A inovação que vem de Omã
Em um ecossistema de inovação quase inexistente, a jovem Mariya criou uma medtech voltada a testes genéticos feitos em casa
atualizado
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Diversidade, diversidade e diversidade. Eis um termo que esteve presente de forma massiva nos dias de programação do Web Summit. Ao buscar-se pela palavra no app oficial do evento, apareciam quase 60 palestras sobre o tema. Para além dos palcos, essa foi uma característica marcante também entre as mais de 1.500 startups inscritas na programação.
O encontro também oferece oportunidades de conhecer empreendedores de locais bem distantes – não apenas geográfica, mas também culturalmente. No terceiro dia, uma jovem de 29 anos especialista em genética fazia pitches sobre a startup para visitantes de todo o mundo. Mariya Al Hinai vem de uma nação com pouca tradição na nova economia: o Omã.
Localizado na Península Arábica, possui em torno de 5 milhões de habitantes. “Nós temos um ecossistema muito novo, que ainda é pequeno. Talvez você nem possa chamá-lo de ecossistema. Mas, por ser um mercado pequeno, você consegue testar mais facilmente lá. E, depois, ir para outros países”, conta Mariya, que veio em um grupo de 50 omanenses que são apoiados por um fundo governamental voltado a estimular negócios tecnológicos.
Da faculdade ao novo negócio
Vestindo hijab e com inglês fluente, ela criou uma startup focada em testes genéticos para árabes de todo o planeta. “Atualmente, estamos subrepresentados quando o assunto é dados genéticos. Isso faz com que diagnósticos, tratamentos e terapias não sejam tão precisos quanto deveriam. E nós estamos tentando preencher esse gap nos dados disponíveis”, explica a cofundadora da Shafra.
A ideia surgiu quando Mariya ainda estava na faculdade, numa época em que os testes genéticos estavam se tornando populares. “Eu sabia que, por causa do meu background, se mandasse uma amostra para as empresas, os dados que voltariam não seriam tão exatos”, recorda a empreendedora.
O processo é simples: o cliente coleta sozinho, em casa, uma amostra de saliva. “Isso torna menos invasivo, não dói, além de ser mais fácil. E não é preciso esperar nos hospitais”, detalha. Após essa etapa, só é preciso enviar o kit de volta para a Shafra, que faz todo o sequenciamento de DNA e faz a análise. A partir dessa avaliação, a medtech fornece insights sobre dieta e fitness. “Nós teremos diagnósticos de saúde em breve”, complementa.
O negócio ainda não foi lançado no mercado. Mas alguns usuários já usaram o produto e, segundo a executiva, o teste foi bem-sucedido. Até o momento, gerou 12 mil dólares em vendas. Cada kit básico deve custar em torno de 300 dólares, com a versão mais completa chegando a 500 dólares.
Com a população árabe estimada em 436 milhões de pessoas, Mariya Al Hinai parece ter encontrado um nicho de mercado. Um nicho gigantesco para a startup.
O portal Metrópoles está presente no Web Summit 2021, em Portugal. A curadoria da cobertura tem a assinatura da Brivia, com geração de conteúdo da Critério — Resultado em Opinião Pública.