A internet é um recurso valioso quando os encontros são limitados?
Gui Rios, fundador da SA365, revela o aumento em mais de 120% nas pesquisas relacionadas à saúde mental em redes sociais
atualizado
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A quebra de rotina imposta pela pandemia trouxe novos desafios quando o assunto é a saúde mental das pessoas. Atividades e encontros, que antes eram vistos como válvulas de escape no cotidiano, foram restringidos ou proibidos. Do convívio com a família, amigos ou até colegas de trabalho, tudo mudou. Mas onde pode estar o suporte se o convívio está limitado? Sem ele, é claro o risco de desenvolvimento ou agravamento de doenças como ansiedade e depressão.
De acordo com estudo que fizemos na subdivisão Health+Life da agência SA365, foi possível visualizar um aumento expressivo, cerca de mais de 120%, nas pesquisas relacionadas à saúde mental em redes sociais e mecanismos de busca no Brasil e em Portugal durante o ano de 2020 e 2021.
Entre os destaques no cenário nacional está o fato de pesquisas sobre ansiedade terem saltado de 246 mil pontos, em novembro de 2019, para 370 mil pontos, na tendência de buscas do Google, entre os meses de abril a julho de 2020. Esse cenário foi acompanhado por uma diminuição na procura por termos ligados à depressão no mesmo período, com queda de 370 mil para 280 mil.
Já no primeiro semestre de 2021, houve uma mudança em partes das pesquisas. As buscas sobre depressão voltaram a estar mais associadas aos termos relacionados à saúde mental do que à ansiedade.
Isso nos traz dois insights importantes. Primeiro, que no período de maior restrição a busca pelo diagnóstico foi menor. Como a busca por alguns sintomas foi maior, provavelmente muitas pessoas sofreram sozinhas, sem orientação profissional. Por outro lado, reflete a importância da internet nesse cenário, já que as pessoas têm buscado soluções para aprenderem a lidar e até saber onde procurar ajuda sobre as doenças.
Em 2021, os principais assuntos relacionados às pesquisas sobre saúde mental foram: transtorno mental, saúde, saúde física e doenças. Além disso, também ganharam destaque os temas pandemia, fadiga e estigma social. Esses últimos nos fazem reparar que a busca também está relacionada ao que as pessoas estão sentindo, a curiosidade em saber o que os sintomas querem dizer.
É importante ressaltar que também é possível observar que, hoje em dia, a romantização desses temas é quase nula, pois existe uma preocupação maior e real tanto para quem procura pelo assunto quanto para quem convive com pessoas que estão enfrentando algum tipo de problema relacionado à saúde mental. A busca é por tratamento, profissionais da área ou até em como ajudar um colega ou familiar que está passando por tal situação.
No entanto, aqui se registrou uma diferença entre os públicos brasileiro e português: a repercussão midiática no país europeu direcionou a atenção para o debate de saúde pública, com enfoque maior nos sintomas. Isso diferiu do que se observou no Brasil, onde a cobertura da imprensa se concentrou mais nas histórias e relatos de celebridades que tornaram seus casos públicos.
Seja como for, é importante manter o assunto em pauta por muito tempo e reforçar que buscar ajuda é a melhor forma de encontrar soluções para lidar com a doença. Cabe aos profissionais e empresas de saúde modernizarem a maneira de oferecer informação útil e ajuda para uma nova realidade de buscas, muitas vezes solitárias, na internet. Lembrando que só um profissional da saúde poderá direcionar os casos da melhor forma para um tratamento efetivo.
Se você está passando por um momento difícil ou conhece alguém nesta situação, disque 188 e fale com o CVV – Centro de Valorização da Vida, para apoio emocional e prevenção ao suicídio.
Gui Rios é fundador e diretor-executivo da agência SA365, que atua no Brasil e em Portugal.