O canal Põe na Roda traz atualizações e muito humor do mundo gay. Criado no final de 2014, o perfil se repaginou nos últimos meses e trouxe um formato de pequeno telejornal, em que o idealizador do projeto, o roteirista Pedro Henrique Mendes Castilho, 35 anos, o Pedro HMC, mostra tudo sobre o “vale dos homossexuais”.

A proposta é trazer as novidades sobre famosos — e não tão famosos — do meio, o que pode e o que não pode ser falado nos dias atuais. A coluna conversou com o Pedro, que nos explicou que o canal veio da própria necessidade de produzir um conteúdo específico para a comunidade. “Pensei no que eu gostaria de assistir. Como homem gay, me sentia pouco representado pelo que via na mídia.  Até 2014, por exemplo, nem beijo gay em novela tinha e diversidade era pouco discutida, então, achei que poderia falar desse universo em um canal na internet, com toda liberdade que a web proporciona. Eu trabalhava em TV, mas sabia que não haveria a mesma oportunidade ou mesmo liberdade editorial, ainda mais pra falar disso, principalmente na época”, conta Pedro.

Com a necessidade de explorar uma área com poucas produções na época da criação do projeto, o canal apresenta crescente audiência há seis anos e com vídeos que passam de 3,5 milhões de visualizações. Pedro HMC fica feliz e motivado com os números. “Acredito que a variedade de formatos de vídeos do canal (documentário, jornal, entrevistas, humor, games, viagens) seja um diferencial e que faz diversos perfis de público sempre voltarem à página e também manter quem acompanha”, completa.

O Põe na Roda tem a capacidade de emocionar e trazer histórias incríveis, como a vida da mulher trans Ana Carolina Apocalypse, que só transicionou de gênero aos 62 anos, levando esperança e abrindo mais uma possibilidade para toda comunidade LGBT.

Paulo explica que muitos LGBTs são influenciados pelo Põe na Roda. “Basta abrir qualquer inbox que ela vem cheia de histórias, de vivências, gente que ainda vive no armário, gente que saiu, gente que de algum modo foi ajudado pelo canal. E o que mais me motiva, além de números e visibilidade, é saber que a minha vida pode ajudar outras vidas de algum modo. É algo que me faz sentir útil na minha existência”, explica.

Neste último fim de semana, a internet foi tomada de comentários e muitos assuntos ligados à comunidade LGBT quando a cantora Ana Paula Valadão fez um comentário homofóbico associando os gays à AIDS. Pedro falou sobre esse episódio. ”Fico feliz de ver que, hoje, a gente se posiciona mais e faz mais barulho politicamente e tem mais consciência. Talvez, antigamente, falas absurdas como as dela passassem batido. Muita coisa passava. Embora exista ainda muita LGBTfobia, sabe-se que é errado, que é crime, e ela pode responder legalmente por isso. E parece que felizmente vai!”, afirma.

“As pessoas ainda confundem opinião com discurso discriminatório. A gente está aqui graças a gerações que deram a cara a tapa em tempos muito mais difíceis de ser LGBT. Hoje, podermos casar, ter filhos, doar sangue etc. Acredito que o papel dessa nossa geração seja efetivar na prática o que conseguimos no papel, para fazer enfim toda sociedade entender que respeito é bom e LGBTfobia é errado”, explica o youtuber.

Com 1,18 milhão de inscritos, o canal tem um lema muito engraçado na descrição: “A cada inscrito, uma lantejoula será doada para o novo casaco do Elton John”. E se depender do talento de Pedro HMC, o casaco de John vai brilhar tanto que poderá ser visto da Lua.

Com reportagem de Dan Beligoli