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Em sua coluna na edição de dezembro da revista Vogue Brasil, Xuxa reflete sobre tudo o que aprendeu ao longo de seus quase 60 anos de vida e que a levou a ser quem é hoje. A apresentadora não tem medo de admitir que errou algumas vezes e demorou a tomar certas atitudes, mas garante que está em constante evolução. Ela também trata de temas relevantes para a sociedade, como a violência contra crianças, mulheres e animais.
“Sasha era bem pequena quando fui apresentada a um projeto de lei que não toleraria violências físicas e verbais contra crianças. Tive acesso aos números de crianças que morrem no Brasil e no mundo por causa da violência, muitas delas disfarçadas de correção, educação, pois lá atrás foi dito que deveríamos bater para educar. Essa cultura se estendeu por muitos anos na escravidão, na educação, em mulheres e crianças”, comenta ela.
Xuxa, então, ressalta que o mundo está se transformando. “Estamos aqui para evoluir, aprender, mudar, para nos construirmos e desconstruirmos diariamente. Estamos caminhando: seja na vestimenta, com a moda sustentável, na alimentação, com escolhas mais saudáveis, nos vícios, como o cigarro, na educação dos nossos filhos — dialogar ao invés de bater — e o mesmo com os animais”.
Mea culpa
A apresentadora faz um mea culpa dos seus erros do passado. “Eu já devo ter ouvido muita besteira sem fazer nada ou até achado normais muitas histórias e piadas que hoje me dão vergonha. Então, aproveito esse espaço para me desculpar por erros que hoje não aceitaria. E por que isso agora? Porque aprendi, me informei e sei que estamos em evolução diariamente”.
É na fé que Xuxa se apega para acreditar nas mudanças. “O meu Deus é muito gente fina e ama todos os seus filhos do jeito que são. Esses filhos não devem estar nada satisfeitos com pessoas que se vêem no direito de julgar e condenar as outras como pecadoras ou com o povo interpretando palavras escritas e traduzidas por homens há centenas de anos dessa forma”, disse a apresentadora.
“Na verdade, o que eu queria era não só me desculpar por ser um ser humano em evolução, mas sim por não ter visto certas coisas antes. Poderia ter me tornado vegana há anos se tivesse me informado, aprendido, evoluído antes. Ouvi, falei, mas também deixei de falar tantas coisas nesses anos todos… Como me arrependo de não ter dado voz a tantas crianças abusadas. Por que não falei antes sobre meus abusos?”, questiona. Mas sabe que, hoje, nada disso passaria em branco por ela.
“Não me calarei se algum homem disser que bater em mulher é certo. Direi que a Lei Maria da Penha está aí pra mostrar que ele está errado. Não me calarei com apologia sobre maus tratos em animais, pois também é crime e a Lei existe e tem que ser cumprida. Não me calarei se vir alguém sendo homofóbico, pois homofobia é crime. Não me calarei se vir alguém desdenhando e ofendendo uma pessoa preta, pois isso é racismo e é crime”, garante.
“Não me calarei ao ouvir que Deus não ama quem não é da mesma religião, da mesma crença ou porque alguns se reconhecem em gêneros diferentes. Todos somos filhos de Deus. Ele nos ama muito. O meu Deus é amor e é essa bandeira que eu levantarei até a minha morte. Tenham certeza de que me desconstruirei sempre para me construir melhor, pois é assim que Deus quer me ver: feliz e sendo melhor a cada dia”, finaliza Xuxa.