A influência do Brasil real na construção de conteúdos de qualidade
Felippe Guerra, diretor-executivo da Mynd, deu dicas de como entregar uma boa narrativa usando a realidade do país
atualizado
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(Gramado, RS) Nos últimos tempos, as marcas viram o surgimento de um novo tipo de consumidor. A nova geração agora busca identificação com as campanhas publicitárias e com os produtos.
Diante desse cenário, foi debatido nesta quinta-feira (13/4) durante a Gramado Summit — um dos maiores eventos de brainstorming da América Latina, que ocorre em Gramado, no Rio Grande do Sul até esta sexta-feira (14/4) – o tema “A potência criativa de um Brasil real”.
Um dos convidados de hoje do Palco Share foi Felippe Guerra, diretor-executivo da Mynd, agência de Marketing de Influência.
Na oportunidade, Guerra explicou o que é o Brasil real. “O Brasil real é o país do meme, da Joelma, do pagode e da Xuxa. Conversar com o Brasil real é um ótimo negócio. Mas, infelizmente durante muitos anos, esse Brasil foi inviabilizado e escondido. Todos aqui assistiam a uma novela da Globo apenas mostrando o Leblon e a Helena. Dessa forma, muitos outros artistas gigantescos, por exemplo, ficaram escondidos e inúmeras pessoas começaram a não se ver nesses conteúdos.”
Guerra também dividiu as experiências dele e o que tem vivido no mercado, principalmente quando atuou no ramo de trade marketing e em empreendimentos fora do Brasil. “Quando retornei ao país, após morar no exterior, percebi que o poder da nossa população é muito grande e temos um continente com inúmeros polos, fator que gera um potencial gigantesco de negócios para a construção de conteúdos riquíssimos”, garantiu o executivo.
Desde o retorno ao Brasil, o publicitário contou que tem se dedicado à distribuição de histórias reais pela Mynd e na Brasis, consultoria que levanta a bandeira do país real no mercado de comunicação.
Durante a apresentação, ele deu dicas preciosas de como construir uma boa narrativa. Confira:
- Identifique elementos-chave da narrativa original e busque enredos do cotidiano.
- Crie conteúdo adicional que expanda a narrativa.
- Tenha uma estratégia de distribuição de conteúdos e trace os principais canais em que serão distribuídos, como redes sociais e televisão.
- Busque identificar oportunidades para criar produtos relacionados.
- Faça uma comunidade em volta da narrativa.
- Conecte o produto da sua região ao consumidor, pois essa iniciativa gerará bons resultados. Quando uma marca sai de uma referência muito pasteurizada, o post ou o vídeo cria conexões e, consequentemente, será lembrado.
- Busque construir times com histórias diversas, pois eles criam uma fricção que gera excelentes projetos e boas visões, além de ajudar na criação de conteúdos inovadores.
- Faça conteúdos leves que entretenham a pessoa, mas que, ao mesmo tempo, leve educação.
- Não desperdice conteúdos nessa ânsia de ficar produzindo desenfreadamente e a todo momento.
Segundo Guerra, a partir dessas premissas, a marca ou o produtor de conteúdo consegue desenvolver várias entregas. “Com uma única ideia dá para monetizar em canais, como podcasts, sites, produtos físicos, digitais e, principalmente, nas redes sociais. Várias vezes, escutamos que temos que construir narrativas em vários canais, o que pode ocasionar na perda da raiz do nosso produto e o desperdício de tempo. Não adianta desenvolver todos esses produtos e disseminá-los no mesmo momento. Busque desenvolver a história, planeje datas e organize”, aconselhou.
Acesso a dados
O Brasil é o terceiro maior consumidor de redes sociais do mundo. O dado é de uma pesquisa feita pela Comscore, que constatou que YouTube, Facebook e Instagram são as mais acessadas pelos usuários brasileiros, com alcance de 96,4%, 85,1% e 81,4%, respectivamente.
“Hoje há mais aparelhos celulares no Brasil do que brasileiros, mas existe uma grande barreira em relação ao acesso de dados. Isso porque, menos de 20% da nossa base é pós-pago, fator que limita. Então, automaticamente, isso faz com que a pessoa escolha o tipo de conteúdo e o momento em que ela vai consumi-lo”, assegurou. “O ponto de contato e os principais canais de distribuição de conteúdo no Brasil ainda são a TV aberta e o rádio. Não é o metaverso, muito menos a Web3.”
Por fim, Guerra lembrou de uma grande campanha feita pelo Tribunal Superior Eleitoral, que incentivava que os jovens tirassem o título de eleitor. “O material foi distribuído pelo WhatsApp e YouTube com uma linguagem adaptada aos jovens, buscando referenciais do dia a dia com a inclusão de personagens diversos de diferentes cantos do país”, reiterou.
Para essa campanha, em específico, nomes influentes como Anitta, Juliette e Inês Brasil publicaram sobre o assunto nas redes sociais delas como forma de se conectar com o público jovem. “A campanha aumentou em 47,2% a adesão de jovens a tirarem o título de eleitor”, apontou.
Onde encontrar boas histórias?
Feita a organização e o planejamento, é hora de começar a encontrar boas histórias para contar. Sejam elas de entretenimento ou provenientes de campanhas publicitárias. Mas onde encontrar narrativas? Seria no ChatGPT?
Felippe Guerra é categórico: “Você vai encontrar no Brasil real. Tente encontrar histórias em volta de você. Saia da bolha e se provoque. Eu, por exemplo, sou muito observador por onde ando, porque é através do comportamento das pessoas que se consegue boas histórias”, afirmou.
Por que um podcast?
Antes da palestra “A potência criativa de um Brasil real”, Diego Vinhas, empresário e criador do Vinhas Cast, palestrou sobre o conteúdo semelhante ao de rádio, conhecido como podcast. O formato tem ganhado cada vez mais notoriedade. Inclusive, pesquisas apontam que mais de 30 milhões de brasileiros o escutam.
O empresário, que já gravou mais de 90 episódios com entrevistados de peso, iniciou a produção no formato durante a pandemia da Covid-19 apenas com o celular, entrevistando um profissional de acupuntura.
“Logo depois, o trabalho foi tomando forma e consegui comprar alguns equipamentos e a fazer bastante networking, fator extremamente importante para quem trabalha nesse ramo. Em seguida, conversei com várias pessoas que gravavam podcast, mas percebi que a maioria delas não tinha conhecimento sobre”, rememorou Vinhas.
Vinhas também deu conselhos para quem deseja iniciar um podcast. A dica é clara: apenas comece e não espere equipamentos caros ou de ponta.
“Ninguém inicia um podcast assim. Tenha sua gestão de tempo, monte os equipamentos a serem utilizados, preste bastante atenção ao fazer o texto e os cortes e, principalmente, agende com os convidados. Ser um bom podcast é ser um bom ouvinte”, finalizou.
Cobertura do Metrópoles
Desde o primeiro dia, o Metrópoles entrega matérias e conteúdos para as redes sociais exclusivos de dentro da Gramado Summit. Contudo, em breve, mais um braço dessa cobertura chegará ao portal: o videocast “Nasce uma Ideia” – produzido em parceria com a Star Produtora.
Em um espaço dentro do evento, o Metrópoles montou um verdadeiro estúdio para entrevistar grandes nomes do empreendedorismo. O local também serve para o descanso e a recarga de celular dos presentes.