A importância do briefing na era da inteligência artificial
Roberta Castelini, CEO da agência Frat, explica como o briefing ganhou nova camada de significado, passando a ter papel determinante
atualizado
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Nos últimos anos, o briefing evoluiu de ferramenta essencial para alinhar expectativas e garantir a qualidade na execução de projetos criativos para um componente crucial do planejamento estratégico, ainda mais vital na era da inteligência artificial (IA).
No passado, o documento era considerado, principalmente, um guia para equipes criativas humanas, alinhando expectativas, definindo metas claras e guiando o desenvolvimento de campanhas e projetos.
Extrair o briefing dos clientes e garantir que chegasse às mãos dos criativos de forma clara e organizada era essencial para a execução do trabalho com qualidade.
Agora, o quadro muda com a ascensão da IA. O briefing ganha nova camada de significado, passando a ter papel determinante como um conjunto estruturado de dados a serem interpretados para obtenção de insights.
A maior potencialidade desse novo status reside na interseção entre criatividade humana e tecnologia avançada.
A evolução abrange novos desafios e oportunidades apresentados pelo novo momento, facilitando a colaboração entre humanos e sistemas, bem como o delineamento de papéis e responsabilidades, de forma que ambos interajam e se complementem de maneira sinérgica.
As novas ferramentas oferecidas pela IA avançaram exponencialmente, mas não têm a capacidade de interpretar informações de forma subjetiva como os humanos costumavam (e ainda deveriam) fazer.
Essa habilidade, muitas vezes, era prática rotineira em agências ao longo das décadas e não deve ser negligenciada, mesmo com os avanços tecnológicos.
A IA não oferece a flexibilidade usual do passado, quando profissionais criativos contornavam escopos deficientes apenas com a habilidade de adaptação. Ela requer informações claras e precisas para executar as tarefas de maneira eficiente.
Com as ferramentas tecnológicas agora disponíveis, as empresas podem segmentar e personalizar campanhas de maneiras inimagináveis anteriormente.
No entanto, esse potencial requer instruções iniciais claras e detalhadas para garantir que os algoritmos entendam corretamente as nuances do público-alvo e objetivos da marca.
A interseção entre criatividade humana e tecnologia avançada não apenas melhora a eficiência operacional, mas promove a inovação ao combinar insights humanos com capacidades analíticas computacionais.
Embora a IA ofereça muitos benefícios, não podemos deixar de falar que sua aplicação levanta questões éticas significativas.
Dessa maneira, um briefing abrangente deve incluir diretrizes claras sobre o uso ético dos dados e a transparência na aplicação de algoritmos para garantir a confiança do público e o cumprimento das regulamentações.
Enquanto a tecnologia transforma a maneira como criamos e executamos campanhas, a importância de um bom alinhamento inicial é algo conhecido e discutido há bastante tempo nas agências, a fim de garantir base sólida de entendimento e direcionamento estratégico.
Investir na excelência desse documento na era da IA se tornou crucial, ao fortalecer a capacidade de inovação e adaptação às demandas do mercado em constante evolução.
Roberta Castelini é CEO da agência Frat.