropoles.com

A publicidade como um cadáver que nos faz refletir

Na indústria de comunicação há 19 anos, Rafael Augusto aborda como as fórmulas convencionais não ajudam mais no engajamento das marcas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
comercial22
1 de 1 comercial22 - Foto: Divulgação

Em meados de 1999, ao ingressar na faculdade de publicidade e propaganda, me deparei com um livro que marcou e continua me motivando a pensar, cada vez mais, sobre a nossa indústria de publicidade e propaganda. É o livro do publicitário e fotógrafo Oliviero Toscani, intitulado A publicidade é um cadáver que nos sorri, escrito por ele em 1995.

Penso que muito da essência ali contida no livro e base do seu trabalho para a marca de roupas Benetton, marcou uma geração de futuros publicitários. Toscani menciona que as fórmulas que são vendidas nos comerciais, que “vendem” a felicidade, nunca fizeram sentido e estão gastas, mas continuam a ser usadas por muitas marcas em suas comunicações. Estamos falando da década de 90, onde o ambiente digital avançava, mas com uma menor presença em nossas vidas e uma fragmentação da mídia em menor pulverização que observamos hoje. Para Oliviero, a publicidade estava com déficit de criatividade, muita exclusão, racismo e pouco persuasão, segundo seu ponto de vista.

Avançando para os dias atuais, observando os movimentos de posicionamento das marcas nesse ambiente multifacetado de meios e possibilidades de chegar até seu público-alvo. Muito do que vem sendo discutido nos últimos encontros, eventos (Maximídia, CMO Summit, Smart Innovation, Web Summit) e debates sobre a linha de fala das marcas pós-eclosão de uma pandemia que mexeu com o mundo inteiro vem de encontro ao propósito da marca para com a sociedade e seu posicionamento sobre temas relevantes que enfrentamos, não só com questões de saúde, mas também sociais e humanas.

Certamente uma pergunta reverbera entre os CMO´s de diversas marcas pelo mundo: O que o consumidor espera das marcas atualmente? Nas campanhas publicitárias, as pessoas querem ver mais o propósito e o posicionamento das marcas do que a venda por si só. Segundo a pesquisa COVID-19 Barometer, da consultoria Kantar, o público quer saber o que as marcas estão fazendo para ajudar os seus funcionários (78%), o cliente (71%) e a comunidade (75%). Apenas 28% esperam ver publicidades “convencionais”. É nítido, pelos estudos e debates recentes, que o público quer se envolver com marcas com maiores propósitos sobre temas relevantes da sociedade.

Muito do que Oliviero Toscani buscou lá atrás e conseguiu executar em suas campanhas dependeu da gestão das marcas que aceitaram seguir essa linha de comunicação. Sabemos, não é fácil. Entender que a publicidade pode, sim, também discutir diversidade, ser mais inclusiva e transformadora, além de apenas reforçar os atributos de seus produtos é inspirador.

Segundo a consultoria Mckinsey, em um levantamento de 2020, os negócios que possuem na sua estratégia essa abordagem geram mais lucros e engajam mais seus funcionários. Quem sabe não teremos pela frente uma publicidade que, além de nos fazer sorrir, não transforma e inspira mudanças em nossas vidas para um mundo mais tolerante e com propósitos sociais em evidência?

Rafael Augusto é diretor comercial do Metrópoles e mestre em comunicação social pela Universidade Católica de Brasília com dois MBAs, um deles em Gestão Estratégica de Marketing, pela FGV, e outro em gestão de negócios, pela Dom Cabral. Atua na indústria de comunicação de Brasília há 19 anos, sendo três deles na ex-agência de publicidade Grupo 108 de Comunicação e 16 anos no Diários Associados. Há seis anos é professor executivo da Fundação Getulio Vargas.

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?